E COMO SE DIZIA…
A arrogância de um e os
ziguezagues do outro levaram os dois mocinhos a engalfinharem-se verbalmente: -
Não quero jogar mais contigo, e é irrevogável – diz o que desejaria mais poder.
Responde o que tem o
bastão do comando: - Ponderarei sobre esse teu capricho (mais um a estragar-me tudo e lá se vão as minhas oportunidades de ficar na fotografia ao lado dos grandes da Europa!)
Mas fizeram as pazes.
O que comanda e o “mocinho irrevogável” falaram, tornaram a falar e este último
obteve mesmo o cargo de vice-primeiro-ministro, superintenderá na economia e será ele a dizer à troika, com o desassombro de um irrevogável,
o que deve ser dito.
Tácticazinhas
políticas? Mas que entra a nobre arte da política em tudo isto?! Tácticas de quem
não sabe o que significa decência política, nada mais.
Entretanto, mais um
atropelo a esta língua lusitana – lusitana, da Terra Lusa, obviamente.
Assim como
oficializaram e impuseram tantos dislates neste campo, registemos mais um, pois
não esqueçamos que foi concretizado por um eleito do povo: o Dr. Paulo Portas,
o menino espertalhão mui revogável.
Irrevogável: que não é revogável; que não se
pode anular; definitivo.
Daqui para o futuro, este
vocábulo terá uma segundo sentido: no caso em que haja contratações, ajustes, a
decisão apresentada como irrevogável declara-se sem efeito.
Aprenderam a lição?
Achei muito
interessante a entrevista de ontem, no jornal Público, ao político Valente de Oliveira.
(…)
O escol gerado pelos partidos não traduz uma nata, uma camada preparada,
conhecedora, responsável. Corresponde mais a uma lógica das juventudes de há 20
anos. Isto passa-se em todos os partidos, porque a lógica é geral. Temos de
rever profundamente a maneira como é segregado o escol dentro dos partidos, que
é o que chega à governação. Não chega
ter sentido politiqueiro, é preciso estar preparado.
E os artigos nos
diversos jornais sobre um “fosso que se alarga entre povos e governos”
multiplicam-se.
Cito o artigo de
Piero Ignazi - L’Espresso de 05/ 07/2013: “Poder
e cidadãos: tudo muda”
(…) O que emerge, em formas diversas e em várias
partes do mundo, é uma subtil e corrosiva crítica aos fundamentos do nosso
sistema, seja por manifesta incapacidade dos políticos, seja por deslegitimação
dos princípios de representatividade e dos mandatos a governar.
Se
os líderes políticos não “escutam” e não “respondem”, o fosso entre governantes
e governados alargar-se-á cada vez mais.
É difícil não
concordar com todos estas opiniões. Os exemplos quase diários comprovam-no.
Em todos os nossos
canais televisivos, o mare magnum das análises da semana passada (e continuarão)
sobre as performances do ministro das
finanças demissionário, o Primeiro-Ministro e o Senhor Portas não ofereceu
margem para opiniões contraditórias. Quase todas confluíam para uma nota comum:
irresponsabilidade. Acrescentemos impreparação e despudor. E fiquemos por
aqui.
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