ROMA INVADIDA POR BÁRBAROS
O que sucedeu em Roma nos dias 18 e 19 deste mês de
Fevereiro foi notícia que ecoou em toda a Europa. A maior parte das referências
limitava-se a citar desacatos e distúrbios provocados pelos adeptos da equipa
de futebol holandesa Feyenoord que jogaria, no dia 19, com a Roma (Liga Europa).
Não penso que os vocábulos “desacatos e distúrbios”
possam bastar, na sua concreção, para exprimir actos de autêntico vandalismo
levados a cabo por cerca de 500 a 600 indivíduos, adeptos do Feyenoord.
Na quarta-feira, dia 18, ao fim da tarde iniciaram os
desacatos e menosprezo da parte histórico da capital italiana. Prosseguiram no
dia seguinte, fazendo da Praça de Espanha, meta diária de numerosos turistas, o
centro de uma guerrilha de devastação de monumentos e ofensas à cidade de Roma.
Desta guerrilha de bêbedos, desordeiros e vândalos
contra polícia e carabineiros resultaram cerca de 20 feridas nas forças de
segurança.
É desolador ver aquela praça transformada numa
autêntica lixeira. Foi necessário mobilizar 10 operadores com 4 meios adequados
para efectuar uma limpeza maciça e recolher 20 metros cúbicos de lixo,
sobretudo vidro.
Mais desolador ainda é o dano causado à Fonte de
Bernini, a famosa Barcaccia, e o aspecto degradante que apresentava esta obra
de arte: um receptáculo de garrafas de cerveja e outras imundícies. As garrafas
serviram de tiro ao alvo, provocando estilhaços, lascas do monumento, o que tornará
difícil a reparação; lesões que já classificaram como irreparáveis. Poucos
meses antes tinham terminado obras de restauro desta Fonte, obras que custaram 200
mil euros.
Muito acima da desolação, todavia, está a indignação
por esta falta de respeito pelo que é sacro em todos os países: os seus
monumentos.
Os prejuízos causados à cidade foram ingentes. Além de
vitrinas partidas e outras devastações, foi calculado um dano de 3 milhões de
euros aos comerciantes daquela zona por falta de encaixe, visto que foram
forçados a fechar os estabelecimentos enquanto os bárbaros se divertiam a
mutilar a cidade.
Conhecem-se
casos de tropelias e violência, aquando de jogos de futebol de uma certa
importância e popularidade, em várias cidades europeias. Todavia, vândalos como
os que agiram em Roma, não consta que haja paralelo.
Aqueles energúmenos partiram da Holanda, mas chegaram a
Itália com proveniência da Bélgica. Desviaram o trajecto a fim de evitar
sinalizações que os apontassem como adeptos desordeiros. Portanto, livres de praticar
acções de ultraje e proceder com uma total falta de civismo numa cidade, toda
ela um monumento ao ar livre, qual é a cidade de Roma.
Estes arruaceiros vieram da Holanda, país ultracivilizado!
Como se compreende? Pergunta ociosa. Provocadores deste género existem em todos
os países e ser hooligan da pior espécie, pelos vistos, é um ponto de honra, mesmo de pessoas de
uma classe social privilegiada, como se verificou na maior parte dos holandeses
detidos em Roma.