domingo, agosto 09, 2015

PAUSA DE AGOSTO 2015 

E durante esta pausa, eis o guardião sempre atento e sempre fiel.



Os dias de Agosto concederão mais tempo livre. E como este terá  momentos de sobra, aproveitem para aceder ao site www.referendoao90.wordpress.com e adiram à iniciativa dos 52 ilustres mandatários – ilustres na verdadeira acepção da palavra.

Não se deixem narcotizar pela expressão rotineira que, sobre este assunto, tenho ouvido com frequência: “agora já não vale a pena”.
Vale, sim. Parafraseando Fernando Pessoa, tudo, absolutamente tudo vale a pena se a nossa mente não permitir que a indiferença sufoque a capacidade de indignar-se.
Tudo vale a pena se a nossa mente está sempre activa e sempre atenta ao que fere a correcção e honestidade públicas.
Tudo vale a pena se não permitirmos que a tacanharia nos avassale e soubermos reagir a prepotências e decisões que amesquinham o país. 


Férias ou dias de descanso serenos e felizes.

segunda-feira, agosto 03, 2015

IGNORÂNCIA, SUPERFICIALIDADE,
 INTERESSES COMERCIAIS.
SEJA MUITO BEM-VINDO O REFERENDO

Os interesses comerciais são manifestos. A ignorância e superficialidade foram demonstradas sem tantos ambages. Mas ignorância e superficialidade de quem e sobre o quê?

No jornal Público de 29 e 30 de Julho da semana passada, foram publicados dois artigos de dois juristas, Ivo Manuel Barroso e Artur Magalhães Mateus, com o título: “As posições dos partidos políticos sobre o Acordo Ortográfico de 1990”.
Descrevem a posição de cada facção partidária e todas brilharam por uma ampla aceitação desse acordo, sem que as opiniões negativas de especialistas da matéria, de profissionais de altos estudos fossem tidas em consideração.
E foi aqui que também brilharam, com excepcional fulgor, a ignorância, a superficialidade e politiquices dos nossos representantes na Assembleia da República. Leiamos com atenção o arrazoado destes senhores.

O artigo atrás citado transcreve o que exprimiu o porta-voz parlamentar do PS, Carlos Enes, no plenário da AR de 28/02/2014: “O Acordo de 1990 foi… herdeiro do espírito humanista, iluminista e republicano que visava uma simplificação da escrita com vista a combater o analfabetismo.

Em primeiro lugar, surge uma pergunta rudimentar: por que razão não se aperceberam que esse herdeiro de espíritos tão elevados desvia a nossa língua das suas raízes clássicas, desclassificando-a perante as línguas românicas co-irmãs?

Tem alguma noção do que foi o Renascimento, logo, o Iluminismo e Humanismo?
Acha então que estes espíritos, o Humanista e o do “século das luzes”, o Iluminismo, serviram para tão pouco, tal como simplificar a escrita, “com vista a combater o analfabetismo”?
Para tão modestos resultados - ademais, plenos de incongruências - foi necessário subir a tão altos progenitores? As luzes do Iluminismo, então, foram muito opacas!...
Não diga asneiras, Sr. Deputado. Ensinei tantas crianças e alguns adultos a escrever com a ortografia equilibrada de 1945 – ortografia bem fundamentada por linguistas altamente competentes – e, nos alunos, nunca houve dificuldades na assimilação de uma escritura correcta.

Os alunos actuais são menos inteligentes e menos preparados no que concerne a nossa língua, este português de Portugal e dos PALOP? Não creio.
Aliás, mais favorecidos na era actual, quando os meios de informação são em maior número e mais desenvolvidos. Arranje outros argumentos, Sr. Deputado Carlos Enes. Menos ridículos, mas, sobretudo, menos falsos como este:
“(…) este … é um Acordo que não fere a dignidade de Portugal, é um Acordo político que visa uma projecção mundial da língua portuguesa como um meio de comunicação entre os povos sem que nenhum deles perca a sua especificidade linguística e a sua identidade” - Acrescente-se que o PSD e CDS afinam pelo mesmo diapasão.

O acordo fere a dignidade de Portugal, fere a especificidade da nossa língua materna, fere a identidade de língua românica da qual somos filhos de há oito séculos.

Recorde-se que os países africanos de língua portuguesa falam o português europeu. Recorde-se que a política portuguesa, neste assunto, foi simplesmente indecente, quando não atribuiu aos PALOP a mesma importância que atribuiu ao Brasil.
Recorde-se que o Brasil tem um português que deriva das suas múltiplas etnias e que são normais certas diferenças sintácticas, semânticas e fonológicas.

Portugal não necessita de acordos deste jaez para “sair do aconchego do seu cantinho”, como alguém escreveu. Este “cantinho” tem e sempre teve um grande oceano à sua frente. Não só deu “novos mundos ao mundo”, como espalhou uma língua por vários continentes. Que esta língua se adapte ao meio onde cresce, é fenómeno corrente.
Senhoras e Senhores superficiais, ignorantes ou “comerciantes de palavras”, insisto: encontrai outros argumentos menos irreais e inconsistentes. E estudai melhor o que verdadeiramente é a vossa/nossa língua, como nasceu e como evoluiu.

Figuras do nosso mundo intelectual e político patrocinaram um referendo contra o famigerado AO90. Farei de tudo para recolher o maior número de assinaturas.

E SEJA MUITO BEM-VINDO ESTE REFERENDO.