segunda-feira, maio 29, 2017


Diana Yukari/Business Insider
LA REPUBBLICA  - 29 / 05 / 2017 

segunda-feira, maio 22, 2017

RACISMO: SENTIMENTO EXECRÁVEL

O termo racismo, normalmente, refere-se a sentimentos discriminatórios no hemisfério da criatura humana.
Alimentando este sentimento, o que se demonstra? Acima de quaisquer outras interpretações, avulta um triste limite das tão famosas “células cinzentas” do Sr. Poirot de Agatha de Christie.
 Enfim, uma estupidez inadmissível numa pessoa de inteligência normal que albergue concepções que desdenhem de um seu semelhante, somente porque este apresenta características étnicas diferentes.
Diferentes, sim, mas humanas e sempre, sempre, um nosso semelhante.

Aqui estão as razões por que detesto pessoas que alimentem sentimentos deste género. Se querem odiar alguém, odeiem-no por uma justificada antipatia, por possíveis crimes cometidos ou algo semelhante; jamais pela cor da pele ou por qualquer outro aspecto físico. Jamais!

E agora um caso demonstrativo da maldade pela pura maldade e o exemplo admirável e corajoso de um médico.   

Numa localidade do norte de Itália, os moradores da aldeia de 400 habitantes, “Roata Canale” (Cúneo), recusaram o acolhimento de imigrantes que deveriam ser hospedados nos locais da paróquia.
Este projecto de acolhimento não teve o agrado geral. Muitos habitantes protestaram e, num pequeno cartaz explícito, colocado bem à vista na paróquia, avisaram:
Isto não é um conselho, é uma ameaça: nós não queremos os negros”.

O médico de um hospital da cidade de Cúneo, Dr. Corrado Lauro, tomando conhecimento desta atitude, no Facebook deixou uma mensagem, explicando: “Começa assim a minha resistência”:
“Aos habitantes da aldeia de Cuneo que expuseram o cartaz «Nós não queremos os negros» comunico que não entendo prestar-lhes alguma intervenção sanitária, excepto em caso de imediato risco de vida ou se configurassem as condições de uma denúncia do crime de omissão de socorro. Sois, portanto, convidados a dirigir-vos a um outro profissional mais qualificado”.

Com eleições autárquicas em curso, o centro-direita contestou a decisão do médico e nasceu a polémica. O Dr. Corrado Lauro limitou-se a escrever na sua página Facebook: Perdoai-me, devo apagar os reflectores e tornar aos meus pacientes”   

Porém, os vinte e quatro refugiados não serão recebidos. Venceu a intolerância daqueles habitantes e o pároco, com a colaboração do bispo, declarou, durante a missa, que “Não existem condições ambientais para realizar o processo de abrigo com a utilização dos locais da casa das obras paroquiais”.

A expressão “Não existem condições ambientais” brilha como um eufemismo excessivamente benévolo para quem só demonstrou um primitivismo animalesco, intolerável num país de elevada civilização.    

Moral da história? Habitantes fechados aos sofrimentos alheios, à solidariedade e a um humanismo sempre pronto a dar a mão a quem dela necessite.
Serviria a leitura atenciosa dos vários serviços jornalísticos sobre as violências, violações e furto dos bens dos refugiados pelos traficantes de seres humanos, durante o percurso, sobretudo na Líbia, até desembarcarem na Itália. 
Esta leitura talvez conseguisse iluminar e esclarecer estes cérebros obtusos, conduzindo-os para sentimentos altruístas que tão úteis seriam nestas circunstâncias ou similares. 

segunda-feira, maio 15, 2017

O ANTIGO TRIBUNAL DE GALES FOI ABAFADO PELA NATUREZA E AS SUAS CORES SÃO UM ESPECTÁCULO
 
"Esta vivenda encontra-se em Llanrwst, uma pequena cidade de 3 mil habitantes em Gales do Norte, e está inteiramente coberta de hera. As trepadeiras cobriram também o telhado do “Tu Hwnt i’r Bont” e oferecem um espectáculo único no seu género. Torna-se ainda mais sugestivo pela ponte de pedra e pelo rio que passa diante do edifício, assim
como pelo variegar das estações do ano.

Esta residencial de 1480, na realidade é mais antiga do que a ponte de Inigo Jones que se encontra ao lado. Antes de ser a casa de chá que é hoje, foi utlilizada como Palácio da Justiça e com a praça do pelourinho, precisamente vista da ponte.

Esta residencial de 1480, na realidade é mais antiga do que a ponte de Inigo Jones que se encontra ao lado. Antes de ser a casa de chá que é hoje, foi utilizada como Palácio da Justiça e com a praça do pelourinho, precisamente vista da ponte.

Através dos séculos, a estrutura caiu em ruínas várias vezes. Todavia, foi reconstruída e restaurada, graças à generosidade dos habitantes locais; foi adquirida depois pela National Trust.

Decidiram, então , transformá-la num tea room tradicional do País de Gales.
A sua fachada, única no mundo, que muda de cores de estação em estação, tornou-se numa verdadeira atracção turística. Milhares de turistas passeiam de fronte mesmo que seja apenas para um selfie. No momento actual, o verde é intenso, brilhante. Depois do verão tornar-se-á vermelho, em seguida amarelo consoante as mudanças da natureza.


Mas além da sua incrível fachada, o “Tu Hwnt i’r Bont” é muito conhecido na zona. Não somente pelo chá que serve, mas pelos scones: fogacinhas típicas galesas que são preparadas com uma receita secreta e antiquíssima, apenas conhecida pelo padeiro mestre e pelos seus ajudantes."  - De Noemi Penna; La Stampa

segunda-feira, maio 08, 2017

 NEM TODAS AS ONG SÃO FILANTRÓPICAS?

Na Itália, a polémica sobre a integridade humanitária de algumas “organizações não-governamentais” (ONG) alargou-se e os partidos mais em sintonia com o populismo - a “Liga Norte” na vanguarda – exploraram o facto para generalizar as acusações.

Não existem quaisquer provas ou, como mínimo, actos de colaboração dúbia entre os socorristas e socorridos. Todavia, o Procurador de Catânia, Carmelo Zúccaro, asseriu; “Entre o pessoal das ONG, há figuras que não estão muito em sintonia com as dos filantropos; seria útil individuar as fontes de financiamento das ONG de existência mais recente. As finalidades da solidariedade estão entre as mais nobres que o homem persegue (…). Mas neste caso, há interesses em jogo que não provêm somente de quem é salvo”.

Já em Dezembro 2016, o Financial Times, “citando fontes confidenciais”, denuncia “Possíveis interacções entre ONG que operam no Mediterrâneo e traficantes de seres humanos”.
Não esqueçamos que existem ONG absolutamente insuspeitáveis, como “Médicos sem Fronteiras”; “Save the Children”; “SOS Mediterranée”, e tantas outras.  
Poderá haver indivíduos que, infiltrando-se em qualquer ONG de formação recente, ouse aproveitar-se das circunstâncias para fins menos nobres. Todavia, acredito que este fenómeno, absolutamente negativo, se localize num plano muito, mas muito excepcional.

Entre sexta e sábado passados, foram recolhidos no mar, ao largo da costa líbia, cerca de 6.000 migrantes. É impressionante a foto publicada no jornal La Stampa - “traçado radar que mostra a situação à volta de uma das embarcações de uma ONG empenhada no socorro no mar”.
Pode dizer-se que isto é o trágico panorama, praticamente quase diário, que se verifica no Mediterrâneo.

Não se pode discordar da opinião do Alto-Comissário para os Refugiados quando diz:
“É necessário enfrentar os motivos que estão na base das migrações e, da mesma maneira, oferecer alternativas seguras a estas perigosas travessias e às pessoas que têm necessidade de protecção internacional, inclusive modos acessíveis e seguros para chegar à Europa como reunificação familiar, recolocação e reinserção.
“Intervir antes que as pessoas sejam capturadas e expostas a terríveis abusos por parte dos traficantes na Líbia e noutros países de trânsito; e antes que embarquem para atravessar o Mediterrâneo (…)”

Que mais podemos acrescentar? Pobre gente! Que os seus países de origem, com o auxílio dos países europeus e similares, resolvam os conflitos internos e desenvolvam uma economia que os ponha ao abrigo da miséria e do atraso e, paralelamente, saibam enfrentar mudanças climáticas que lhes criem problemas sérios.

segunda-feira, maio 01, 2017

REFERENDO: 
DEMOCRACIA DIRECTA OU DEMAGOGIA?

Certamente que seria um instrumento correcto, quando aplicado numa democracia sólida e onde a política, obviamente, é desenvolvida com paixão no desenvolvimento de ideias amplas e concretas para uma administração centrada no progresso do país. Mas existem democracias claudicantes. O referendo, em determinadas circunstâncias, apresenta-se como um instrumento oportuno a que recorrem os aspirantes a um poder totalitário.
Para tal fim, a informação torna-se retórica e jamais pormenorizada sobre a autêntica finalidade que estes aspirantes pretendem obter. Confiam na boa-fé da maioria dos votantes, e esta maioria, mal informada, dá-lhes o prémio ambicionado.

Outra forma discutível, no recurso a referendos, situa-se nas tácticas de políticos que, ante problemas governamentais, desejam ser reeleitos ou garantir o tempo integral do respectivo mandato através da promoção do fatídico referendo, ignorando ou subavaliando as consequências que tal acto possa arrastar.

O exemplo recente é o famigerado Brexit. O Reino Unido referendou o divórcio da União Europeia. Na sua elevada inconsciência, descurou a reduzida margem da vitória do referendo: 51,8% contra 48,2%.
Os seus dirigentes - Cameron na primeira fila - auscultaram com seriedade o pensamento dos cidadãos britânicos? Ou melhor: elucidaram-nos concretamente sobre o que significava, sobretudo para a economia do país, o abandono de uma União que em nada os prejudicava nem, contrariamente ao que o orgulho nacional insinuava, lhes subtraía soberania no que concerne o respeito de algumas regras? Orgulho desmesurado ou superficialidade?

Nos últimos dias, as notícias giram à volta das negociações da União Europeia com a Grã-Bretanha, a fim de estabelecer as normas da separação.
Pelos vistos, a dirigente britânica, a Sra. Theresa May, insiste na rejeição das propostas da União que não coincidem com as conveniências do seu país. Resumindo: nós viramos costas à União Europeia, porém, fora ou dentro, tudo deve permanecer igual, o que não é possível.

E aqui surge a prova sobre referendos por táctica política e sempre muito discutíveis. Uma sondagem recente, no Reino Unido, indica que a maioria, hoje, votaria pela permanência na União Europeia: 45% lamenta o abandono; 43% insiste na separação; 12% é indeciso. As consequências negativas são já perceptíveis e a população adverte o erro da separação.

Numa entrevista ao conhecido ex-primeiro-ministro britânico, Tony Blair, na leitura das suas respostas vislumbra-se o bom senso. Quando lhe perguntam se ainda crê na União Europeia, respondeu:
As razões para a existência da Europa unida são ainda mais fortes do que no passado. Certamente que a UE tem necessidade de reformas, mas quem acredita na sua desintegração é um iluso.
No mundo globalizado, contam as dimensões. O único modo de competir com gigantes como China e Índia, para as nações europeias, é estar juntas. Pessoalmente, não perco a esperança de que a Grã-Bretanha ainda possa tornar a fazer parte da União. O debate sobre a Brexit está longe de ficar concluído.”