segunda-feira, abril 23, 2007

ISOLAMENTO DE ISRAEL

No passado dia 19, o jornal italiano “L'Unità” publicou um artigo de Furio Colombo, cujo título é: “Ataque a Israel”.

Furio Colombo é um escritor, jornalista, foi professor na Columbia University; actualmente é senador, eleito pelo centro-esquerda.
Sempre se mostrou como um grande defensor de Israel e, frequentemente, escreve sobre os problemas que afligem este país. Transcrevo alguns excertos do artigo.

"Os jornais e as agências do mundo anunciam o pedido da associação dos jornalistas e cronistas ingleses (National Union of Journalism) de «boicotar os produtos israelianos, segundo o modelo de boicotagem imposto à África do Sul, no tempo do apartheid».
O voto dos jornalistas (66 a favor, 54 contrários) diz-nos que aquela importante associação se une à associação britânica dos arquitectos e à organização dos docentes universitários. Estas duas últimas associações, em dois diversos congressos, em duas datas diversas, tinham pedido, não somente a boicotagem, mas também o bloqueio de qualquer permuta ou colaboração cultural com Israel".

(…) "Pode ser útil notar que os três eventos, com o mesmo significado (isolar Israel), manifestaram-se em três momentos diversos.
No primeiro (docentes universitários), há a guerra no Líbano, enquanto os mísseis de Hezbollah caem sobre Israel e, pela primeira vez, Israel parece em perigo".
"O segundo coloca-se no período da interposição das forças internacionais (…), enquanto Hezbollah invade as ruas de Beirute, com um milhão de militantes, para proclamar a vitória.
O terceiro sucede exactamente no dia em que Israel celebra a memória da Shoah, ocasião em que não há guerra, não estão em curso acções militares (…)"

(…) "Os jornalistas do Reino Unido requerem a boicotagem de Israel no momento em que o jornalista inglês Johnson foi raptado, continua prisioneiro, mas com ameaças de execução ou execução já efectuada, por uma organização palestiniana".

(…) "É impossível não dar espaço à hipótese de que a pouco nobre reviravolta de juízo dos nossos colegas ingleses seja um episódio de oportunismo: um alinhar-se, deliberadamente sensacional, contra Israel, como gesto considerado útil (ou exigido) para a libertação – se é vivo – do prisioneiro Johnson. Temo que não seja verdade. Se o fosse, ter-se-ia escolhido um percurso diverso daquele voto que, como se vê (66 a 54), é sempre arriscado".

"Assim, a tomada de posição dos jornalistas ingleses contra Israel parece-me espontânea, efectiva expressão de sentimentos e persuasões, num sector particularmente informado da opinião pública inglesa. Portanto, incrível"


Fúrio Colombo, no seu artigo, continua a analisar a anomalia dos jornalistas, arquitectos e docentes universitários britânicos que fingem ignorar ou não dar importância a tantos acontecimentos trágicos que se verificam por esse mundo fora, mas, pelo contrário e com tanto zelo, votam ao ostracismo o estado de Israel, precisamente o “Estado dos judeus”.

"Mas a clamorosa diferença no juízo que diz respeito a Israel em relação a qualquer outro evento, por quanto gritante e dramático, é evidente: explica-se somente com um forte preconceito, uma firme discriminação para com o Estado dos judeus".

"Certo, Israel não produz gás ou petróleo e este facto liberta jornalistas, arquitectos e docentes ingleses dos escrúpulos de realpolitik”.

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Eu serei menos diplomática. Irei para além dos preconceitos e discriminações.

Estou a recordar-me do que se passou, neste último Natal: as iniciativas, aqui na Europa, para obscurecer tradições cristãs a fim de não “chocar os sentimentos” dos fieis muçulmanos.
Haverá sentimentos anti-Israel, disso não há dúvidas. Todavia, não haverá também uma grande dose de oportunismo, temor e pusilanimidade de jornalistas, arquitectos e professores universitários – outros virão a seguir!... - perante os potenciais terroristas à solta lá pelo Reino Unido? Ora, como não consta que Israel treine aspirantes a mártires – crianças e mulheres - e os envie, embutidos de explosivo, a semear destruição e morte entre inocentes, o mais prudente será captar a simpatia de quem se serve de tais meios e rapta ocidentais!...

Israel, por vezes, faz muita asneira, o que só agrava a situação médio-oriental.
Nunca esqueço, porém, que sempre viveu rodeado de inimigos e cuja aspiração, da maior parte destes, em relação aos israelitas, é “atirá-los ao mar” ou aniquilá-los de uma vez para sempre. Assim, toda a minha simpatia vai, e sempre foi, para quem é forçado a defender-se, embora não deixe de criticar o que deve ser criticado e sinta compaixão pelo povo da Palestina. E quando digo povo, refiro-me à população inerme; não aos seus pseudo paladinos, os quais são os piores inimigos da causa palestiniana, isto é, do povo a que pertencem.
Alda M. Maia

2 Comments:

At 6:44 da tarde, Blogger a d´almeida nunes said...

Esta questão da existência do Estado de Israel é, efectivamente, muito complexa, do ponto de vista dos jogos cruzados de fundamentalismo religioso e poder económico...
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Com que então, já não há hipótese de passar despercebido? A verdade é que, eu e o Guilherme (já não gosta que o trate por Gui), passámos uma tarde memorável. Dado que ficámos os dois sozinhos em casa, apresentei a sugestão de irmos fazer uma visita àquele carvalho, de que me tornei um grande amigo. Aquele Quercus, carvalho português, está localizado numa zona de reserva ecológica, de grande beleza ambiental, praticamente em estado selvagem ( e abandonada). Plano aceite lá fomos dar uma volta em pleno 25 de Abril (decididamente já estou farto de políticos carreiristas, a maior parte já com as suas carteiras recheadas de subsídios, "indemnizações", pensões(?!)).
Há que passar o testemunho aos jovens!
Mas também já é tempo de estes se compenetrarem da sua missão de renovação do tecido político deste país. Depois queixam-se de que os "velhos nunca mais morrem"!
Um abraço
António

 
At 3:49 da tarde, Blogger Alda M. Maia said...

Nenhuma hipótese de passar despercebido. E se não tivesse tirado a boina, mais identificável ainda!
Se volta a passar por aqui: CT1EQ ainda vive em Leiria?
Um 88 ao grande fotógrafo Guilherme.
Alda

 

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