segunda-feira, maio 22, 2017

RACISMO: SENTIMENTO EXECRÁVEL

O termo racismo, normalmente, refere-se a sentimentos discriminatórios no hemisfério da criatura humana.
Alimentando este sentimento, o que se demonstra? Acima de quaisquer outras interpretações, avulta um triste limite das tão famosas “células cinzentas” do Sr. Poirot de Agatha de Christie.
 Enfim, uma estupidez inadmissível numa pessoa de inteligência normal que albergue concepções que desdenhem de um seu semelhante, somente porque este apresenta características étnicas diferentes.
Diferentes, sim, mas humanas e sempre, sempre, um nosso semelhante.

Aqui estão as razões por que detesto pessoas que alimentem sentimentos deste género. Se querem odiar alguém, odeiem-no por uma justificada antipatia, por possíveis crimes cometidos ou algo semelhante; jamais pela cor da pele ou por qualquer outro aspecto físico. Jamais!

E agora um caso demonstrativo da maldade pela pura maldade e o exemplo admirável e corajoso de um médico.   

Numa localidade do norte de Itália, os moradores da aldeia de 400 habitantes, “Roata Canale” (Cúneo), recusaram o acolhimento de imigrantes que deveriam ser hospedados nos locais da paróquia.
Este projecto de acolhimento não teve o agrado geral. Muitos habitantes protestaram e, num pequeno cartaz explícito, colocado bem à vista na paróquia, avisaram:
Isto não é um conselho, é uma ameaça: nós não queremos os negros”.

O médico de um hospital da cidade de Cúneo, Dr. Corrado Lauro, tomando conhecimento desta atitude, no Facebook deixou uma mensagem, explicando: “Começa assim a minha resistência”:
“Aos habitantes da aldeia de Cuneo que expuseram o cartaz «Nós não queremos os negros» comunico que não entendo prestar-lhes alguma intervenção sanitária, excepto em caso de imediato risco de vida ou se configurassem as condições de uma denúncia do crime de omissão de socorro. Sois, portanto, convidados a dirigir-vos a um outro profissional mais qualificado”.

Com eleições autárquicas em curso, o centro-direita contestou a decisão do médico e nasceu a polémica. O Dr. Corrado Lauro limitou-se a escrever na sua página Facebook: Perdoai-me, devo apagar os reflectores e tornar aos meus pacientes”   

Porém, os vinte e quatro refugiados não serão recebidos. Venceu a intolerância daqueles habitantes e o pároco, com a colaboração do bispo, declarou, durante a missa, que “Não existem condições ambientais para realizar o processo de abrigo com a utilização dos locais da casa das obras paroquiais”.

A expressão “Não existem condições ambientais” brilha como um eufemismo excessivamente benévolo para quem só demonstrou um primitivismo animalesco, intolerável num país de elevada civilização.    

Moral da história? Habitantes fechados aos sofrimentos alheios, à solidariedade e a um humanismo sempre pronto a dar a mão a quem dela necessite.
Serviria a leitura atenciosa dos vários serviços jornalísticos sobre as violências, violações e furto dos bens dos refugiados pelos traficantes de seres humanos, durante o percurso, sobretudo na Líbia, até desembarcarem na Itália. 
Esta leitura talvez conseguisse iluminar e esclarecer estes cérebros obtusos, conduzindo-os para sentimentos altruístas que tão úteis seriam nestas circunstâncias ou similares.