domingo, agosto 28, 2005

AS CRÍTICAS AO PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Acho quase divertida a polémica entre Maria João Seixas e Helena Matos, no jornal Público. Muito correcta a primeira, na sua carta aberta; desagradavelmente ácida a segunda, na sua resposta.
O motivo principal da discórdia é a crítica de Helena Matos ao Presidente da República a propósito da concessão de uma medalha ao famoso grupo musical U2.

Já em tempos reparei, e noto-o de novo, o modo sistemático como Jorge Sampaio é criticado. Qualquer comentário, discurso ou acção, isto é, apenas abre boca ou toma uma iniciativa, tudo constitui motivo para flechadas. Merecidas? Ninguém é perfeito; porém, a maior parte não as justifico.

Mas voltemos à controvérsia entre as duas jornalistas. Quem tem razão? Não, não deve ser esta a pergunta. Apresento uma segunda: quais os melhores argumentos apresentados?
Também a esta pergunta não quero responder. Formulo outra: qual o argumento que se me apresentou mais antipático? Aqui, sim, e não tenho dúvidas: a réplica de Helena Matos acerca do respeito devido ao Presidente da República. Reproduzo-a: “Quem nos faltou ao respeito foi o dr. Jorge Sampaio, que recebeu oficialmente, na presidência da República, os U2 como se os tivesse convidado para jantar em sua casa.”

Que nos faltou ao respeito? A quem?! À Helena Matos e aos seus simpatizantes? Ou a nós, cidadãos portugueses?
Como cidadã portuguesa, não me sinto nada ofendida. Também não reconheço a Helena Matos nenhum título representativo da “dignidade nacional ofendida”. Portanto, que fale por si e pelos seus amigos; mas que o especifique bem. Tenho direito a não ser confundida com os pruridos formais da Sra. Helena Matos.
Se bem que ... os U2 podiam ter usado um vestuário mais adequado para receber a medalha. Todavia, não vejo nisso qualquer ofensa, mas apenas mau gosto.
Alda Maia







sábado, agosto 27, 2005

A BANALIZAÇÃO DA TRAGÉDIA

Ou a mísera consistência dos nossos telejornais e o confrangedor profissionalismo dos jornalistas encarregados dos serviços externos.

Já muito se falou da destruição de enormes áreas do nosso património florestal. Os incêndios deflagraram, de norte a sul, com uma violência e intensidade verdadeiramente aterradoras.
Todavia, o modo como esta tragédia foi apresentada, nos vários noticiários, criou uma espécie de desinteresse e enfado, tal era a verborreia de palavras e imagens insistentemente repetidas. Assim, esse mísero jornalismo conseguiu embotar a real percepção do que estava a acontecer.

Foi através de um noticiário de uma televisão estrangeira - a qual apresentou os incêndios em Portugal como a segunda notícia mais importante do dia – que só então obtive a concreta visão da tragédia que devastava o nosso País: palavras sucintas; poucas imagens, mas bem enquadradas; nenhuma concessão ao sensacionalismo ou banalização das cenas dramáticas que apresentava.
Alda Maia

sexta-feira, agosto 05, 2005

ENERGIA NUCLEAR

Fala-se, com muita desenvoltura, da energia nuclear como alternativa à escassez de petróleo ou aos problemas daí derivados.

Continuamente lemos de escórias radioactivas a viajar por essa Europa e sem nunca sabermos onde são depositadas ou como são tratadas. Conhecemos, sim, o perigo que tais resíduos constituem para a humanidade e a perduração desse perigo por centenas de anos.

Agora pergunto: toda essa desenvoltura não será fruto de grande leviandade? Por que razão não se estudam ou aproveitam, com mais intensidade, outras fontes de energia?
Será uma pergunta ociosa, porque óbvia, mas sempre oportuna.

Além do problema dos resíduos, as centrais nucleares já deram provas de quanto pode ser devastador – terrificantemente devastador – se nelas sucede algum desaire. Alguém pode garantir que, no futuro, isso não sucederá de novo? Utopia!
Alda Maia


LUÍS FIGO ALL’INTER DI MILANO

Há quantos dias que eu não vinha conversar neste blog! Excesso de argumentos e falta de tempo para escrever sobre todos eles. Além disso, muitas leituras atrasadas e que tão cedo não porei em dia. Mas hoje…

Acabei de ver e ouvir o telejornal da RAI1. Nunca me agrada, vista a despudorada parcialidade como apresenta os vários temas, sobretudo de carácter político. Não obstante a irritação que me provoca, continuo a vê-lo. Se calhar para ter ocasião de me indignar – uma vez mais – contra Berlusconi e alguns trogloditas que fazem parte do Governo. Aliás, nada do que faz parte da coligação governativa me agrada.
Divertiu-me, todavia, a notícia desportiva

O Sr. Luís Figo, pelos vistos, é tema de grande agitação no mundo futebolístico milanês. A “Internazionale”, mais conhecida como “Inter”, adquiriu-o do Real Madrid e com um contrato de três milhões de euros por dois anos.
Esperavam-no… ainda não tinha chegado… já tinha partido num avião privado…
Valha-nos Deus! E são estas as figuras que hoje em dia auferem milhões e excitam os ânimos!

Não sei qual estranha associação de ideias me sugere relacionar estes milhões de Luís Figo com os milhões de Berlusconi.

Luís Figo tem provado que é um esplêndido atleta e um grande campeão

O primeiro-ministro italiano aumentou desmesuradamente a sua fortuna a partir do momento que começou a jogar no campo político, tornando-se, actualmente, no vigésimo quinto multimilionário mundial.

Grande homem de negócios? Sem dúvida nenhuma. Nunca me esqueço de uma entrevista que deu ao jornalista Enzo Biagi, declarando, muito singelamente: “ tive de entrar em política para salvar os meus haveres (per salvare la mia roba)”. Elucidativo!...

Grande campeão da política? Que Deus proteja à Itália! Mas que lhe acuda mesmo e dê uma forte dose de bom-senso e um profundo sentido de coesão aos partidos de centro-esquerda (a oposição) de modo a levá-los a ganhar as próximas eleições.
Alda Maia