domingo, junho 24, 2007

COLISEU ILUMINADO PARA DIZER NÃO À PEDOFILIA




(Foto de "La Repubblica")


Os pedófilos querem proclamar o “Boy Love Day”.

Não há quem se não sinta enojado e escandalizado com a tragédia de tantas crianças vítimas de crimes pedófilos.
Pois bem, corre voz, na Itália, que se pretende celebrar o dia do "orgulho pedófilo".

Quis acreditar que se tratasse de um boato de mau gosto, mas, pelos vistos, parece que não é.
Perante a aberração de tais intenções, espero e desejo que se use a maior severidade em contrastar todas e quaisquer manifestações dessa corja repugnante.

O Município de Roma, para exprimir a sua discordância, decidiu iluminar o Coliseu: “uma mensagem forte em recordação e defesa das vítimas inocentes da pedofilia” - assim se exprimiu o Presidente da Câmara, Walter Veltroni.

Oxalá que outras mensagens e iniciativas – sempre fortes e bem claras - surjam em todo o país.
Alda M. Maia

terça-feira, junho 19, 2007

MÉDIO ORIENTE: BASTARIA ELIMINAR OU ATENUAR ÓDIOS

E de novo o inferno para o povo palestiniano!
E neste povo não incluo os profissionais da violência que dizem combater pelos direitos da gente a que pertencem, mas que a usa, mais como pretexto para justificar a única actividade de que são capazes, do que procurar todos os meios possíveis para tratar, com inteligência, a obtenção de um país independente a que têm direito.

Naquela desgraçada área, a única linguagem concebível é a do ódio, da vingança, da lavagem de afrontas com o sangue: dente por dente, de um lado; morte e mais morte do outro.

Na imprensa falada e escrita, quantos comentários, opiniões, vaticínios acerca da conquista de Gaza pelos extremistas do Hamas!

É consolante, todavia, ler palavras de bom senso - ou equilibradas – expressas, contemporaneamente, por israelitas e palestinianos.

De uma entrevista a Yael Dayan, escritora e filha de Moshe Dayan:

“Olho com angústia a tragédia que se está consumando entre os palestinianas. De qualquer maneira, sinto que a tragédia deles é como se fosse também a minha. Não somente pelo que poderá acontecer no futuro, mas pelo que não aconteceu, pelas ocasiões perdidas, pela cegueira política que as duas partes demonstraram.
A guerra em Gaza interroga também as nossas consciências de israelianos e coloca-nos perante os nossos erros, pois de uma coisa estou convencida: esta guerra fratricida não estava escrita no destino de um povo; também Israel tem as suas responsabilidades”


(…) “A combater nem sequer eram dez mil milicianos, mas ninguém se interessou pelo que estavam provando um milhão e trezentos mil palestinianos, reféns daquelas bandas armadas. As imagens, vistas na televisão, de mães lacrimosas e filhos aterrorizados são angustiantes. Apelam às nossas consciências; de nós, israelianos, mas também de vós, europeus: que fizemos para impedir uma catástrofe anunciada?”
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Hanna Siniora, director do “Jerusalem Times” e intelectual palestiniano:

A catástrofe está na falência de uma classe dirigente; está na incapacidade demonstrada pelos líderes dos dois grupos – Hamas e al-Fatah – de saber passar de chefes de facções a dirigentes de um Estado em formação. A catástrofe está na cegueira de Israel e na incapacidade da comunidade internacional de apreender os pontos cruciais dos acontecimentos.

(…) “O que está a acontecer em Gaza entra num plano mais geral, destinado a desestabilizar o inteiro Médio Oriente. Há quem mire a saldar três guerras civis - no Iraque, na Palestina e no Líbano – para impor a própria hegemonia. O que acontece em Gaza é a resposta ao plano saudita…
A resposta de quem armou as milícias do Hamas, de quem as financiou e treinou. A resposta de quem, no verão passado, usou o Líbano como teatro de guerra e, hoje, repete-o com a Palestina. É a resposta de Teheran”

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Certamente que a tendência actual é atribuir todas as culpas a Israel. Facciosidades e que, por essa mesma razão, nunca são lúcidas.
Que lhe cabe culpas, ninguém o nega. A retirada de Gaza, por exemplo, deveria ter sido feita de concerto com Abu Mazen. Dar-lhe-ia autoridade; diminuiria o papel dos extremistas.
Se Hamas ganhou as eleições democraticamente, boicotá-los a priori e proclamando que nunca tratariam com terroristas, cometeram um perfeito erro político.
Ora, as opiniões são unânimes: é com o inimigo que se trata, seja ele quem for. Ademais, esse inimigo fora eleito democraticamente.
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É a ausência de uma resoluta acção política que mais tem prejudicado Israel.
Mas da parte dos palestinianos, alguma vez experimentaram pôr cobro à violência pela violência? Alguma vez pensaram renunciar ao sistemático ensino do ódio aos mais jovens?

A questão médio-oriental gangrenou. Instalou-se um clima de ódio total.
Cada uma das partes crê-se a única vítima legítima e, portanto, despreza ouvir as razões da parte inimiga.
As soluções para apagar esta tragédia apresentam-se como miragens, como uma missão quase impossível. Todavia, seria tão simples!
Primeiro, encurralar os ódios – elemento destruidor da razão e do bom senso - e mantê-los fechados a sete chaves, numa torre inexpugnável.
Segundo, iniciar, finalmente, um diálogo a pleno campo: concreto, realista, humano. Que cada um penetre nas razões do outro e as compreenda. Paralelamente, correr à paulada os profissionais da morte.
A paz começaria a aproximar-se até se tornar numa realidade sólida.
Nesta altura, poder-se-ia, então, desencurralar os ódios. Porém, abrindo as portas, nada se encontraria: em seu lugar, sentir-se-ia apenas o ar puro da vida.
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Também isto é uma miragem! Mas quem sabe!...
Alda M. Maia

terça-feira, junho 12, 2007

COMMEDIA DELL’ARTE… ALL’ITALIANA

Os jornais descreveram o acontecimento como um tema digno dos filmes dos anos sessenta do século passado, “género comédia à italiana

O caso passou-se na Sicília, na capela do “Cemitério Dei Rotoli”, em Palermo.

Um homem, já vestido com os paramentos sacros, aproximou-se do sacerdote que estava a iniciar as exéquias do funeral de um senhor de idade, apresentou-se como padre Marco e pediu-lhe se o podia substituir, tal era o desejo da família do defunto. O sacerdote consentiu.

"Padre Marco" celebrou a missa, proferindo a homilia com toda a serenidade.
No fim da cerimónia, distribuiu vários envelopes pelos fiéis; informou que recolhia ofertas para uma criança de quatro anos, doente de cancro.

Com a ajuda de dois cúmplices, recolheu os donativos, agradeceu ao verdadeiro sacerdote, ofereceu-lhe os seus préstimos para futuras colaborações… e desapareceu.

A polícia já anda no encalço do embusteiro, com ajuda de um identikit.

Falso padre e vigarista cínico, sem dúvida; mas que actor!
Alda M. Maia

domingo, junho 03, 2007

“SEX CRIMES AND THE VATICAN”


“Crimes sexuais e o Vaticano”

Este é o título de um documentário sobre os padres pedófilos realizado pela BBC e apresentado em Outubro de 2006.
O autor, Colm O’Gorman, fora violado, aos 14 anos, por um padre católico, na Irlanda; hoje, dirige uma associação irlandesa, “One in Four”,
que se ocupa das vítimas de abusos e combate o silêncio da Igreja de Roma.

A Rádio Televisão Italiana (RAI) comprou o documentário à BBC para ser transmitido, comentado, e também contestado, no programa semanal da RAI3, “Annozero”
Antes da aquisição, todavia, surgiram fortes oposições, quer dentro da RAI, quer por parte de católicos que não admitem críticas ao Vaticano ou então o centro-direita que se improvisou defensor fundamentalista e oportunista da Igreja.
As polémicas foram ásperas e tudo tentaram para que odocumentário não fosse transmitido. Talvez seja o caso de, ironicamente, acrescentar: “viva a liberdade de expressão”!...
Prevaleceu o bom senso, embora não tivesse posto fim às contestações.

O programa, com a duração de duas horas, foi transmitido no passado dia 31 de Maio.
Participaram, como convidados, Monsenhor Rino Fisichella, Reitor da Pontifícia Universidade Lateranense e Bispo Auxiliar de Roma; o padre Fortunato Di Noto que conduz uma campanha contra a pedofilia; o autor do documentário, Colm O’Gorman; algumas vítimas de violações; um público atento e severo.

Excelente programa, conduzido com delicadeza, equilíbrio e grande civismo. Contrariamente aos argumentos negativos dos opositores, penso que tivesse sido mais útil que prejudicial para a Igreja Católica, assim como para um esclarecimento correcto sobre uma matéria tão delicada e dramática e que, desgraçadamente, é sempre actual.

Gostei da intervenção serena de Monsenhor Fisichella, representante da Santa Sede. Defendeu o Vaticano com firmeza e jamais procurou atenuar a gravidade dos crimes dos padres pedófilos.

Num blogue italiano, já tinha visto, parcialmente, este documentário da BBC.
O vídeo fora visitado por milhões de pessoas na Google Video/You Tube. Desde 25 de Maio, a Google decidiu retirá-lo.
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É um documentário chocante! Os factos descritos são reais e incontestáveis. A repugnância e indignação, como é óbvio, explodem perante tanta brutalidade e escabrosidade, sobretudo tendo como vítimas as crianças. Acresce que mais repugnantes se tornam, quando os algozes pertencem ao ambiente sacerdotal.

A este ponto, é obrigatório acentuar que as generalizações não somente são estúpidas como profundamente injustas.
A percentagem de padres pedófilos é mínima em relação à maioria de sacerdotes que cumpre a sua missão com dedicação e honestidade.
Existem degenerados no seio da Igreja Católica como dentro de quaisquer outras religiões.

No documentário, apercebe-se a nota dolente do seu autor - não esqueçamos que também foi vítima dos crimes que documentava.
É perfeitamente clara a indignação contra a Igreja Católica que tudo oculta e que se limita a transferir os padres réprobos para outras paróquias… onde repetirão os mesmos actos, produzindo novas vítimas! E isso não se pode contestar.

Apontou o dedo contra o Cardeal Ratzinger (Papa Bento XVI) em relação ao documento “Crimen Sollicitationis” de 1962 (consultar Wikipedia), o qual tinha como única finalidade a ocultação dos crimes de pedofilia, impondo o silêncio aos autores do crime e às vítimas, segundo a interpretação de Colm O’Gorman.
Monsenhor Fisichella explicou que era um documento que falava de segredo processual, equivalente ao segredo requerido por um magistrado quando se procede a um inquérito.

Fiquei muito perplexa perante estes inquéritos secretos intra muros do Vaticano, pois são raras as expulsões da classe sacerdotal por tal motivo.
Penso seja chegado o momento de o Vaticano enfrentar, aberta e corajosamente, este gravíssimo problema.
Repudie os eclesiásticos que tão gravemente conspurcam a Igreja e entregue-os, muito simplesmente, à justiça normal dos países onde praticaram crimes tão nefandos quanto duplamente execráveis num sacerdote.
Alda M. Maia