segunda-feira, julho 29, 2013

AS CALINADAS DOS NOTÁVEIS

O semanário italiano L’Espresso tem uma rubrica onde apresenta uma selecção do “estupidário” semanal sobre as declarações atípicas de personagens conhecidas, quer da vida política, quer de outros sectores: nacionais na sua maioria, mas também internacionais. Título dessa rubrica: “Palácio, o pior da semana”.

 Leio-a sempre com interesse. Quase sempre divertindo-me, por vezes indignando-me face a asserções que repugnam.  

No número de 26 deste mês, a selecção contempla declarações de 24 ilustríssimas pessoas e começa pelo ex-presidente do Senado, fiel adorador de Berlusconi, Renato Schifani. E o que diz este senhor em 19/07/2013?
Nós fomos educados pelo presidente Berlusconi no culto da lealdade, da transparência e da responsabilidade”.

Lealdade a Berlusconi, mais que comprovado; transparência e responsabilidade a respeito de quê e de quem?

Um deputado da Liga Norte, Gianluca Buonano sobre a lei - que deve ser aprovada – contra a homofobia – 22/07/2013:
“Se continuamos assim, dentro em breve “hesitará” (queria dizer existirá) o crime de heterofobia. É ridículo e penoso este vitimismo contínuo da parte de um lobby de sodomitas que só têm na cabeça, exclusivamente, o casamento e as adopções de pessoas do mesmo sexo”.

Vocabulário interessante! 
Esta gente da Liga Norte nunca se desmente, embora haja muitos sepulcros caiados que pensam da mesma maneira, mas têm a suprema hipocrisia de, em público, sustentar o contrário.

Giovanni Allevi, um pianista e compositor com uma certa notoriedade, expressou-se deste modo sobre Beethoven – 22/07/2013:
Creio que em Beethoven falte o ritmo. Compreendi o que é o ritmo somente quando trabalhei com Jovanotti (popular cançonetista italiano, autor e intérprete de música pop e rap).

Ficamos a saber que o divino Beethoven não tem ritmo… mas naqueles tempos não havia a música rap, ilustríssimo Dr. Allevi!

Esta é mesmo para rir, e dada a fama de José Mourinho, as gargalhadas não faltarão.
Hayley McQueen, jornalista inglesa de Sky Sport, em directa TV no dia 24/07/2013:
O treinador do Chelsea, José Mourinho, tem fome de sexo … ehm, desculpai, de sucesso, tem fome de sucesso.

Lapsus linguae que pode dar uma razão ao semblante quase sempre desprovido de sorrisos de Mr. Mourinho? Não sejamos maldosos.

Carlo Taormina, ex-deputado berlusconiano, ex-advogado do criminoso nazi Priebke, em 24/07/2013.
Embora enojada com estas declarações, apresento mais um exemplo de quantos imbecis ainda existem relativamente a fascismo, nazismo e quejandos. Falar de Priebke deste modo, conhecendo os crimes deste homem, é repugnante! Mas vejamos:
“Priebke foi somente um executor, ele é uma pessoa gentil, amável, cortês e muito culta. Fui convidado para a festa dos seus 100 ano e dei a minha disponibilidade. É melhor a festa de Priebke que o Bunga Bunga. Além disso, felizmente não haverá gays. Nós somos pessoas normais…
O fascismo está na raiz da nossa história moderna. De Mussolini só penso bem, excluindo a sólita questão da guerra. Quereis comparar Mussolini com os labregos de hoje? Foi um grande estadista”.

Priebke “foi somente um executor”! Ouvir o que diz este italiano, compatriota de tantas vítimas deste “executor” nazi, é insuportável. 

segunda-feira, julho 22, 2013

MADONNA MERKEL
OS CAMINHOS DE BERLIM

Li com curiosidade, mas perplexa, a visita do presidente da câmara de Florença, Matteo Renzi, a Angela Merkel no passado dia 11 deste mês.
Esclareço que é bem nota a ambição de Renzi a ultrapassar tudo e todos e chegar aos vértices máximos da política italiana: é incansável nas entrevistas quase quotidianas e apreciações discutíveis sobre o próprio partido, o Partido Democrático que guia o actual governo. Acrescento também que goza de uma apreciável popularidade.

Como chefe executivo de uma autarquia local, que fins pretendeu alcançar com a romagem a Berlim? Outra pergunta (embora admita que haja uma explicação lógica): a que propósito a Senhora Merkel achou oportuna uma troca de impressões, numa visita privada, “sobre a política europeia” com o presidente da câmara de Florença?
É certo que sobre tal visita informou antecipadamente o primeiro-ministro italiano, mas é politicamente correcto imiscuir-se nas intrigas partidárias de outro país, conhecendo a precariedade do governo de Enrico Letta?

As críticas a Renzi não se fizeram esperar e este, sensatamente, anulou outras duas visitas em programa: a François Hollande e David Cameron!...

Volto ao princípio e concentro-me na minha perplexidade, melhor, na desconfortante impressão que provo, quando vejo os caminhos de Berlim constituírem metas de peregrinos que buscam, perante Madonna Merkel, a consagração política ou aplausos à gestão dos governos que representam.
Onde armazenaram o equilíbrio e o bom senso? Por que não se procede com um sentido de responsabilidade, jamais ausente, mas em pé de igualdade no que concerne a dignidade do próprio país?
A Alemanha é um país potente? Não esqueçamos que o é no campo económico, nada mais. Os alemães têm o mesmo grau de dignidade que tem qualquer outro povo soberano: é nesta base que assentam todas as relações entre Estados.

Há quem afirme que são os países nórdicos a suportar os desmandos financeiros dos países de Sul. Informaram-se bem acerca das quotas que cada um deve desembolsar?
Certamente que a quota da Alemanha é, proporcionalmente, a mais elevada. Mas quanto ganhou com a moeda única e com sua intransigência e apologia da austeridade?
Vejamos o que escreveu Barbara Spinelli em 19/06/2013: (…) Segundo o relatório do FMI, à Europa interessava proteger mais os credores que esconjurar contágios: prolongar as decisões “concedia o tempo necessário aos bancos para retirar capitais da periferia da zona euro”. O Banco dos Regulamentos Internacionais cita o caso alemão: 270 mil milhões de euros abandonaram, em 2010 / 2011, cinco países em crise (Grécia, Irlanda, Portugal, Itália, Espanha).  

Relembrar outros pormenores sobre as vantagens colhidas pela Alemanha e apoiantes nórdicos não é necessário, pois são bem conhecidos.

Transcrevo excertos de um artigo de Peter Shneider - escritor alemão e colunista do jornal La Repubblica - sobre a história de Angela Merkel, descrevendo-a como uma hábil oportunista.
É um mistério ainda não esclarecido como Angela Merkel foi capaz de varrer todos os possíveis concorrentes do seu partido: Christan Wulff, Friederich Merz, Jürgen Rüttgers, para citar alguns.
 (…) “Quando, na Primavera de 2010, no horizonte se delineava a crise da Grécia, Angela Merkel – com um olho às eleições iminentes em Nordrhein-Westfalen – declarou que os alemães não desembolsariam um cêntimo para aquele país. Porém, quando alguns meses depois, decidiu aderir ao escudo fiscal, os custos para esta operação tinham já aumentado. No entanto, a Chanceler nunca explicou aos seus concidadãos que, se tivesse concedido na altura os milhares de milhões à Grécia, teria prejudicado os bancos alemães e franceses, fortes especuladores dos arriscadíssimos títulos de Estado helénicos.
Temporizando e desenvolvendo tácticas sempre novas, Angela Merkel, entretanto, induziu a maioria dos seus concidadãos a pensar que eram eles os únicos a pagar as dívidas da Itália, da Espanha, da Grécia e de todos os outros Estados em crise.
Infelizmente, como líder de um dos maiores Estados Europeus, Angela Merkel não parece ser a pessoa certa no lugar certo. Uma história bem diversa da de Gerhard Schröder… “

Concordo plenamente.

Ah! Para finalizar: parece que pode ainda contar com o “bom aluno português”, um jota que ascendeu a primeiro-ministro de um desgraçado país que não sabe escolher administradores que o dignifiquem.
Revê-lo-emos, então, em pose de menino bem comportado ao lado da regedora da UE.  
E que Deus se amerceie, novamente, deste país multi-centenário, que, embora velho, continua a não ter juízo. 

segunda-feira, julho 15, 2013

SITUAÇÃO POLÍTICA:
HAVERÁ ANALISADORES OMISSOS?

Refiro-me ao variegado número de analistas, observadores, comentadores que, nestas duas últimas semanas, inundaram os nossos meios de comunicação. Paralelamente a estes comentadores, na sua maior parte observadores neutrais, também houve, obviamente, as opiniões da classe política, sempre empenhada a demonstrar a sua perícia em contornar os problemas. É característica normal e não surpreende; quero ressalvar, todavia, alguns políticos da velha guarda.

Reformulo a pergunta: ainda haverá por aí alguém que não foi convidado e, portanto, não teve oportunidade de exprimir - com originalidade, sageza, competência e profundo conhecimento das realidades do país - ideias novas que conduzam a soluções ou iniciativas credivelmente praticáveis em todos os sectores da vida nacional em crise? Ideias que os cidadãos possam compreender e assimilar, predispondo-os a aceitá-las, mesmo se exigem renúncias e sacrifícios?

Neste momento de instabilidade governativa, devem efectuar-se eleições ou devemos permanecer à espera de Godot?
Não sou partidária de eleições imediatas. O motivo é mais pessoal que baseado em razões já apontadas por diversos personagens, incluindo a recente mensagem ao país do Presidente da República.
Eis esse motivo: no caso de haver eleições já no próximo Outono, eu não saberia a quem dar o meu voto. Penso e repenso, avalio e torno a avaliar, mas as minhas perplexidades continuam. Isto sucede-me pela primeira vez e, confesso, é desconfortante. Mas aguardemos.

Cultivo uma profunda esperança: que um vírus benigno, identificado como dignidade, atacasse Pedro P. Coelho e este, por incapacidade do exercício de funções, apresentasse a sua demissão de primeiro-ministro do Governo português. Mas lá por aquelas paragens, essa espécie de vírus é inexistente. E a “turbulência no governo português” - assim descrita a situação nos noticiários italianos - paira sobre as nossas cabeças e sem a certeza de ventos que a afastem. Até quando?

Por último, permito-me expor um alvitre: se tivesse oportunidade de falar directamente com António José Seguro, o secretário-geral do PS, e pudesse exprimir-me com uma delicada familiaridade, colheria a ocasião para lhe solicitar tons menos tribunícios ou declamatórios, dando a preferência a uma comunicação mais espontânea e natural.
Quando vejo o ar solene que empresta às suas palavras, imediatamente me vem à ideia uma típica expressão italiana: Parla come mangi – fala como comes.
Não por que use uma linguagem abstrusa ou rebuscada. Simplesmente, é aquela pomposidade, mesmo nos enunciados mais simples, que me desagrada numa pessoa que, em fim de contas, me é simpática.

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Falemos agora de um evento cujo ribombo ultrapassou as fronteiras italianas.
No Governo italiano há uma ministra – Ministra da Integração – oriunda da República Democrática do Congo. É a Dra. Cécile Kyenge, médica oftalmologista, licenciada numa universidade de Roma. Quando, como membro do governo, pela primeira vez se encontrou com a imprensa, asseriu com toda a naturalidade: Eu não sou de cor; eu sou negra e declaro-o com orgulho.

Um senhor da Liga Norte chamado Roberto Calderoli e vice-presidente do Senado, há dias, em comício público, referiu-se à Dra. Cécile Kyenge nestes termos: Consolo-me quando navego na Internet e vejo as fotografias do Governo. Amo os animais, ursos e lobos como já sabem, mas quando vejo as imagens da Kyenge, não posso deixar de pensar, embora não diga que o seja, nas semelhanças com um orangotango.

Vozes indignadas exigiram a sua imediata demissão de vice-presidente do Senado. Mas o digníssimo Calderoli não se descompôs: Foi apenas uma piada simpática. Seria um óptimo ministro… mas no Congo.
Demitir-me? Nem sequer penso nisso.

Não fiquei surpreendida com este triste episódio da mais abjecta grosseria e racismo. É muito comum nos simpatizantes e filiados da Liga Norte. Ademais, a ministra Kyenge já tinha sido vítima de outras apreciações igualmente ultrajantes, mas sempre reagiu com muito civismo.  

Notícias da última hora informam que Calderoli telefonou, pedindo-lhe desculpa. Um acto sem significado. Que se demita e não continue a enxovalhar o Senado da República Italiana.

segunda-feira, julho 08, 2013

E COMO SE DIZIA…

A arrogância de um e os ziguezagues do outro levaram os dois mocinhos a engalfinharem-se verbalmente: - Não quero jogar mais contigo, e é irrevogável – diz o que desejaria mais poder.
Responde o que tem o bastão do comando: - Ponderarei sobre esse teu capricho (mais um a estragar-me tudo e lá se vão as minhas oportunidades de ficar na fotografia ao lado dos grandes da Europa!)

Mas fizeram as pazes. O que comanda e o “mocinho irrevogável” falaram, tornaram a falar e este último obteve mesmo o cargo de vice-primeiro-ministro, superintenderá na economia e será ele a dizer à troika, com o desassombro de um irrevogável, o que deve ser dito.
Tácticazinhas políticas? Mas que entra a nobre arte da política em tudo isto?! Tácticas de quem não sabe o que significa decência política, nada mais.

Entretanto, mais um atropelo a esta língua lusitana – lusitana, da Terra Lusa, obviamente.
Assim como oficializaram e impuseram tantos dislates neste campo, registemos mais um, pois não esqueçamos que foi concretizado por um eleito do povo: o Dr. Paulo Portas, o menino espertalhão mui revogável.

Irrevogável: que não é revogável; que não se pode anular; definitivo.
Daqui para o futuro, este vocábulo terá uma segundo sentido: no caso em que haja contratações, ajustes, a decisão apresentada como irrevogável declara-se sem efeito. 
Aprenderam a lição?

Achei muito interessante a entrevista de ontem, no jornal Público, ao político Valente de Oliveira.
(…) O escol gerado pelos partidos não traduz uma nata, uma camada preparada, conhecedora, responsável. Corresponde mais a uma lógica das juventudes de há 20 anos. Isto passa-se em todos os partidos, porque a lógica é geral. Temos de rever profundamente a maneira como é segregado o escol dentro dos partidos, que é o que chega à governação. Não chega ter sentido politiqueiro, é preciso estar preparado.

E os artigos nos diversos jornais sobre um “fosso que se alarga entre povos e governos” multiplicam-se.
Cito o artigo de Piero Ignazi - L’Espresso de 05/ 07/2013: “Poder e cidadãos: tudo muda”
(…) O que emerge, em formas diversas e em várias partes do mundo, é uma subtil e corrosiva crítica aos fundamentos do nosso sistema, seja por manifesta incapacidade dos políticos, seja por deslegitimação dos princípios de representatividade e dos mandatos a governar.
Se os líderes políticos não “escutam” e não “respondem”, o fosso entre governantes e governados alargar-se-á cada vez mais.

É difícil não concordar com todos estas opiniões. Os exemplos quase diários comprovam-no.


Em todos os nossos canais televisivos, o mare magnum das análises da semana passada (e continuarão) sobre as performances do ministro das finanças demissionário, o Primeiro-Ministro e o Senhor Portas não ofereceu margem para opiniões contraditórias. Quase todas confluíam para uma nota comum: irresponsabilidade. Acrescentemos impreparação e despudor. E fiquemos por aqui.

segunda-feira, julho 01, 2013

TENTEI, VENCI, COMANDO

É mais uma versão do “quero, posso e mando” interpretada pelos modernos candidatos à vida política: sou eleito (imediatamente se instala a ideia de pertença a uma categoria social privilegiada); tento chegar aos cargos executivos; venço as respectivas etapas através do voto, logo, sou eu quem comanda.  
Porém, este sentido de “comando”, praticamente é vetado pelas regras democráticas. Deve esconder-se, mimetizar-se no vocabulário institucional.
Ninguém comanda, que heresia!

O máximo órgão executivo, o Governo, por exemplo, administra, executa as leis emanadas do Parlamento, providencia a fim de que os problemas do país sejam resolvidos, mas tudo com a maior transparência e sempre, sempre explicando e clarificando, honesta e irrefutavelmente, as decisões que exijam sacrifícios ou foram impostas por circunstâncias adversas.
Uma concepção perfeita de governo, mas é respeitada e posta em prática com afã e no melhor modo humanamente possível?

Ninguém é ingénuo até esse ponto. Bem sabemos que nada disto é real. O que vemos diariamente é, antes de mais, o tom arrogante destes eleitos do povo. Falam do alto do poder e a humildade, que é própria da pessoa de elevada formação, simplesmente, não existe.

Assim, e vamos ao caso concreto, vejo um primeiro-ministro inculto e politicamente desastroso a espelhar, na sua infinita impreparação, o que acima pretendo demonstrar: “elegeram-me, comando e não devo dar contas a ninguém”.
Administrar a coisa pública responsável e conscienciosamente? Não sabe o que isso significa, pois nunca o aprendeu: nem na escola da vida e muito menos politicamente.
O homem e o seu governo fazem e desfazem. Enviam mensagens sem qualquer conteúdo que dê esperanças. O país afunda, mas ninguém sabe aonde o querem conduzir.

Tudo isto me veio à ideia, ouvindo uma opinião do Sr. Marques Mendes. Diz este insigne comentador televisivo que o Governo poderá cair pela acção do Tribunal Constitucional e não por qualquer outro motivo. O Governo concluirá que não poderá governar nestas condições e demitir-se-á.

Não sei se entendi bem, mas a que condições se refere? Ainda estamos numa democracia onde a Constituição é guia fundamental e deve ser respeitada e tutelada ou qualquer governo pode ignorá-la a seu bel-prazer? A este ponto se chegou?!

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O inefável Berlusconi foi condenado a sete anos de prisão e interdição perpétuo de exercer cargos públicos. A notícia da sentença foi amplamente difundida. Já se esperava e é apenas mais uma.  
A minha curiosidade, porém, concentrou-se nas reacções dos acólitos.
Eis a mais expressiva, além de muitas outras igualmente aberrantes, sobre o conceito que aquela gente alimenta sobre os divinos eleitos: “Esta sentença é um insulto aos 10 milhões de eleitores que elegeram Berlusconi”.

O homem entrou na política, foi eleito, logo, tornou-se intocável. Por extensão, quem lhe deu o voto é insultado por um qualquer juiz que o condene. Como se atrevem estes juízes “cretinos e incapazes” (expressão da pitonisa dos berlusconistas, Daniela Santanchè) a julgar um eleito por 10 milhões de italianos?

O politicamente correcto levar-me-ia a dizer que respeito as opiniões de qualquer eleitor. Todavia, confesso-me politicamente incorrecta: quem vota Berlusconi não me merece o mínimo respeito, e as razões são óbvias.