terça-feira, novembro 21, 2017

DIA DOS DIREITOS DA INFÂNCIA

No dia 20 de Novembro, celebra-se, em todo o mundo, o “Dia dos direitos da infância e da adolescência”.
Referindo-me à situação actual da Itália, descrita num artigo de Paolo G. Brera, no jornal La Stampa – 20/11/2017, creio que apresente um panorama que não deve diferir muito do que se passa no nosso País. Mas oxalá esteja enganada. 
É uma leitura interessante, embora infunda um sentimento de tristeza. 
Traduzo:

"Um Milhão e 400 mil crianças italianas em absoluta pobreza"
 “O mundo celebra hoje o Dia dos direitos da infância, mas na Itália é uma data difícil a festejar. »Os nossos últimos dados – diz Raffaela Milano de Save the children – mostram uma situação de miséria no que concerne a pobreza dos menores. Temos 1,4 milhões de crianças e adolescentes que vivem abaixo do limiar da pobreza absoluta, e este número assustador cresceu 14% apenas num ano.

Porém, não se trata apenas de más notícias: «Felizmente, a intervenção pública - explica ainda Rafaela Milano – pôs em acção providências como o rendimento de inclusão e o fundo de contraste à pobreza educativa, as quais se focalizam, precisamente, nas famílias com menores». Porque o problema é que a pobreza económica “significa menores que abandonam os estudos, em jovens que não lêem livros e não têm acesso à cultura. Deste modo, acaba-se por prejudicar o inteiro desenvolvimento do país em termos de capital humano”.

Mas os números enormes sobre a pobreza tornam-se ainda mais impressionantes se aliados aos da queda demográfica. “De 1961 a hoje, perdemos 4 milhões de crianças: um terço dos alunos da escola obrigatória já não existe”. As crianças diminuíram; os que existem, em vez de melhorar, estão com dificuldades ainda maiores. “Nós que estamos activos nas zonas mais difíceis do país – diz ainda Rafaela Milano – dia a dia vemos situações verdadeiramente alarmantes”.

Algo de importante, pelo contrário, foi feito em relação às crianças estrangeiras, não acompanhadas, que chegam à Itália. Segundo as referências de «Save the Children», são 18 mil as crianças seguidas nos nossos centros de acolhimento, “mas este ano foi promulgada a nova lei que cria, para eles, um sistema de protecção, marcando uma verdadeira mudança. Embora a lei ainda deva ser plenamente actuada, mais de 2600 adultos ofereceram-se como ponto de referência educativo para estes jovens, de uma maneira totalmente voluntária e gratuitamente."

Mesmo que alonguemos o nosso olhar pelo mundo inteiro, a situação permanece muito difícil. Segundo um estudo da UNICEF, efectuado em 37 países e uma sondagem sobre 11 mil crianças entre os nove e os 18 anos em 14 países, 180 milhões de crianças enfrentam perspectivas piores, relativamente aos seus pais: uma criança em 12 vive em países cujo futuro promete ainda menos do já pouquíssimo oferecido no passado. Em 14 países, entre os quais Benim, Camarões, Madagáscar, Zâmbia e Zimbabué, aumentou a percentagem das crianças constrangidas a viver com menos de dois dólares por dia.

Sempre segundo os dados UNICEF, as mortes por causas violentas entre as crianças e os adolescentes abaixo dos 19 anos aumentaram em sete países. 73% das crianças na África Meridional pensa que não é ouvida por ninguém. E 45% das crianças em 14 países não têm nenhuma confiança nos líderes nacionais ou mundiais e nenhuma esperança de obter progressos. Se a ajuda não chega de fora, a pobreza deslizará sempre mais para o fundo: entre crises financeiras, guerras e sobre-população, a inscrição na escola primária baixou em 21 países  -  De Paolo G. Brera; La Repubblica - 20 Novembro 2017