segunda-feira, abril 02, 2007

O PARTIDINHO DOS ANTI-IMIGRANTES;
CIDADÃOS DE UM PAÍS DE EMIGRANTES!


Não os proíbam, não os vitimizem: combatam-nos no terreno das ideias e dos valores” – assim escreveu o director do "Público", no seu editorial de sexta-feira, 30 de Março, a propósito do cartaz do “Partido Nacional Renovador” contra os imigrantes.
Palavras sacrossantas e que se subscrevem sem reservas, quando se trata de combater pessoas em boa-fé. É este o caso? Ainda que o não seja, continuo a considerá-las palavras justas.

Pacheco Pereira, no dia seguinte, defende o mesmo princípio: “Não passa pela cabeça de todos estes «democratas» que a liberdade de expressão só tem sentido se defender o direito de alguém dizer aquilo de que não gostamos, dentro da lei”.
Também aqui, subscrevo integralmente. Nunca concebi uma democracia onde à liberdade de opinião se antepusessem limites ou condições fora das leis que regulam uma convivência civilizada.

O que está expresso no cartaz do PNR, na praça Marquês de Pombal, em Lisboa, podemos colocá-lo no inviolável sector da liberdade de expressão?
“Basta de imigração / Nacionalismo é solução / Façam boa viagem / Portugal aos Portugueses

O indivíduo do cartaz exprimiu a sua opinião ou, teatral e publicamente, instilou o pior veneno que um ser humano possa destinar a um seu semelhante?
Em Portugal, país que sempre foi de emigrantes - cujas remessas de divisas, no tempo daquele Estado Novo que tanto veneram, foram uma coluna indispensável para a tacanha economia do País - deveremos considerar este cartaz a expressão livre de uma facção de extrema-direita ou um modo de pensar que se aproxima da torpeza?

Mesmo para os estrénuos defensores das regras democráticas, há certas atitudes destes extremistas que se tornam intragáveis.
Combatê-los no terreno das ideias e dos valores”, como sugere o editorial do jornalPúblico”? Certamente que é o único caminho. Porém, alguma vez a extrema-direita quis ou se predispôs para um diálogo? Que valores reconhece senão o individualismo árido, um patrioteirismo folclórico e, por vezes, direi mesmo repugnante?

Remarei contra a corrente, mas aquele cartaz removê-lo-ia sem quaisquer considerações por liberdade ou não liberdade de expressão: não hesito em pô-lo no mesmo pé de igualdade de um cartaz declaradamente pornográfico.
Assim, Lisboa, capital do País – ou qualquer outra cidade – tem todo o direito de não querer ver conspurcada uma sua praça com um cartaz que, ao fim e ao cabo, não passa de uma feiura moral e uma indecência.
Alda M. Maia

3 Comments:

At 2:28 da manhã, Blogger Tozé Franco said...

Não deixa de ter "graça" o facto de ter sido o cartaz do Gato Fedorento a ser retirado.
Quanto ao outro, não podemos fazer de conta que ele não existe pois isso seria grave.
Aproveito para desejar uma Boa Páscoa.

 
At 6:46 da tarde, Blogger Alda M. Maia said...

O Gato Fedorento não pediu autorização: grave ofensa à Praça Marquês de Pombal. Liberdade de cartaz só para partido oficializado, não acha?
os melhores cumprimentos
Alda

 
At 12:13 da tarde, Blogger a d´almeida nunes said...

Permitam-me que meta a minha colherada neste assunto.
Como já deixei expresso 2 vezes, que me lembre, no meu blogue, não concordo que estes cartazes ou outdoors como lhes queiramos chamar, sejam de partidos legalizados sejam de outras agremiações, contribuam para a tremenda poluição que por aí se vê, sente e cheira.
Agora que dou comigo a olhar com mais atenção os pormenores dos jardins, das praças, das ruas, das árvores, de tudo aquilo que compõe o ambiente em que vivemos - que dizemos querer que seja saudável,harmonioso, contribuindo assim para o nosso equilíbrio psicológico - cada vez me revolto mais contra estes cartazes. É que, geralmente, dada a necessidade de se tornarem bem visíveis, são colocados de tal forma que nos tapam a vista de partes sensiveis e significativas das nossas cidades e outros locais públicos especialmente concebidos para o nosso lazer.
Mais um exemplo: em Leiria existe o edifício do antigo Banco de Portugal, arquitectura dos primórdios do séc. XX, bastante emblemática, em pleno centro da cidade, frente ao Jardim Luís de Camões. Nesse edifício funciona o departamento da Cultura do Município de Leiria. Sempre que há uma exposição, a forma escolhida para a sua promoção é a colocação de grandes painéis na fachada do edifício. Digamos que 10% da fachada fica tapada pelos painéis.
Ora se o edifício em si mesmo é digno de ser apreciado porquê tapá-lo para fazer publicidade a uma exposição?
Não haverá outras formas de promoção de eventos?

António

 

Enviar um comentário

<< Home