terça-feira, fevereiro 27, 2007

“A DITADURA DA CONSCIÊNCIA”

"A ditadura da consciência” é o título de um interessante artigo de Humberto Galimberti, publicado, ontem, no jornal La Repubblica.
A base deste editorial é a demissão de Romano Prodi de primeiro-ministro do governo italiano.
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“Quando se está na iminência de causar um desastre ou já com o desastre concretizado, há uma palavra mágica que é evocada para garantir-se a impunidade, ou até mesmo o respeito da parte de quem não compartilha as posições e, sobretudo, as consequências da acção. Esta palavra mágica chama-se «consciência» (…) A «consciência» e a sua variante que são os «princípios» ”
Também lhe chamaria o pára-vento de muita mesquinhice e fanatismo.

A maioria muito limitada, no Senado, é o fruto envenenado, deixado pelo governo Berlusconi, da reforma eleitoral aprovada, exclusivamente, pela maioria governativa, nos últimos quatro meses do mandato e com a finalidade de pôr obstáculos à vitória de Prodi. Um dos autores dessa lei chamou-lhe uma porcata. Elucidativo!

O que sempre me surpreendeu, e surpreende, é o descaramento, a cara de bronze dos compagnons de route de Berlusconi. Aviaram aquela indecência, tanto que é conhecida, ironicamente, como lei porcellum. Agora, com toda a desenvoltura, acham que não está bem e, para as próximas eleições, deve ser mudada. Cinismo ou falta de vergonha? As duas coisas.

Vamos à crise de governo e que espero se resolva ainda esta semana.

Dois senadores da extrema-esquerda, os quais fazem parte da actual maioria, decidiram votar contra o governo que deveriam sustentar. Tudo por uma questão de consciência e coerência, no que concerne a política externa: são contra as tropas italianas no Afeganistão; não concordam com o alargamento da base americana na cidade de Vicenza.

Esta coerência na defesa dos “princípios pacifistas” faria sentido se não tivessem sido eleitos senadores e, portanto, aceitado a defesa de um programa de governo que conheciam bem, quando foram eleitos, e ao qual aderiram. Assim, a justificação de não ir contra os princípios é frágil e estúpida. Se os não queriam trair, a única forma digna e correcta seria a demissão de parlamentares ou, então, nunca terem aceitado fazer parte da lista de candidatos ao parlamento.

Política é a arte do compromisso, das negociações, do respeito pelos tratados internacionais, da aceitação de uma síntese que melhor sirva os interesses do país. Mas aos dois irredutíveis essas concepções não interessam; não faz parte da única retórica política que conhecem e com a qual atafulharam o cérebro.

Quanto a renunciar ao lugarzinho no Senado, são idealistas, pois claro, mas não tão desinteressados que os levem a abdicar das robustas vantagens materiais que o Parlamento italiano concede aos seus eleitos. E considerando esta circunstância, os ideais não são para aqui chamados!...

A coisa mais interessante desta crise foi a reacção dos simpatizantes e militantes dos dois partidos a que pertenciam os réprobas - Refundação Comunista e Comunistas Italianos (PRC e PDCI). Os respectivos sites na Internet foram bombardeados com críticas desapiedadas: a culpa principal não era dos dois, mas dos responsáveis dos partidos que os propuseram.
Estou inteiramente de acordo.

A tempestade não se verificou só na Web. Após a votação, dentro do Senado, os insultos não se pode dizer que fossem mais castos do que aqueles que se lêem na Internet.

Dos vitupérios, passou-se a vias de facto.
Na viagem de regresso, no comboio, um colega de partido de um dos “traidores”, quando o viu, mudou de carruagem: “Não viajo na companhia de gente desta laia”. O visado aconselhou-o a não exagerar. Aproximaram-se um do outro, as coisas azedaram-se e um sopapo foi ao encontro do nariz do senador infiel.

Quando li esta notícia, sucederam-se três reacções.
Primeiro, dei uma gargalhada: o cómico da situação apresentou-se-me.
Em seguida, avultou o bom senso a qualifiquei o gesto: “Isto não é correcto. Não é assim que se deve proceder”.
Por último e lá no fundo, bem no fundo, surgiu uma certa satisfaçãozinha: “Para que aprendas a não ser irresponsável nem beneficiário da probabilidade do regresso de Berlusconi!”.

Qual destes três sentimentos foi predominante, ainda o não descobri. Faria uma bela figura se indicasse o segundo, mas devo ser honesta. Assim, acho que o melhor é atribuir um ex aequo!

Houve outra notícia que também me divertiu. O pároco de uma pequena localidade umbra, admirador de Berlusconi, quando soube da queda do governo, pôs os sinos a tocar a repique: pretendeu dar conhecimento do seu júbilo ao presidente da câmara municipal; obviamente, de centro-esquerda!
Quis mostrar-se digno sucessor, embora extemporâneo, do D. Camilo de Guareschi.
Alda M. Maia

segunda-feira, fevereiro 19, 2007

SENHORILIDADE

Dos endereços mais famosos da Internet, You Tube é o que menos me chama a atenção.
Por curiosidade, visitei-o uma ou duas vezes. Depois disso, não lhe atribuo qualquer importância que mereça perder tempo a revisitá-lo.
Melhor ainda, You Tube tornou-se-me decididamente antipático. Se é receptáculo de vídeos interessantes, de mistura também se pode considerar o mais ilustre caixote do pior lixo.

De novo, os jornais apresentaram o enésimo caso de adolescentes que se servem da Internet para divulgarem vídeos a luz vermelha. Neste tema, a precocidade é rainha.

A cena mostra uma professora de matemática - que descrevem perto dos quarenta anos - a ser apalpada por três alunos. Estes colocaram-se atrás da senhora e um dos três, com o telemóvel, ia filmando as performances dos colegas. Durou 85 segundos e, como já vai sendo um triste hábito, o vídeo foi posto no You Tube.
Tudo se passara em Março do ano passado, porém, só agora explodiu e o vídeo foi obscurecido.

Nos tempos de hoje, eu sei que o ensino, em certas escolas, tornou-se uma espécie de aventura e nunca se sabe se a aula poderá ser ministrada sem conflitos. A violência e mau comportamento dos alunos já não são excepções

No escândalo deste apalpamento, há certos aspectos, todavia, que me deixam muito perplexa.
A professora está sentada a explicar a matéria: por qual motivo consentiu que os três fedelhos se colocassem atrás da cadeira? Enquanto os meninos se divertiam, nada lhe chamou a atenção?

Perante a nudez do fundo das costas, pois a blusa era curta, a mão de um aluno que se introduzia nas calças – no filme vê-se a professora a retirar-lhe essa mão atrevida – a pergunta vem-me espontânea: possível que nenhuma reacção a levasse a agir com rigor e autoridade? Teve receios?

Não quero condenar a senhora, mas quem exerce uma profissão dedicada ao ensino e que deve lidar com todo o género de alunos, não seria aconselhável abdicar de certas preferências – pelo menos no local de trabalho – e usar um vestuário menos escravo da moda?

Aquelas blusas de malha ou quejandos, muito estreitas e deixando que o umbigo de vez em quando faça a sua aparição, estão de harmonia com o que se diria elegância e bom gosto, sobretudo em mulheres que já de há muito deixaram a adolescência? Nos lugares de ensino, estão em consonância com aquele mínimo de dignidade que os professores deveriam sempre manter na presença dos seus alunos?

A senhorilidade natural, portanto sem pretensiosismo nem afectação, deveria ser qualidade própria e indispensável de quem faz parte da classe docente. Não para criar distâncias entre professores e alunos, o que seria estúpido e contraproducente: é num clima de estreita comunicabilidade que melhor se consegue transmitir conhecimentos. Não esqueçamos, todavia, que é nos ambientes onde não existe respeito mútuo que o ensino sofre as piores frustrações.

A actual moda do “tu cá, tu lá” entre professores e alunos é verdadeiramente um sinal de melhor inter-relação? Nenhuma autoridade deve mesmo existir entre quem ensina e quem aprende?

Serei antiquada, mas todas essas atitudes parecem-me, simplesmente, uma péssima interpretação de modernices pouco inteligentes.
Sempre entendi que o professor se deva distinguir por competência, afabilidade, dignidade e interesse pelo bom êxito dos seus alunos: nunca esqueça, porém, que acima de tudo é o mestre, não o amigalhaço.
Alda M. Maia

terça-feira, fevereiro 13, 2007

“UMA IGREJA LIVRE NUM ESTADO LIVRE

“”Non possumus”: não podemos. Desde o dia seis deste mês que esta expressão latina, usada noutras circunstâncias históricas e agora repetida num artigo de fundo do jornal “Avvenire”, órgão do bispado italiano, desencadeou severas reacções na imprensa italiana.

Aproveito-a, entretanto, para aplicá-la ao bom êxito do sim no referendo sobre a interrupção voluntária da gravidez.
Non possumus aceitar a penalização do aborto: a maioria dos votantes assim o decretou; cabe às forças do Governo e ao Parlamento, a partir de agora, preparar uma lei decente, socialmente justa, eticamente aceitável.

Não concordo com certas opiniões acerca de quem perdeu ou ganhou. Quando se diz que a Igreja Católica saiu derrotada, penso que esta afirmação seja bastante imprópria.

A Igreja nem perdeu nem ganhou: limitou-se a defender os princípios éticos do catolicismo. Fez o que devia e o que dela se esperava.
Houve certas quedas de estilo, nisso estou de acordo. Alguns representantes demarcaram-se de um comportamento sereno: quer no desequilíbrio das palavras; quer em argumentações exacerbadas e de péssimo gosto.

Apesar de sermos um país essencialmente católico, temos sabido criar leis em sintonia com as características de um estado laico e em conformidade com a preocupação de salvaguardar deveres e interesses do cidadão, mesmo que tais leis nem sempre coincidam com os ditames religiosos.
Legislou-se sobre as uniões de facto, por exemplo, e soubemos reparar injustiças inerentes a estas realidades, hoje em dia muito comuns.

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NON POSSUMUS

Desde que o governo italiano, no Conselho de Ministros, aprovou um projecto de lei sobre as uniões de facto – lei cautelosa, mesurada e evitando chocar sentimentos religiosos - a hierarquia católica, esquecendo-se da ponderação que sempre deve orientar a defesa da fé e dos cânones que a sustentam, decidiu comportar-se como se a Itália fosse “um protectorado do Vaticano”.
Papa, cardeal Ruini (presidente da CEI e um cardeal decididamente reaccionário), L'Osservatore Romano, Rádio Vaticano e demais instituições católicas lançaram-se numa cruzada incompreensível.

Neste projecto de lei, o que mais exaspera os homens do Vaticano, segundo dão a entender, é a inclusão das uniões dos homossexuais.

«Artigo 1: Duas pessoas de maior idade, ainda que do mesmo sexo, unidas por recíprocos vínculos afectivos, que convivem estavelmente e se prestam assistência e solidariedade material e moral (…)
«Art. 6: Para fins da presente lei os sujeitos da alínea 1 são definidos “conviventes”»

Isto é um projecto de lei que pode ser aperfeiçoado e que, segundo sondagens, a maioria dos italianos aprova. Repare-se que não se fala de casamentos de homossexuais; apenas serão considerados "conviventes".

Terça-feira passado, dia seis, o quotidiano “Avvenire” – órgão da Conferência Episcopal Italiana, CEI – publicou um editorial que mais parece um ultimato ao governo que uma defesa de princípios. Eis o título: «Il perché del nostro leale “non possumus”» (o porquê do nosso leal “non possumus”)

Depois de todas as considerações, negativas, em relação ao projecto de lei, no último parágrafo a CEI demonstra, sem ambages, o pouco ou nenhum respeito que deve às decisões de um estado livre. Transcrevo-o.
Por estes motivos, se o texto que ora circula como indiscrição (o texto do projecto de lei) fosse substancialmente confirmado, nós, por lealdade, devemos desde já dizer o nosso “non possumus”. Que não é, de maneira nenhuma, um gesto de arrogância, mas sim a consciência do que devemos – por serviço de amor – ao nosso País. A indicação franca e desarmada de uma clara divisão que, inevitavelmente, pesará no futuro da política italiana”.
Em palavras mais chãzinhas: ou fazeis o que nós determinarmos ou tudo faremos para que o governo salte. Por “lealdade”, eles avisam!...

Felizmente, nem todos os eclesiásticos se reconhecem neste fundamentalismo, mas a maior parte não pode pronunciar-se. E não pode, sobretudo, quando escuta as altas hierarquias e o próprio Bento XVI que não perde ocasião, quase diariamente, de exprimir censuras a quem entende “subverter a família”;Conceder o sufrágio do próprio voto a um texto legislativo, tão nocivo para o bem comum da sociedade, é um acto gravemente imoral”. Estas são duas das múltiplas exteriorizações de Sua Santidade.
Temos de concluir que, para Bento XVI, o governo italiano é um subversivo!

Pelos vistos, o governo do Sr. Berlusconi era mais aceitável!...
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O director do jornal La Repubblica, num belíssimo editorial de 7/02/2007, pergunta: «É ainda consentido, na Itália de 2007, crer em Deus e votar à esquerda?»
Termina o artigo com esta frase: «Hoje, arriscam a fazer-nos encontrar um Deus de direita, e somente dizê-lo já parece uma blasfémia»

Em tantos anos que sigo a politica italiana, nunca assisti a uma tão indigesta e pesada campanha contra o poder legislativo e, repito, a independência de um estado laico.

Defender a fé e ética católicas é um sacrossanto direito e dever; ditar comportamentos é fundamentalismo intolerável para quem raciocina com o bom senso e perfeita consciência dos direitos e deveres do cidadão comum.
Só pergunto: aonde quer chegar a Igreja Católica? Entende, verdadeiramente, fazer cair o governo e pugnar para que seja eleita uma subserviente coligação de direita, como muitos aventam?

Pretende confrontar-se com os fundamentalismos de outras religiões, imitando-os?

Não seria muito mais inteligente considerar e sopesar bem os tempos modernos, limando o que deve ser limado; adaptando, com equilíbrio, o que deve ser adaptado; fazendo suas campanhas que a coloque na vanguarda da luta às piores e inúmeras mazelas, espirituais e físicas, dos nossos tempos?

Perante a praga da pedofilia; do fenómeno de mulheres e crianças escravizadas e condenadas à prostituição; da violência e pornografia que inundam as televisões; do império de máfias e tráfico de droga e de tantas outras feiuras que caracterizam os tempos em que vivemos, raramente se ouve a voz estentórica, premente da Igreja.
São temas oportunos, sim, mas para discursos solenes de ocasião. A voz apenas se torna altissonante e insistente, como neste caso, para impor preceitos que eles dizem “não negociáveis” – antipática expressão muito usada ultimamente.

Não creio que intransigências de princípios – que em certas situações são bem relativos - levem os católicos, tolerantes e compreensivos do mundo que os rodeia, a seguir passiva e servilmente o autoritarismo das hierarquias responsáveis. Mas estes senhores, pastores de almas, parece que vivem alcandorados nas altas montanhas dos dogmas e não arranjam tempo para descer a vale e inteirar-se das agruras dos problemas diários que afligem os rebanhos.
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Ao fim e ao cabo, são homens falíveis como os demais. Não é esta constatação que nos faz desviar da identidade religiosa em que nos educaram. Falo por mim, obviamente.
Alda M. Maia

domingo, fevereiro 04, 2007

MAS QUE “CAGNARA”!

Cagnara, vocábulo italiano que, no sentido próprio, significa latido de muitos cães juntos; em sentido figurado (o de maior uso): confusão, barafunda, vozearia descontrolada ou discussões rumorosas que somente traduzem a vontade de quem deseja falar mais alto.

Mesmo para aquela percentagem dos habituais indiferentes a quaisquer manifestações cívicas, até mesmo para esses, torna-se impossível não seguir a campanha sobre a despenalização do aborto.

Devo dizer que não apresenta aspectos de uma campanha, mas de uma “cruzada”: desde os tons apocalípticos às excomunhões, aos hinos à liberdade, à sacralidade da vida, e por aí adiante, não há “princípios” que não sejam arremessados contra quem manifeste ideias opostas.

Investida por esta balbúrdia de vozes, o primeiro termo que me ocorreu foi, precisamente, “cagnara” (canhara). Sinceramente, não me merece outro.

Sempre esperei que a campanha ora em curso, dada a delicadeza do tema, se desenvolvesse em forma moderada, a meio tom, embora com o máximo empenho de quem nela quis participar e recorrendo a argumentações sérias sobre as várias interpretações que a caracterizam.

No entanto, onde deveria esclarecer-se perplexidades, instalaram-se raciocínios que não provêm nem são elaborados pela consciência e bom senso, mas pela exacerbação de princípios ou fundamentalismos religiosos.
Paralelamente, quando se usa, como argumento central, a inteira liberdade de quem deve decidir, descura-se o dramatismo do caso.

O referendo quer determinar a despenalização, ou não, da interrupção voluntária da gravidez, dentro de certas condições e por opção da mulher.

É óbvio que há mulheres frívolas, levianas, cujo egoísmo e insensibilidade sufocam os demais sentimentos. Para estas, consequentemente, o aborto significa libertarem-se de um empecilho. Mulheres deste género são a excepção e, penalizações ou não penalizações, o aborto efectuá-lo-ão desenvoltamente: na clandestinidade ou em clínicas privadas, dentro ou fora do país; nada as demoverá, nada as comoverá.

Falemos, portanto, daquela generalidade que não é frívola nem leviana.

Sobre a sacralidade da vida humana, partindo do embrião, parece-me que se usa e abusa de uma ênfase mais próxima da intransigência religiosa que de uma análise sem preconceitos.

Quando leio ou escuto insistentes referências à consciência, penso imediatamente na consciência de quem teve ou deve abortar. Estas mulheres também têm uma consciência, não é necessário que outrem a sinta por elas. Certamente que pensarão no ser que começou a desenvolver-se no próprio ventre: um filho! Se decidiram interromper a gravidez, circunstâncias graves se impuseram e o drama não deixa de ser parte incindível de tal opção.

Assim, é-me impossível conter a sensação de repugnância defronte a acções penais onde, normalmente, existem decisões traumáticas. É-me impossível não sentir um desagradável mal-estar perante criminalizações em vez de auxílio moral e comparticipação numa escolha tão dolorosa.

Se o sim predominar, espero que se criem consultórios de aconselhamento, obrigatórios, a fim que todos os esclarecimentos sejam dados e toda a ajuda, nessa escolha, seja prestada por pessoas idóneas e bem preparadas.

Evidentemente que votarei SIM à despenalização do aborto; e sem a mínima hesitação.

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Em caso de dúvida, o Sr. Cardeal-patriarca de Lisboa aconselhou a abstenção. Não me parece um alvitre digno de uma cidadania consciente.

Nunca experimentei simpatia pela renúncia a um dever e direito, exclusivos de cidadãos livres e responsáveis da harmonia da vida cívica do país onde vivem.

Nasci e cresci dentro de uma ditadura. A democracia restituiu-me este direito de participar e contribuir, com o meu voto livre, para um desenvolvimento moderno, próspero e equilibrado do nosso País, isto é, um desenvolvimento que nunca se desvie das mais puras regras democráticas.
De tal direito nunca abdicarei.
Alda M. Maia