segunda-feira, abril 25, 2005

DE QUE TIVERAM MEDO OS 115 CARDEAIS EM CONCLAVE?

Quem é que não fala e não se manifesta sobre a nomeação do novo Papa?
Do mais douto ao mais ignorante, todos se expressaram. As opiniões caíram como saraivadas: negativas - talvez a maior parte; positivas; entusiastas; prudentes, mas oneradas de receios; algumas insolentes.

Confesso que também eu fiquei desiludida. E duplamente desiludida. Primeiro, porque os senhores da Cúria Romana nunca me entusiasmaram como «papabili»; segundo, porque gostaria de ver, no trono pontifício, o ex-cardeal de Milão, Carlo Maria Martini.
Famoso biblicista, eminente teólogo, intelectual profundo, homem moderado e com uma ampla e optimista visão do mundo moderno.
Por motivos de saúde, segundo informaram os jornais, manifestara desejos de não ser eleito. Todavia, os chamados reformistas apostaram na sua eleição a sucessor de João Paulo II. Teria sido uma excelente escolha.

Elegeram o Cardeal Ratzinger – Bento XVI. Surge a pergunta: de que tiveram medo os 115 Cardeais em Conclave? Que sinal quiseram enviar ao mundo, sobretudo ao mundo católico?

A um indiscutível Martini preferiram o férreo guardião da Fé, o bastião da defesa dos dogmas católicos. E repete-se a pergunta: a ditadura do relativismo é, efectivamente, o inimigo ao qual se deve antepor uma defesa extrema?
Defesa extrema, mas…
É naquele «mas» que eu espero predomine a visão de Carlo Maria Martini.
Alda Maia

quinta-feira, abril 21, 2005

A FALTA DE CIVISMO

Quando se exprime comentários ou opiniões nos habituais meios de comunicação, normalmente adopta-se um estilo comedido, visto que é para um vasto público que se escreve.
Percorrendo certos blogues – os de nomes ilustres do mundo da comunicação ou os mais conhecidos e frequentados amiúde, deparamos com uma incivilidade, uma aspereza nos conceitos e uma falta de garbo nas opiniões expressas que, francamente, decepcionam e repugnam.
Quase me convenço que, na blogosfera, sentem-se irresponsáveis; assim, podem agir sem quaisquer freios na má educação .

Se pretendem ser lidos e comentados, não vejo por que não devam adoptar elegância e respeito numa linguagem escrita destinada a ocasionais leitores – linguagem e imagens.

Tudo isto vem a propósito da eleição do novo Papa. Em vários blogues, a grosseria e rudeza imperam. A palma vai para a fotografia de um cão (pastor alemão) a defecar e ilustrada com o seguinte texto: «O diário ateísta deseja congratular a (?) todos os católicos pelo seu novo pastor. No entanto, gostaríamos de lembrar a todos os católicos com sentido cívico e de responsabilidade individual que terão de limpar a “coisa pública” depois da volta pontificadora que ele realizar».
Texto infeliz, de péssimo gosto - ademais, escrito num português paupérrimo.

Houve um blogue que eliminou este post, em virtude das muitas críticas, e reconheceu o erro. Foi pena que outros não lhe tivessem seguido o exemplo. Mas, se calhar, até se julgam espirituosos!...
Pequenez muito própria da pedanteria sem substância e princípios.
Alda Maia

domingo, abril 17, 2005

AINDA SOBRE O LIMITE DE MANDATOS

Pelas reacções de vários autarcas, esta proposta de lei é quase vista como um atentado. Obviamente, aos interesses instalados, ao tráfico de influências, às camarilhas com robustas raízes, enfim, a tudo o que nasce e se desenvolve à sombra de mandatos prolongados. Até foram incomodar a Constituição!

Sobre os comentários do populista e ignorante presidente do Governo Regional da Madeira, nem vale a pena conceder-lhe importância. Quando abre boca, já se prevêem as insolências.

Quanto aos senhores autarcas, antes de se pronunciarem, aconselhá-los-ia a raciocinar: primeiro, como cidadãos normais; só depois, como titulares do cargo que ocupam ou pretendem ocupar.

Eu creio que dois mandatos seriam mais que suficientes; acima de tudo, para quem concorre a eleições com ideias concretas e projectos sérios. Todavia, bem venham os três mandatos, visto que existe um acordo.

Se o PSD tenciona desenvolver uma política aberta e equilibrada, discuta, com inteligência, a proposta de lei do Governo sobre a retroactividade. À luz do bom senso, não se compreende a relutância do partido de Marques Mendes em aceitá-la. Que pretendem defender? Quem pretendem defender?
Alda Maia




sábado, abril 09, 2005

LIMITAÇÃO DOS MANDATOS POLÍTICOS

O Conselho de ministros, finalmente, aprovou a proposta de limitação de mandatos políticos.
Aventaram a hipótese de retroactividade. Abandonaram essa ideia, e foi pena. Oxalá que, no Parlamento, reconsiderem e a votação final aprove uma solução que exclua, já nas próximas autárquicas, quem ocupa esses cargos há décadas.

Alberto João Jardim tornou-se insuportável para quem exige decência no cumprimento do mandato para o qual se foi eleito. Permitir-lhe mais doze anos na administração da Madeira – por muito que tal eventualidade agrade ao PSD – é uma vergonha para o País.

A ameaça de inspecção fiscal aos opositores que lhe não batem palmas, francamente, ultrapassa toda e qualquer tolerabilidade.
Mais uma vez se verifica a concentração, nas mãos daquele senhor, de poderes e decisões que nada têm que ver com uma normal democracia e que saem mesmo dos limites da legalidade.

Insisto, e escrevo-o sem ambages: o presidente do Governo Regional da Madeira é uma vergonha para Portugal.
Alda Maia

sexta-feira, abril 08, 2005

VAGABUNDEANDO POR ESSES BLOGUES

Nunca a comparação com as cerejas foi tão apropriada. Começamos a ler um blogue e os sucessivos vêm em cadeia.
A morte de João Paulo II levou-me a ler, com interesse, as referências e comentários sobre este assunto.
Fiquei com a ideia que muito do que li denotava uma certa propensão para a superficialidade e uso de lugares-comuns

Passando por http://www.abrangente.blogspot.com/, de 05/04/2005, por exemplo, fiquei perplexa com a leitura deste post: …”ver tanta gente a orar, em igrejas e em Roma, sinto que grande parte deste espectáculo serve para exibir o poder do Vaticano. Mas também a vaidade, a hipocrisia e o cinismo de muita gente que vê no Papa o santo “milagreiro, quando em boa verdade ele não passa de um cardeal de carne e osso, eleito pelos homens….”

O autor exprime-se com as certezas próprias de quem não perde tempo a observar e reflectir; apenas olha e emite sentenças; um perfeito exemplo de superficialidade à qual me atrevo a chamar pedanteria, e sem intenção de ferir susceptibilidades.

Os milhões de pessoas que se deslocaram até Roma (ou se reuniram junto dos lugares de culto das respectivas localidades), em filas quilométricas, densas e silenciosas; que esperaram horas e horas, dias, e sem dar importância ao esforço físico; tudo isto – fenómeno único que deixou espantado qualquer observador sem ideias preconcebidas – repito, tudo isto não passou de “vaidade, hipocrisia e cinismo de muita gente”, segundo o autor do post!

Gostaria de fazer-me presente nesse blogue, enviando a tradução de um editorial de Furio Colombo, publicado, hoje, no jornal italiano L’Unità:Alla folla ignota” – “À Multidão desconhecida”; um editorial esplêndido!
Mas escrevo para mim e não par me dar a conhecer; além disso, o artigo é bastante extenso.

Dei apenas um exemplo dos três ou quatro blogues que me deixaram uma impressão negativa, mas é suficiente; os outros assemelham-se.
Alda Maia



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terça-feira, abril 05, 2005

MAS QUE DERROTA!!... E QUE SATISFAÇÃO!!

Bati palmas de júbilo, tanto me é antipático o governo Berlusconi.
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Estou a referir-me às eleições regionais na Itália.
Regionais, sim, mas também um test sobre a muito discutível política de Berlusconi – mais que discutível, considero-a execrável.
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Em treze regiões, o centro-esquerda ganhou onze. Os berlusconianos só ganharam na Lombardia e na região Veneta - é nestas paragens que a Liga Norte tem mais prosélitos.
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O Primeiro-Ministro nunca aceitou um confronto televisivo com a oposição. Inopinadamente, hoje, apresentou-se no programa “Ballarò”, da RAI3, para “dialogar” com dois dirigentes do centro-esquerda – D’Alema e Rutelli. Arrogância própria do enfatuado de si mesmo e que deseja mostrar segurança.
Só assisti à última parte; chegou-me para ver confirmada (se ainda fosse necessário) a total mediocridade política do personagem. O Sr. Berlusconi, em linguagem torrencial, como é o seu costume, não se cansou de falar do um “governo virtuoso - o seu.
Por ser “virtuoso” é que perdeu. Que italianos ingratos!...
O que eu não compreendo é que significado dá à palavra virtuoso, mas os italianos compreenderam ... e aplicaram-lhe uma sonora derrota. Bravi! Bravissimi!
Alda Maia


segunda-feira, abril 04, 2005

Non Abbiate Paura … Não Temais

Há já bastantes dias que não vinha para aqui vagabundear. Os pensamentos, obviamente, tanto me diziam e muito desejariam tomar forma nestas páginas, mas faltou-me o tempo.
Hoje, aqui estou e com um grande turbilhão nestes pensamentos relativamente à morte de João Paulo II.
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Non abbiate paura; aprite, anzi, spalancate le porte a Cristo (não temais; abri ou antes, escancarai as portas a Cristo)
Esta é a frase de Papa Wojtyla que mais se ouve, nos ininterruptos programas televisivos, e que foi pronunciada no discurso de início do seu pontificado.
Não tenhais medo. Com este “não tenhais medo”, tentava inculcar a sua fé inquebrantável, as suas convicções religiosas sólidas.
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Lêem-se muitas críticas sobre o fundamentalismo do Papa Wojtyla na defesa de determinados dogmas religiosos; por exemplo: a contracepção, a fecundação assistida, etc.
É preciso não esquecer a origem do seu catolicismo: o catolicismo polaco - um dos mais intransigentes e conservadores.
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Sempre tive uma grande simpatia e estima pelo Papa João Paulo II. Poderia ou não concordar com certas posições, todavia, considero-o um grande Papa e uma personalidade excepcional.
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Houve uma exagerada mediatização à volta da sua doença, agonia e morte? Era inevitável.
Foi obstinado e tenaz nos princípios que o guiavam; nunca se deixou dominar pelas doenças que o não pouparam e os sofrimentos daí derivados. Teimosamente, continuou na sua missão de Papa; não creio que, nos últimos meses de vida, fosse manobrado pelas "eminências pardas" do Vaticano, como tantos escreveram. Quem assim se exprimiu, conhecia mal a forte personalidade de Karol Wojtyla.
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Partiu deste Mundo: boa viagem, Santidade! Estamos certos do belíssimo acolhimento que receberá.
Alda Maia
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PS. gostaria ainda de escrever sobre o muito que li, por esses blogues fora, a propósito da agonia e morte do Papa; deixarei para outro dia.