ISOLAMENTO DE ISRAEL
No passado dia 19, o jornal italiano “L'Unità” publicou um artigo de Furio Colombo, cujo título é: “Ataque a Israel”.
Furio Colombo é um escritor, jornalista, foi professor na Columbia University; actualmente é senador, eleito pelo centro-esquerda.
Sempre se mostrou como um grande defensor de Israel e, frequentemente, escreve sobre os problemas que afligem este país. Transcrevo alguns excertos do artigo.
"Os jornais e as agências do mundo anunciam o pedido da associação dos jornalistas e cronistas ingleses (National Union of Journalism) de «boicotar os produtos israelianos, segundo o modelo de boicotagem imposto à África do Sul, no tempo do apartheid».
O voto dos jornalistas (66 a favor, 54 contrários) diz-nos que aquela importante associação se une à associação britânica dos arquitectos e à organização dos docentes universitários. Estas duas últimas associações, em dois diversos congressos, em duas datas diversas, tinham pedido, não somente a boicotagem, mas também o bloqueio de qualquer permuta ou colaboração cultural com Israel".
(…) "Pode ser útil notar que os três eventos, com o mesmo significado (isolar Israel), manifestaram-se em três momentos diversos.
No primeiro (docentes universitários), há a guerra no Líbano, enquanto os mísseis de Hezbollah caem sobre Israel e, pela primeira vez, Israel parece em perigo".
"O segundo coloca-se no período da interposição das forças internacionais (…), enquanto Hezbollah invade as ruas de Beirute, com um milhão de militantes, para proclamar a vitória.
O terceiro sucede exactamente no dia em que Israel celebra a memória da Shoah, ocasião em que não há guerra, não estão em curso acções militares (…)"
(…) "Os jornalistas do Reino Unido requerem a boicotagem de Israel no momento em que o jornalista inglês Johnson foi raptado, continua prisioneiro, mas com ameaças de execução ou execução já efectuada, por uma organização palestiniana".
(…) "É impossível não dar espaço à hipótese de que a pouco nobre reviravolta de juízo dos nossos colegas ingleses seja um episódio de oportunismo: um alinhar-se, deliberadamente sensacional, contra Israel, como gesto considerado útil (ou exigido) para a libertação – se é vivo – do prisioneiro Johnson. Temo que não seja verdade. Se o fosse, ter-se-ia escolhido um percurso diverso daquele voto que, como se vê (66 a 54), é sempre arriscado".
"Assim, a tomada de posição dos jornalistas ingleses contra Israel parece-me espontânea, efectiva expressão de sentimentos e persuasões, num sector particularmente informado da opinião pública inglesa. Portanto, incrível"
Fúrio Colombo, no seu artigo, continua a analisar a anomalia dos jornalistas, arquitectos e docentes universitários britânicos que fingem ignorar ou não dar importância a tantos acontecimentos trágicos que se verificam por esse mundo fora, mas, pelo contrário e com tanto zelo, votam ao ostracismo o estado de Israel, precisamente o “Estado dos judeus”.
"Mas a clamorosa diferença no juízo que diz respeito a Israel em relação a qualquer outro evento, por quanto gritante e dramático, é evidente: explica-se somente com um forte preconceito, uma firme discriminação para com o Estado dos judeus".
"Certo, Israel não produz gás ou petróleo e este facto liberta jornalistas, arquitectos e docentes ingleses dos escrúpulos de realpolitik”.
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Eu serei menos diplomática. Irei para além dos preconceitos e discriminações.
Estou a recordar-me do que se passou, neste último Natal: as iniciativas, aqui na Europa, para obscurecer tradições cristãs a fim de não “chocar os sentimentos” dos fieis muçulmanos.
Haverá sentimentos anti-Israel, disso não há dúvidas. Todavia, não haverá também uma grande dose de oportunismo, temor e pusilanimidade de jornalistas, arquitectos e professores universitários – outros virão a seguir!... - perante os potenciais terroristas à solta lá pelo Reino Unido? Ora, como não consta que Israel treine aspirantes a mártires – crianças e mulheres - e os envie, embutidos de explosivo, a semear destruição e morte entre inocentes, o mais prudente será captar a simpatia de quem se serve de tais meios e rapta ocidentais!...
Israel, por vezes, faz muita asneira, o que só agrava a situação médio-oriental.
Nunca esqueço, porém, que sempre viveu rodeado de inimigos e cuja aspiração, da maior parte destes, em relação aos israelitas, é “atirá-los ao mar” ou aniquilá-los de uma vez para sempre. Assim, toda a minha simpatia vai, e sempre foi, para quem é forçado a defender-se, embora não deixe de criticar o que deve ser criticado e sinta compaixão pelo povo da Palestina. E quando digo povo, refiro-me à população inerme; não aos seus pseudo paladinos, os quais são os piores inimigos da causa palestiniana, isto é, do povo a que pertencem.
Alda M. Maia