quinta-feira, agosto 23, 2007

ASELHICE MINHA OU FALHA DO BLOG*SPOT?

Quando quis publicar o post precedente – “A Época das Rejeições” – obviamente, cliquei em “pubblica post” (as indicações estão escritas em italiano). O texto não apareceu no blogue. Só à terceira tentativa é que a publicação surtiu efeito.

No dia seguinte, os três posts, repetidos, brilhavam, embora indicassem horas de publicação diferentes.
Aselhice minha – o que não duvido muito – ou falha do serviço Blog*Spot?

Pensei que não fosse difícil remediar, eliminando os posts em excesso. Segui as normas do costume, confirmei a eliminação, li o aviso que talvez a eliminação demorasse 24 horas, aguardei.

Já lá vai meia semana e apenas foi eliminada a fotografia do post.
Na página onde podemos modificar ou eliminar a publicação escolhida, os dois posts repetidos que eliminei, ao contrário do que se vê no blogue, desapareceram. Ora, como desapareceram, não sei como tentar uma eliminação definitiva. Bela trapalhada!
Alda M. Maia
PS:
Se agora suceder o mesmo com este post, aprendi a lição: nada de insistências

segunda-feira, agosto 20, 2007

A ÉPOCA DAS REJEIÇÕES









È nesta altura do ano, isto é, quando abre o período de férias, que inicia a fase do desamor, da insensibilidade, da brutalidade e aridez humanas - e isto não é retórica.

Começa a rejeição daqueles animais – e são tantos! – que complicam e estorvam a partida de férias dos desalmados proprietários. A solução é já clássica: na auto-estrada, por exemplo, abre-se a porta do carro e, sem um mínimo de comiseração ou rebate de consciência, atira-se o animalzinho para o abandono ou para que seja atropelado, mortalmente, por outros automobilistas.

***

Mas não se abandona somente os animais.

Segunda-feira, dia 13, em Nichelino (uma pequena cidade da periferia de Turim) num centro comercial, sentado num carrinho das compras, uma criança chorava desesperadamente – o menino da foto, ao colo de uma enfermeira.
Os funcionários, pensando que o choro fosse motivado pela ausência dos pais, através dos altifalantes, solicitaram para que estes acorressem a tranquilizar o filho.
Repetiram o apelo insistente e demoradamente, mas ninguém apareceu – quer nesse dia, quer nos dias seguintes!
Chamaram a polícia, como é óbvio, e levaram-no para o hospital mais próximo.

Fizeram-lhe todos os exames médicos necessários e verificaram que goza de excelente saúde.

Tem cerca de 18 meses de idade e pensam que seja originário do Leste europeu. As autoridades solicitaram a publicação de fotografias da criança, a fim de obter o maior número de sinalizações.

No primeiro dia, para acalmar a agitação do pequenino e conseguir alguma informação útil, tentaram interrogá-lo em romeno e outras línguas de Leste, mas o menino opõe o silêncio; apenas pronuncia, de vez em quando, alguns monossílabos incompreensíveis.
O carinho e cuidados dos funcionários do hospital e da polícia – esta pôs-lhe o nome de Jorge – foi inexcedível, como não podia deixar de ser. Assim, no segundo dia, já brincava com os vários brinquedos que lhe deram, comia com apetite e demonstrava uma docilidade e afabilidade encantadoras: conquistou o coração de todos.

Que se abandone um recém-nascido, para quem o tempo de desencadear afectos não existiu, é caso frequente, desgraçadamente.
Ora, abandonar uma criança de quase dois anos, que se apresentava bem tratada e vestida com um certo cuidado; que usufruiu já de um período de tempo que gera amor e ternura, a pergunta é óbvia: qual causa horrível – seja de carácter malvado, seja estribada em circunstâncias de desespero – pode levar um genitor a abandonar a sua criatura?!!

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TENTÁCULO: UMA NOVA ESPÉCIE DE PEIXE

Para sair da tristeza do tema anterior, falemos de polvo.

Sábado, vi grossos tentáculos de polvo congelados e que nunca tinha visto antes. Comprei dois ou três. Passando pela loja onde, às vezes, compro fruta, acenei a esses tentáculos. Porém, usei a expressão – imprópria – “pernas de polvo”.
Não, isso não é polvo – diz-me a proprietária da loja.
A mim parece que sim – respondo eu.
Olhe que não, D. Alda. Tem outro nome, mas agora não me lembro. Isso é parecido com o polvo, mas trata-se de outro peixe – insiste a mesma Senhora.
Ah! Já sei! - continua ela – Chama-se tentáculo.

Esforcei-me por não me rir e expliquei-lhe, suavemente, que tentáculos são os membros do polvo.
Não é anedota. Foi verdadeiro.

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Outro episódio que me divertiu, mas desta vez ri-me abertamente e com gosto.

Ontem, domingo – neste momento já passa da meia-noite - fui ao supermercado Jumbo.
Excepcionalmente, lembrei-me comprar um gelado. Aproximou-se uma jovem simpática, informando-me da oferta de três peças de cozinha, se eu comprasse duas confecções de um gelado em promoção. Expliquei-lhe que seriam gelados de mais. Todavia, a curiosidade levou-me a perguntar-lhe quais eram essas peças de cozinha oferecidas com os gelados.
Resposta: um batedor, uma colher e um salazar.
Um Salazar!? Que é isso? – pergunto.
Um salazar é aquele raspador que usamos para rapar as panelas.

Quem seria o autor?
Alda M. Maia

domingo, agosto 12, 2007

ORIGINALIDADE NAS NOTÍCIAS E SENTENÇAS ORIGINAIS
















Nem todos os jornais sabem enriquecer as suas páginas com o que de mais curioso e original sucede pelas diversas regiões deste nosso Planeta.

As agências de informação penso estejam abertas a todas e quaisquer publicações, portanto forneçam todo o género de notícias a quem as queira recolher e seleccionar. Mas é na selecção, talvez, que se pode reconhecer uma boa e tempestiva linha editorial.

Tudo isto são considerações sobre o muito que vou lendo, naqueles jornais cuja língua me é acessível.

E também são considerações para escrever sobre uma notícia que li, há dias, no jornal La Stampa, que muito me fez rir, divertidíssima, sobre as sentenças pronunciadas por um juiz de Painsville, Ohio: Michael Cicconetti.

É já famoso, nos Estados Unidos, pela originalidade e imaginação das suas sentenças. Transcrevo duas.

Três energúmenos, num restaurante, fizeram propostas indecentes a uma senhora que era um membro, incógnito, da polícia.
Foram processados e o juiz Cicconetti condenou-os, primeiro a 30 dias de prisão; em seguida, comutou-lhes a pena em “algo de mais fantasioso”: os três homens, alternadamente, deverão mascarar-se de frango – como se vê na foto – e permanecer, durante tês horas, diante do Palácio da Justiça local, com um cartaz: “Não existe nenhum Chicken Ranch na nossa cidade”.
Esta mensagem refere-se ao “World Famous Chicken Ranch”, um prostíbulo, no Nevada, onde a prostituição é legal.

Anteriormente, a uma pessoa que insultara um polícia, chamando-lhe suíno, condenou-o a estacionar na rua, com um suíno ao lado e o imprescindível cartaz: “Este não é um polícia

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Suponhamos que pudesse existir, em Portugal, um juiz que se assemelhasse ao juiz Cicconetti – pelo apelido, é de origem italiana e não me admiraria nada se oriundo de Nápoles, tal é o sentido do humor dos napolitanos!

Suponhamos que algumas das nossas figuras públicas tropeçassem em deslizes, incongruências e aberrações políticas (o que é sempre muito real); estivesse na lei processá-las por essas infracções (país da utopia!) e o Sr. Juiz, julgando as acrobacias dessas personagens, e também conhecedor da máxima que “o ridículo mata a credibilidade”, emitisse sentenças à Cicconetti!
Come sarebbe bello!

Alda M. Maia

domingo, agosto 05, 2007

AMORALIDADE NA POLÍTICA
OLHEM A NOVIDADE!...

E reatemos a conversa.

No dia 8 de Junho, George Bush iniciou a sua visita, de dois dias, a Roma. Toda a cidade, sobretudo onde deveria passar o Presidente americano, estava, praticamente, blindada: os sólitos contestatários anunciavam, rumorosamente, manifestações contra a presença de Bush.

Várias ruas foram fechadas ao trânsito e este tornou-se caótico.
Um senador da República, Gustavo Selva, precisamente nessa altura, deveria chegar aos estúdios televisivos da estação “La 7”, a fim de participar num debate político para que fora convidado.
Como não conseguia mover-se, quer em táxi ou qualquer outro meio de transporte, preocupado com o atraso, decidiu recorrer a uma ambulância de emergência que ali estacionava, fingindo que não se sentia bem – problema cardíaco. Os médicos de serviço, naturalmente, prestaram-lhe as atenções devidas, cuidados médicos que o paciente recebeu, mesmo até com uma certa arrogância, sobretudo em relação aos enfermeiros.

Passados os momentos de primeiro socorro, o “Onorevole Senatore” deu o endereço dos estúdios televisivos e o pessoal da ambulância, ignaro da mistificação a que fora submetido, partiu, na convicção de que se dirigia para o consultório do seu cardiologista.

Assim, Gustavo Selva, ex-jornalista RAI, chegou a tempo para exprimir a sua “competentíssima” opinião no debate televisivo: “custos da política e privilégios dos parlamentares”.
Somente que, a meio do programa, aludiu, pública e candidamente (ou estúpida e arrogantemente?), à artimanha a que recorreu, lembrando-se dos seus tempos de jornalista, a fim de chegar a tempo ao início do debate
O que o senador não previu foram as fortes reacções escandalizadas dos demais colegas – já não falando do público em geral.
Num gesto “nobre”, enviou carta de demissão ao Presidente do Senado.

Há dias, o volte-face: não, senhor, não há cá demissões nem meias demissões. Atendendo aos “muitos e-mails recebidos e mensagens de apoio” (?), Gustavo Selva retira o pedido de demissão e fica “a cumprir o seu dever”.
Um dever heróico! A República é generosíssima na compensação material deste género de dever: quer em altas mensalidades; quer em múltiplas regalias.

O partido a que pertencia – Aliança Nacional - não gostou nem aprovou esta atitude.
O “onorevole” Selva não ficou perturbado: transmigrou para o partido “Força Itália”, onde o receberam condignamente.

Por onde andará a dignidade deste homenzinho?

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OS INFORTÚNIOS DE UM DEPUTADO

Cósimo Mele, 50 anos, casado, três filhos, proveniente da província de Bríndisi e na qual foi eleito, dentro do partido UDC (União dos Democratas Cristãos e de Centro), para a Câmara dos Deputados.
Aqui já se fala de um “Onorevole Deputato”!

Nos últimos dias de actividade parlamentar, antes de se entrar em férias, nos dias 28/29 de Julho, a Câmara Baixa votou, definitivamente, a reforma da Justiça e as votações prolongaram-se até altas horas da madrugada.

Desconheço se Cósimo Mele se manteve no Parlamente por tanto tempo. Presumo que fez gazeta, visto que foi jantar a um bom restaurante na companhia de um amigo e, em seguida, acompanhado por uma prostituta de classe, (falam de duas), instalou-se numa suite do Hotel Flora na célebre Rua Véneto (Via Veneto). Embora tivesse casa montada em Roma, “ et pour cause”, foi para o luxuoso Hotel Flora.

O festim decorreu à base de álcool e droga. A um certo ponto, a companheira da noitada sentiu-se mal por overdose. O Sr. Deputado pressentiu o escândalo, tergiversou, sem saber o que devia fazer à vida dele, até que chamaram uma ambulância e levaram a rapariga, às oito horas da manhã, para o Hospital.

Imediatamente, correram vozes que o caso envolvia um parlamentar. Não teve outra escolha senão confessar que era ele, Cósimo Mele, o herói do acontecimento.

Para não prejudicar o partido”, apresentou a sua demissão ao secretário do mesmo. Esclareçamos: demitiu-se do partido, não do cargo parlamentar!
Ingressou no “Grupo Misto” da Câmara – pelos vistos, este grupo misto é o refúgio dos que sentem o rabinho colado às poltronas.

A parte cómica veio depois. O secretário do CDU, Lorenzo Cesa, sempre grande defensor da família e dos valores católicos – aliás, aquele partido pretende distinguir-se por paladino indefesso das virtudes - justificando Cósimo Mele, alvitrou: “Fala-se tanto dos custos da política, mas é necessário pagar mais a um parlamentar para que a família o acompanhe nas suas permanências em Roma. A vida de um parlamentar é dura e a solidão é uma coisa séria”.
Em conclusão, os deputados que se deslocam a Roma, deixando a família em casa, precisam de mais dinheiro.
Segundo os mais indiscretos, a tarifa da prostituta foi de 500 euros; à outra, que não se sabe como apareceu em cena, deu 300€.

Desencadeou-se outro vespeiro!
O presidente da Câmara, Bertinotti, classificou esta proposta como “privilégio imoral”.
Não somente imoral, como amoral e ridículo.

O sarcasmo nos jornais, generalizado, foi implacável.
O que mais me divertiu e me provocou sonoras gargalhadas foi um editorial de Francesco Merlo, no jornal “La Repubblica” do dia 31 de Julho: “O deputado, a rameira e as ajudas de custo de abstinência”

O Sr. Secretário Cesa, agora, dá o dito por não dito.

Quanto ao deputado infeliz nas aventuras amorosas, que deu explicações muito atabalhoadas; que deplorou a situação de como enfrentar a mulher e os filhos; que declarou que o acontecido não tinha nada que ver com os valores da família e que nem por isso deixaria de ser um bom pai e um bom marido, só porque depois de cinco dias, fora de casa, não quis perder uma ocasião - chamemos-lhe “uma ocasião”!... O Sr. Cósimo Mele, concluindo, está a ser investigado por “cessão de droga e omissão de socorro”. Em palavras correntes: fornecimento de droga e indiferença perante o perigo de vida que corria a prostituta. O que o mais preocupou, em tão inesperado percalço, era a salvaguarda da sua posição de “onorevole deputato”.
Preocupação inútil para um deputado muito pouco “onorevole”!
Moral da história? Disgusting!
Alda M. Maia