domingo, abril 26, 2009

EMBORA COM UM DIA DE ATRASO…

Falemos do sempre verde 25 de Abril.
À pergunta que me fizeram – ou que me lançaram como desafio ao “se bem me lembro” – respondo com uma certa tristeza: no dia desse famoso 25 de Abril, estava longe e não pude viver nada, nada dessa grande alegria que explodiu no nosso País.

Vivi-a por reflexo e talvez com maior ânsia. O meu pensamento constante era o temor que tudo se gorasse; que uma vez mais os fiéis do “Deus, Pátria e Família” (deles), com o auxílio da omnipresente Pide – e quem sabe se de outras forças externas!... - tornassem a encarcerar e oprimir Portugal, continuando a isolá-lo do convívio com o Ocidente democrático.

Correu tudo bem, embora com certas preocupações sobre o andamento dos primeiros passos: o perigo de sairmos de uma ditadura e cairmos noutra de cor diferente.
Aliás, qualquer que seja a cor de um poder tirânico é, e será sempre, uma das piores pragas da humanidade.

Estando lá fora, talvez as notícias me chegassem menos caóticas e as análises fossem mais objectivas sobre o que se passava no País.

Posteriormente, nunca eliminei a gratidão que, naqueles tempos, sempre alimentei pela acção do Dr. Mário Soares. Poder-se-á concordar comigo ou não concordar, mas não mudo de opinião.

Quanto ao que teria feito se cá estivesse, tenho a certeza absoluta que saltaria para a rua a gritar o meu entusiasmo
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A FRESCURA DE UM CÉREBRO CENTENÁRIO
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Rita Levi Montalcini - 2009
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No passado dia 22, quarta-feira, Rita Levi Montalcini - esta “Grande Senhora” a quem já me referi em 22 de Abril 2007 e 27 Abril 2008 - completou cem anos.
É com infinito prazer que, pela terceira vez, neste blogue, escrevo sobre Rita Levi Montalcini.

Não me canso de reiterar a minha simpatia e admiração por esta mulher, hoje centenária, e não somente porque foi laureada com o Nobel da Medicina em 1986.
Acima de tudo, admiro-a pela sua grande personalidade: férrea, determinada e coerente; pela elegância de postura e fineza de intelecto.

Admiro-a pela sua profunda atenção aos problemas sociais: a fundação que tem o seu nome e por ela financiada, distribui centenas de bolsas de estudo a raparigas de vários países africanos, a fim de as ajudar a emergir do atraso a que seriam votadas.

Admiro-a pela vitalidade que tem demonstrado, e continua a demonstrar, na sua actividade científica - "A minha vitalidade deriva da total indiferença que dedico à minha pessoa".

“European Brain Research Institute – EBRI - é um centro de investigação científica internacional, inteiramente dedicado ao estudo das neurociências.

Fundado e inspirado cientificamente pela Professora Catedrática Rita Levi Montalcini, é uma organização sem fins lucrativos. Tem como objectivo investigar e compreender as bases moleculares das doenças neurológicas e, em particular, as «neurodegenerativas», como o Alzheimer, a fim de desenvolver novas estratégias terapêuticas.

Depois do recrutamento de jovens investigadores através de concursos internacionais, publicados nas revistas «Nature» e «Science», iniciou a sua actividade em 2005, em Roma” - http://www.ebri.it/

Rita Levi Montalcini segue a fundação EBRI com o entusiasmo e a assiduidade de um qualquer cientista mais jovem.
Nas múltiplas entrevistas que concedeu, nesta semana de comemoração dos cem anos de vida, encantava a vivacidade de respostas, o optimismo que irradiava, os conselhos que exprimia.

O mais importante é manter o cérebro constantemente activo, mesmo que o corpo possa, lentamente, decair.

Sou optimista. O pessimismo é uma derrota, logo à partida.

A vida merece ser vivida, se cremos nos valores, porque estes permanecem após a nossa morte.

Cem anos?! São uma idade ideal para fazer descobertas. Ai de quem manda o cérebro para a reforma!

Este último é um excelente, mais que excelente conselho para ser seguido fielmente.
Alda M. Maia

domingo, abril 19, 2009

L'AQUILA: A CACHORRINHA QUE RESISTIU OITO DIAS À SEDE E À FOME

Pascoalina.
L'AQUILA: "JACK", O RATINHO SEQUIOSO

HISTÓRIAS DA ÁGUIA FERIDA

Histórias humanas, histórias de animais.
As histórias humanas, se não entraram na tragédia absoluta, continuam envolvidas pelo opressivo negrume da angústia.
Famílias aniquiladas; o tecido económico da região esfrangalhado; as incertezas do futuro tão pesadas como os escombros que abafaram a cidade.

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História de uma família destruída.
(Mas não é única, desgraçadamente).

Do quarto andar viu-se catapultado para o rés-do-chão. Todo o edifício, no centro da cidade e onde habitava com a família, ruiu. A mulher e duas filhas foram engolidas pelos escombros – o desmoronamento deste prédio tornou-se um dos símbolos de um desastre anunciado: nele morreram sete pessoas.

Embora ferido, procurou salvar mulher e filhas.
Escavou desesperadamente com as mãos, a fim de extraí-las ainda com vida.
Alessandra (vinte e dois anos) e a mãe sucumbiram. A outra filha, Antonella, de vinte e sete anos, chamava pelo pai, suplicando-lhe que a libertasse do peso dos detritos que a esmagavam.
Juntamente com os bombeiros, lutaram durante sete horas. Conseguiram arrancá-la daquelas ruínas, mas já em coma.

Prestaram-lhe os primeiros socorros e transportaram-na para um hospital de Roma. Após três dias de agonia, não resistiu e foi o pai que teve de autorizar a desligar a máquina que a mantinha em vida.

Vi e ouvi este pai e marido desesperado, numa óptima entrevista, onde o deixaram falar sem o interromper com perguntas ou intervenções inoportunas.

O senhor exprimia-se com propriedade e conseguia dominar a emoção, embora esta lhe atacasse, sem tréguas, a limpidez da voz.
Falar da mulher, das filhas, do drama que vivia e não lhe dava paz era, para o advogado Maurício Cora, uma impetuosa torrente de sentimentos que devia deixar fluir do fundo da alma e, assim, aligeirar o grande peso que o torturava.

“Enquanto escavava, no meio de todos aqueles destroços surgiu uma fotografia da minha filha Alessandra, ainda criança, que corria ao meu encontro. Naquele momento, tive a nítida sensação que era a sua alma que me vinha abraçar”.

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História que enternece.

A uma história triste deve, forçosamente, seguir-se uma que provoque um sorriso.

Pascoalina é uma cachorrinha que também ficou prisioneira no entulho do prédio onde vivia com os patrões. Estes fugiram e, só mais tarde, se aperceberam que a cadelinha ficara lá dentro. Tentaram voltar atrás, mas as escadas tinham desabado e o pavimento ruíra. Foram forçados a desistir e partir para Roma.

Até aqui, nada de excepcional. Quantos animais domésticos foram vítimas desse mesmo percalço e quantos perderam a vida!

Pascoalina, porém, resistiu oito dias à sede e à fome. Alguns dias após o terramoto, um veterinário ouviu ganidos provenientes dos escombros. Só no dia de Páscoa os socorristas conseguiram resgatá-la e entregá-la aos cuidados da Liga Italiana Direitos dos Animais.
Foi fácil encontrar os patrões: tinha um microchip de identificação e os proprietários haviam dado o alarme

Sobrevém a parte enternecedora da história: o encontro de Pascolina com o casal que a adoptara e que a julgara perdida.
Era impossível calcular quem demonstrava maior júbilo!
A cachorrinha endoidecia a lamber a cara de um e outro e atrapalhava-se, porque os queria beijar ao mesmo tempo. Os patrões, esses, comoviam pela alegria de ver Pascoalina viva e pelo amor votado àquele animalzinho.

Como nascera no dia de Páscoa, “baptizaram-na” Pascoalina.
Nome predestinado, no melhor sentido.

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História divertida
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Conduziu-me a esta história o “Mago das fábulas”, Roberto Aldo Mangiaterra –
www.reset-italia.net.

Alguém já o chamou Jack, como o ratinho da Cinderela. É um rato do campo que escapou ao terramoto. Viram-no aparecer numa pedra branca molhada, espreitando a situação. Em seguida, aproximou-se, saltando para uma tampa de esgotos.
Farejou algumas pessoas que se encontravam no local e, vencendo o medo, deixou-se observar. Assim, quando lhe estenderam uma garrafa de água, "Jack" não pensou duas vezes e serviu-se, matando a sede, depois de tanto pó engolido.
Alguns segundos apenas; terminou de beber, girou a cauda. A meio do caminho, voltou a cabeça, como se quisesse agradecer, e abandonou o campo. - adnkronos.com


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A semana passada elogiei Berlusconi. Retiro o que escrevi. Como quase previra, estragou tudo.

Não há dia da semana que o homem não corra em visita a L’Aquila.
Seria louvável e continuaria a aplaudi-lo, se o fizesse discretamente e com uma certa dignidade, mas é tarefa impossível para um indivíduo que sofre de uma inveterada doença de protagonismo e tudo lhe serve para campanha eleitoral.

Nunca parte sem as imprescindíveis e subservientes equipas televisivas. Nenhum pormenor escapa às telecâmeras, todas as suas frases, mesmo as mais inoportunas – já em grande número! – são devotamente transmitidas ao país.
As conferências de imprensa são diárias: eu faço; eu decidi… Não é o Governo que decide e toma as medidas adequadas: é o duce de turno.

E o César decidiu que a próxima reunião do conselho de ministros – nesta próxima semana - efectuar-se-á na cidade de L’Aquila.
Gostaria de saber que mais-valias resultarão desta teatralidade!
Quanto custarão ao erário público a deslocação e todo o aparato necessário, além das complicações causadas , in loco, a quem trabalha e se esforça por começar a dar remédio às feridas mais urgentes de uma cidade desastrada.
Alda M. Maia

domingo, abril 12, 2009

A ÁGUIA FERIDA

Mais que ferida, diria que L’Aquila é uma cidade mutilada.
Pondo de parte os danos aos monumentos, praças, destruição da parte histórica, tantos edifícios desmoronados, se não esmigalhados, vejo uma mutilação, uma foice tresloucada a ceifar vidas jovens ou vidas que apenas tiveram o tempo de espreitar o mundo que as esperava, mas a quem concederam somente alguns meses.

Através de RAI1, pude seguir a cerimónia do funeral de Estado de 205 vítimas. As restantes, do total até então reconhecido, preferiram uma sepultura privada. Hoje, o número de mortos ascendeu a 294.

As telecâmaras demoravam-se sobre as longas filas de esquifes alinhados. Confesso que não conseguia desprender os olhos daqueles cofrezinhos brancos - relicários com bebés de poucos meses; crianças de dois / três anos - apoiados sobre caixões de um adulto: a mãe ou o pai.
Foram vinte os que morreram, abaixo dos dezasseis anos.

Aquelas imagens, mais que as ruínas de uma cidade prostrada, melhor me exprimiram a dimensão da tragédia e do drama das gentes de L’Aquila e das zonas circundantes.

E naquele alinhamento de vidas anuladas, não pude deixar de reflectir sobre a profusão das flores, numa distribuição que me pareceu sem equanimidade: tantas urnas atapetadas com as flores mais lindas, sobretudo as dos jovens; tantas outras, nuas, despojadas dessa homenagem ou recordadas com um modesto ramo que mãos oficiosas ali deixaram.
Talvez caixões de quem já não tinha família ou cujos familiares se encontravam nos hospitais: o número de feridos foi elevado.

As histórias tristes, comoventes, causadoras de tremendos apertos de coração e nós na garganta, são infinitas! Alguns desses episódios não as pude ler ou ouvir até ao fim: outras tragédias vividas se sobrepuseram e a angústia tornou-se insuportável.

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Acenei a vidas anuladas: quantas destas vidas se poderiam ter salvado se, na construção de tantos prédios, tivessem seguido as normas anti-sísmicas e as leis que as regem!
Neste sentido, a lei existe e é uma das mais bem elaboradas, mas poucos as respeitaram: a corrupção e a ganância de ganhos fáceis abafaram quaisquer outras considerações.

É inacreditável que, sendo a região Abruzzo o território italiano com a mais elevada sismicidade, se tivesse desprezado um factor essencial, indispensável: rigor absoluto no respeito das regras anti-sísmicas.

Assim, eis edifícios de construção relativamente moderna que se esboroaram, como se fossem feitos de lama: quantas vítimas! Outros, ao lado, aguentaram o terramoto sem danos de relevo.

É acabrunhante o panorama de destruição e de ruína de L’Aquila (A Águia) e das demais povoações circundantes! Grande parte das casas não ruiu: simplesmente, desfez-se, esmigalhou-se.
O cimento armado, afinal, foi posto em obra já desarmado e, pior ainda, amassado com areias marinhas. Já está em andamento um inquérito.

Mas não foram só as construções de habitação civil. Não se salvou quase nenhum edifício público: o hospital, inaugurado há cerca de dez anos; a Prefeitura (Governo Civil), a Conservatória do Registo Predial, e outros.
Precisamente, edifícios que se tornam indispensáveis em catástrofes desta natureza.

L’Aquila, com uma universidade importante e uma das mais antigas de Itália, é uma cidade com uma grande população estudantil.
Causou indignação o desmoronamento, como um castelo de cartas, de um edifício, propriedade da Região, onde alojavam dezenas de estudantes, provocando a morte de seis desses jovens.

Há outro aspecto que também merece compaixão: os animais domésticos perdidos que vagueiam à procura do dono. Vários ficaram prisioneiros dos escombros; muitos foram salvos.
Criou-se uma emergência veterinária e as pobres criaturas estão a receber os cuidados necessários. Entretanto, muitos donos já encontraram o seu animal de estimação.

A pilhagem tentou eleger a cidade desabitada como campo de colheita. Capturaram dois energúmenos e serão julgados “por directíssima”.
Na Itália chamam-lhes chacais, “acções de chacalagem”. Muito apropriado!

O povo italiano merece irrefutáveis elogios pela grande e espontânea generosidade que tem demonstrado.
Os serviços de socorro, pela experiência e competência que adquiriram, foram de uma tempestividade e completude de acção dignas de amplos louvores.

Quanto ao poder executivo… pela primeira vez, e para ser honesta nos meus juízos, devo elogiar o primeiro-ministro, o inefável Berlusconi!
Não gosto do homem, mas devo reconhecer que, até hoje, nesta grave circunstância, tem-se comportado com acerto.

Apreciei a sua imediata e contínua presença no local da tragédia, tentando incutir confiança às pessoas desalojadas e que tudo perderam.
Apreciei a sua atitude, durante o funeral de Estado: saiu do lugar de honra, destinado às altas autoridades presentes, e foi misturar-se com a multidão que assistia à cerimónia.

Já sei que aquele homem não dá ponto sem nó e todos os seus gestos são calculados ao milímetro. Também sei que o aproveitamento político é despudorado.
Todavia, calculados ou não, agiu bem, com um bom sentido de oportunidade.

Oxalá que, daqui por diante, não estrague tudo.
Alda M. Maia

domingo, abril 05, 2009

E MAIS “BERLUSCONADAS”!!

Esta semana, afora a leitura dos jornais portugueses, dediquei a maior parte do tempo a ler publicações em língua italiana. Resultado? Veio um técnico controlar algo aqui no prédio, falou comigo e eu respondi-lhe, serena e inconscientemente, naquela língua. O senhor olhava-me perplexo!
- Sra. D. Alda, não a compreendo!
Ainda bem que o homem tinha um forte sentido do humor: desatámos os dois à gargalhada!

Durante a semana, apercebi-me também de certas frases em português cuja construção - de regência ou sintáctica – soou-me um pouco italianada.
E pensar eu que tanto me esforcei para aprender um bom italiano sem jamais sacrificar a minha língua mãe!

Mas creio que a não sacrifiquei e há um particular do qual me regozijo: no meu português não entraram sotaques. Porta blindada, nesse sentido.
Mas voltando atrás, sucedeu apenas que tive uma semana mais virada para Itália e com pouca conversa em português.

Divertem-me as apreciações de uma minha jovem amiga – uma das sete ou oito pessoas que lêem este blogue – que perde o interesse, quando escrevo sobre a política italiana. Não quer saber do que se passa naquele país.

Não sabes o que perdes, Maria Teresa. Aprenderias, pelo menos, a discernir o que é o verdadeiro populismo.

Pensando nos dois Países a que me sinto profundamente ligada, por vezes surpreendo-me a estabelecer paralelos ou mesmo aventar hipóteses.

Suponhamos que, em Portugal, saltava para a arena política uma personagem semelhante a Berlusconi e com os potentes meios que este possui: económicos e mediáticos.
Suponhamos que a maior parte da nossa população colheria informações apenas através da TV.
Aqui, não devemos supor nada, mas constatar: portugueses e italianos assemelham-se. Não seria difícil embebedar essa população com promessas suasivas, mirabolantes.

Quanto à imprensa, também não creio que devêssemos espremer muito as meninges: não seria impossível ver a nossa imprensa justificar, atenuar, ignorar atitudes menos correctas.
Certamente que, ante o poder e cor política de um tal personagem e observando os nossos jornais de maior difusão – idem as TV’s - também poderíamos deduzir, tranquilamente, que seria difícil verificar-se uma linchagem diária de um primeiro-ministro.

Aliás, essa linchagem política e moral seria inimaginável numa imprensa séria e responsável, quando uma Justiça, também séria, está efectuando o seu dever.

Mas vamos às performances circenses de Sílvio Berlusconi.

As imagens e o vídeo da Rainha de Inglaterra que se assusta com os berros de Berlusconi – Mr. Obama, Mr. Obaaamaaa! - correram mundo, provocando comentários impiedosos.

What is it? Why does he have to shout? (Que é isto? Por que deve berrar?)
Valha-nos Deus, Majestade! Ainda não sabe que o homem faz birras se não lhe concedem importância, a ele e só a ele, grande condottiero?

Único expoente do G8 que não pôde encontrar Obama, incapaz de adquirir credibilidade entre os seus pares, adoptou a técnica da ruptura do protocolo, a fim de vender qualquer retalho de visibilidade na frente interna que é a única que lhe interessa - Andrea Bonanni (La Repubblica)

Parece, todavia, que Buckingham Palace, acima de tudo, considera o País Itália e fez saber que a Rainha não se ofendeu com os modos de quem o representava. Tratava-se de um ambiente de cordialidade e alegria!...

Segunda gafe. Em conferência de imprensa, aludindo ao que se passou na cimeira G20, Berlusconi comentou, querendo ter graça: Nós (chefes de governo e presidentes) trabalhávamos; entretanto, os ministros estavam no “cesso”.
Para traduzir o termo cesso, podemos adoptar três versões. Tradução fiel: latrina; tradução popular: retrete (também há o nome «sacreta»); tradução elegante: toilette ou casa de banho.
Dado o modo "refinado" como sempre se comporta, escolhamos, neste caso, a segunda tradução!...

Ontem: vértice Nato, ponte sobre o Reno que une a França à Alemanha, cerimónia comemorativa dos mortos Nato.
Berlusconi chegou ao ponto de encontro com o ouvido colado ao telemóvel.
As imagens demonstram uma cena cómica e, paralelamente, um comportamento de uma grosseria sem limites.
Ângela Merkel perplexa à espera do ilustre hóspede e este acenando-lhe que estava ocupado. Como mais tarde explicou, falava com o primeiro-ministro turco, a fim de o convencer a aceitar a nomeação de Rasmussen - telefonema de 20 / 30 minutos.
A senhora Merkel virou costas e a cerimónia continuou sem o representante italiano.

Primeira pergunta: era urgente e necessário telefonar, precisamente naquela altura?
Num jornal li uma pergunta que me divertiu: em que língua falava com Erdogan? O turco não sabe italiano; ele não conhece a língua turca; o seu inglês é um desastre… Obama, mais tarde, resolveu a situação e Rasmussen foi nomeado secretário-geral da Nato.

O homem, agora, está furibundo com os meios de informação e ameaça medidas contra os jornais que o criticaram severamente. Como se atrevem a não valorizar o que faz pela Itália?!
Elevada egolatria e delírio de omnipotência!
Alda M. Maia