quarta-feira, maio 10, 2006

TURIM (TORINO)

Nas viagens organizadas à Itália, raramente a cidade de Turim é incluída nos roteiros habituais. È pena, pois não sabem o que perdem.

Para mim, Torino é uma das localidades mais lindas do norte de Itália – do norte e de toda a península itálica. Nesta apreciação, sou bastante suspeita, visto que foi uma cidade que, praticamente, me adoptou e que eu adoptei.

Vivi em Turim trinta e dois anos. Conheço a cidade melhor do que tantos habitantes nados e criados naquela grande cidade.
Regressei a Portugal, mas não deixo de lá voltar periodicamente. Devo ir, pois sinto-me em casa tanto em Turim como aqui em Vila Nova de Famalicão. Moral da história, tenho o coração partido a meio: metade lá; metade cá.

Amanhã parto, via Madrid, para Torino. Só regressarei nos primeiros dias de Junho.

Entretanto, terei ocasião de votar nas autárquicas; talvez ainda vá a tempo de dar um salto à feira do livro – a mais importante de Itália – e espero não cair em tentações.
De novo visitarei o museu egípcio: quantas vezes percorri aqueles salões e sempre como se fosse a primeira vez! Só este grande museu já mereceria uma viagem a Turim - no mesmo palácio existe a Galeria Sabauda, uma pinacoteca rica e interessantíssima.
De novo percorrerei as salas da Galeria de Arte Moderna (GAM) – outro museu que, pela enésima vez, não deixarei de visitar.

Concluindo: estou já a saborear, antecipadamente, o meu “soggiorno nella mia Torino”.

Ainda há, no programa, uma “Asparzata”. Traduzo e explico: reunião de radioamadores, num almoço, cuja especialidade serão os espargos. Estes serão o pretexto; a grande finalidade será um simpático convívio e ao qual não quero faltar. A I1YG (o meu indicativo italiano de radioamadora) promete-se um dia esplêndido. Ámen!

Aos meus quatro ou cinco leitores digo ciao até Junho.
Alda M. Maia

terça-feira, maio 02, 2006

OS DEMAIS E DE MAIS

Achei graça a um post, lido há uns dias atrás, no blogue abnoxio3.blogs.sapo.pt, sobre ortografia.
Referia-se o autor às “modas ortográficas”, tomando como exemplo o título de um artigo de Vasco Pulido Valente: “Agora ou tarde demais

Quer em jornais, revistas ou obras literárias, a locução adverbial de quantidade ou intensidade “de mais”, quase invariavelmente, é grafada “demais”.

A confusão entre o vocábulo “demais” (pronome/determinante; advérbio de modo; locução adverbial de modo) e “de mais” (locução adverbial de quantidade) é generalizada: não somente em quem escreve, como em alguns dicionários e gramáticas.

No excelente dicionário Houaiss, nos vários significados atribuídos à palavra "demais", lê-se: “(2B) em excesso, além da conta, além da justa medida (nunca é demais (?!) avisá-lo dos perigos da situação); (3B) demasiadamente, de maneira muito forte”.
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Fiquei muito perplexa! E logo no Houaiss, a quem chamo “o Majestoso Houaiss”!...
Estas acepções pressupõem intensidade; ora os bons gramáticos não admitem a palavra "demais" como advérbio de quantidade. Todavia, na “Gramática Da Língua Portuguesa”, de Pilar Vázquez Cuesta e Maria Albertina Mendes da Luz, por exemplo, incluem-na nessa subclasse. A gramática de Celso Cunha e Lindley Cintra, idem. A confusão é mesmo soberana!...

Sempre encontrei resposta às minhas dúvidas no “Tratado de Ortografia da Língua Portuguesa” de Rebelo Gonçalves e nisto de "demais" e "de mais", este tratado é bem claro na distinção entre as duas expressões.
Também são muito claros os Dicionários de Morais, Porto Editora, Dicionário Prático Ilustrado da Lello, Grande Dicionário Enciclopédico Ediclube, bons escritores, bons autores de Prontuários Ortográficos. Para mim, são estes os mais lógicos. Os demais são simplistas de mais e duvido do rigor como encaram a questão.

Tive duas excelentes professoras de português: a minha Mãe, na escola primária; a Dra. Sílvia Moreira, no ensino secundário. Quando se tropeçava nesta ratoeira, a regra era sempre a mesma: se queres que a expressão signifique demasiado, excessivo, de mais contrapõe-se a de menos; consequentemente, deve escrever-se separado.
Elementar, Senhores Distraídos!
Apetecia-me escrever "Senhores Ignorantes", mas não quero chegar a tanto!...
Alda M. Maia