terça-feira, setembro 18, 2007

E POR QUE NÃO IGNORÁ-LO?

Todas as vezes que o santão dos infelizes predestinados ao martírio e dos amantes da violência assoma às luzes da ribalta, os meios de comunicação apresentam o homem como uma das mais importantes figuras dos tempos modernos e expandem-se em comentários: a CIA redobrou o alerta; que mensagens cifradas quererá transmitir; prenunciam-se violentos actos de terrorismo, etc., etc. Refiro-me, obviamente, a Bin Laden.

E em todas essas vezes, pergunto-me: é mesmo necessário dar tanto relevo a essas aparições e às banalidades retóricas, imbuídas de ameaças, juntamente com a manifestação de uma religiosidade cujo único fim é fomentar ou instilar ódios e gerar fanatismo?

Antes, era Al Jazeera o meio por excelência da propaganda dos actos terroristas e da transmissão das mensagens dessa personagem e sequazes.
Agora, servem-se da Internet e, consequentemente, o evento ecoará nos jornais e televisões de todo o mundo com um certo sensacionalismo. È mesmo útil, necessário e aconselhável?

Certamente que os serviços secretos e a polícia antiterrorismo devem tomar em séria consideração tais aparições e mensagens. Dar-lhes a máxima importância e jamais descurar o menor indício que conduza a práticas de terrorismo ou a suspeitos terroristas.

Relativamente aos meios de comunicação social, todavia, insisto nas minhas perplexidades: por que não ignorar, tacitamente, essas intervenções espectaculares de Bin Laden e discípulos ou epígonos, visto que a propaganda e sensacionalismo são a linfa que alimenta a exaltação dos terroristas?
É óbvio que necessitam dessas caixas de ressonância para impor-se pelo medo a estes ocidentais sempre condescendentes em procurar razões sociais, psicológicas, históricas que expliquem esta praga dos nossos tempos.
Mas haverá uma explicação?
Estes mesmos ocidentais têm demonstrado ausência de medo? Têm brilhado por dignidade? Têm defendido com determinação os princípios por que se regem as democracias: defesa da liberdade de expressão, dos direitos humanos, da laicidade do Estado, por exemplo?

O Dalai Lama, assim como várias personagens que estudam o fenómeno terrorismo, preconizam o diálogo, mesmo com Bin Laden.

Dialogar deveria ser sempre a primeira atitude defronte a um opositor ou inimigo. Mas dialogar sobre quê? Que princípios defendem que o mundo ocidental, assim como os muçulmanos – a grande maioria - que vivem a sua fé com equilíbrio e seriedade, possam aceitar ou considerar como justos? Como se pode aceitar uma violência pela violência, o gosto – direi sádico – de semear morte e destruição, escolhendo os lugares onde a tragédia constitua espectáculo e produza o maior número de vítimas?
Como é possível dialogar com quem exaspera a própria fé e pretende impô-la sem o mínimo respeito por credos diferentes?
Pode-se mesmo dialogar com tal gente? Se é possível, bem venha o diálogo. Mas é possível?

Entretanto, ignore-se, mediaticamente, as proclamações de quem adoptou a violência como sistema de vida. Ignorem a personagem e não lhes dêem qualquer relevância. Penso seja este um bom modo para, em parte, neutralizar essa importância ostentada.

Sempre entendi que a intelligence deveria funcionar verdadeiramente com inteligência e sem tréguas, quer a nível local, quer global e numa coordenação e cooperação, sem rivalidades, com todos os países de boa vontade. As falhas que apontaram, precedentes à tragédia do 11 de Setembro, são imperdoáveis.
Paralelamente, uma polícia antiterrorismo bem preparada e dotada dos meios mais sofisticados na luta a esta violência gratuita, é indispensável em qualquer país.
É com estas armas e iniciativas que se faz a guerra ao terrorismo, e os factos mais recentes, verificados na Alemanha e Dinamarca, comprovam-no.
Guerra ao terrorismo? E por que não usar as palavras luta e neutralização? Significam mirar o alvo, evitando causar vítimas inocentes.
Alda M. Maia

segunda-feira, setembro 17, 2007

O MACACO ENAMORADO


Sentiu-se doente e deprimido, depois que a mãe o abandonou. Agora, porém, descobriu o amor, e a sua vida mudou.
Um macaco de 12 anos, na província de Goangdong, na China, recuperou o prazer de viver, graças a uma insólita companheira: uma pomba branca.
Um estranho par, não haja dúvida!
Esta curiosa história foi narrada no "Daily Mail".
www.repubblica.it - 14/09/2007
Alda M Maia

terça-feira, setembro 11, 2007

AGORA QUE A GRANDE ONDA PASSOU…

Nunca sinto qualquer tentação ou impulso de vir escrever, isto é, conversar, neste o blogue, sobre as personagens ilustres que vão desaparecendo. Refiro-me às figuras célebres cuja fama sempre acompanhei. Com Luciano Pavarotti, o caso impôs-se e deixou-me consternada.

“Addio Pavarotti”, “Addio Maestro”, “Addio Big Luciano” são os títulos que mais se repetiram, nos vários noticiários ou jornais, anunciando o falecimento do grande tenor.

Segui integralmente a função fúnebre, na Catedral de Módena, e confesso que me emocionei, sobretudo na parte final.
Depois de Andrea Bocelli ter cantado “Ave Verum Corpus”, e já esse cântico foi um momento de intensa emoção, os técnicos que curaram a transmissão inseriram o dueto, de alguns anos atrás, de Pavarotti com o pai, interpretando o hino “Panis Angelicus”.
Já tinha visto e ouvido esse dueto. Ora, ali, naquela circunstância, naquele momento, a Catedral prenhe das vozes dos dois Pavarotti, uma das quais trémula e demonstrando os quase noventa anos, o clima emocional foi pesadíssimo; os aplausos, dentro e fora da Catedral, duraram longos minutos.

Escreveu-se muito sobre o grande tenor: hiperbolicamente sobre os dotes canoros; críticas sobre a vida privada; dúvidas a reduzir a grandeza da sua preparação técnica.
Apenas sei exprimir uma singela opinião: não se atinge aquele nível se não existem bases sólidas de preparação. O instrumento canoro, mesmo que excepcional, por si só, nunca elevou ninguém às alturas a que chegou Pavarotti. Que teria qualidades para ser o virtuoso dos virtuosos, de todos os tempos, e nunca se esforçou para aí chegar? Não duvido. Mesmo assim, é um grande tenor.

Sempre entendi que a boa música encanta, arrebata, emociona. Nestes dias, tenho escutado velhos discos de Beniamino Gigli, Enrico Caruso; CDs de Pavarotti e Plácido Domingo. Vozes excelsas que escuto frequentemente, assim como outras igualmente célebres. Não escondo, todavia, que Pavarotti emociona-me um pouquinho mais que os outros.
Dos "três tenores", deixou-me perplexa a ausência, no funeral, dos dois restantes. Empenhos artísticos tão absorventes que lhes não permitiram dar uma última saudação ao colega? Muito estranho!
Aliás, no meio de tantas personagens, o mundo lírico brilhou pela sua ausência.
No entanto, diante dos microfones das televisões mundiais, ninguém se eximiu de expressar opiniões e pensamentos elevados!

No telejornal RAI1 das 20h, de hoje, as três filhas do primeiro casamento fizeram ler uma carta. Nela agradeciam o afecto demonstrado à figura do pai. Paralelamente, solicitavam mais comedimento da imprensa nas "especulações sobre a existência de um novo testamento e prováveis desentendimentos entre herdeiros. Especulações absolutamente fora da verdade".
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Segue-se, na imprensa, a segunda fase e que já era de esperar: precisamente essas especulações ou coscuvilhices, sobretudo nos tablóides. Nada de novo, afinal.
Alda M. Maia

sábado, setembro 01, 2007

A CIDADE DE TURIM



Uma vista da cidade





Cúpula da Capela do Santo Sudário

Torino Nocturna - zona do centro de Turim - fachada da estação dos caminhos-de-ferro - "Porta Nuova"
Turim vista do Monte dei Cappuccini

Monte dei Cappuccini e Rio Pó












Basílica de Superga

Um recanto do Parque Valentino

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TURIM , A CIDADE MAIS VERDE DE ITÁLIA
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É Turim a cidade italiana com maior densidade de verde urbano: 16,2% contra uma média nacional de 4,2%. Estes dados emergem da última relação ISTAT (Instituto nacional de estatística italiano), "indicadores ambientais urbanos" (...)
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Com os seus 18 milhões de metros quadrados de área verde: sessenta mil árvores ao longo de trezentos quilómetros de ruas arborizadas e de outras cem mil nos bosques da Colina que sobranceia Turim; com os seus parques e jardins, a cidade ocupa o primeiro lugar, relativamente ao espaço dedicado à vagetação (...).
La Stampa, 30/08/2007
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Esta informação não me surpreende. Conhecendo profundamente Turim, que classifico como uma das cidades mais lindas de Itália, o que sempre me encantou foi, precisamente, o verde que a reveste.
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Não somente o verde, mas também me encanta a conformação da cidade com as suas muitas avenidas amplas, arborizadas e de vários quilómetros de extensão.
Dou um exemplo: a avenida (corso), onde morei durante 32 anos, na primeira parte chama-se Corso Peschiera. Em seguida, Corso Einaudi. Continua como Corso Someiller. É cortada pela Rua Nizza, afunila-se e prossegue, mais modestamente, como Rua Valperga Caluso. Esta, finalmente, desemboca numa outra grande avenida que a intersecta, Corso Massimo D'Azeglio. Já se está no fundo da cidade e Corso M. D'Azeglio corre paralelo ao famoso Parque Valentino e ao Rio Pó.
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Para além do Pó, eleva-se a Colina, coroada pelo Monte dei Cappuccini e pela soberba Basílica de Suiperga.
Foi neste local onde se despenhou o avião que transportava a famosa equipa do Torino e onde periram todos os jogadores. Provinha de Lisboa.
Embora não seja grande "tifosa" de futebol, sempre olhei com muita simpatia as performances do Torino, recordando a tragédia que o danificou para sempre.
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Quanto haveria para dizer sobre esta estupenda, culta e lindíssima Capital do Piemonte! Não é só o afecto que a ela me liga e que, portanto, a vê com olhos lisonjeiros: Turim é, verdadeiramente, uma esplêndida cidade.
Lamento que os organizadores de roteiros turísticos marrem para os mesmos itinerários do costume. Ensinaram-lhes só aquilo!...
Alda M. Maia