segunda-feira, maio 08, 2017

 NEM TODAS AS ONG SÃO FILANTRÓPICAS?

Na Itália, a polémica sobre a integridade humanitária de algumas “organizações não-governamentais” (ONG) alargou-se e os partidos mais em sintonia com o populismo - a “Liga Norte” na vanguarda – exploraram o facto para generalizar as acusações.

Não existem quaisquer provas ou, como mínimo, actos de colaboração dúbia entre os socorristas e socorridos. Todavia, o Procurador de Catânia, Carmelo Zúccaro, asseriu; “Entre o pessoal das ONG, há figuras que não estão muito em sintonia com as dos filantropos; seria útil individuar as fontes de financiamento das ONG de existência mais recente. As finalidades da solidariedade estão entre as mais nobres que o homem persegue (…). Mas neste caso, há interesses em jogo que não provêm somente de quem é salvo”.

Já em Dezembro 2016, o Financial Times, “citando fontes confidenciais”, denuncia “Possíveis interacções entre ONG que operam no Mediterrâneo e traficantes de seres humanos”.
Não esqueçamos que existem ONG absolutamente insuspeitáveis, como “Médicos sem Fronteiras”; “Save the Children”; “SOS Mediterranée”, e tantas outras.  
Poderá haver indivíduos que, infiltrando-se em qualquer ONG de formação recente, ouse aproveitar-se das circunstâncias para fins menos nobres. Todavia, acredito que este fenómeno, absolutamente negativo, se localize num plano muito, mas muito excepcional.

Entre sexta e sábado passados, foram recolhidos no mar, ao largo da costa líbia, cerca de 6.000 migrantes. É impressionante a foto publicada no jornal La Stampa - “traçado radar que mostra a situação à volta de uma das embarcações de uma ONG empenhada no socorro no mar”.
Pode dizer-se que isto é o trágico panorama, praticamente quase diário, que se verifica no Mediterrâneo.

Não se pode discordar da opinião do Alto-Comissário para os Refugiados quando diz:
“É necessário enfrentar os motivos que estão na base das migrações e, da mesma maneira, oferecer alternativas seguras a estas perigosas travessias e às pessoas que têm necessidade de protecção internacional, inclusive modos acessíveis e seguros para chegar à Europa como reunificação familiar, recolocação e reinserção.
“Intervir antes que as pessoas sejam capturadas e expostas a terríveis abusos por parte dos traficantes na Líbia e noutros países de trânsito; e antes que embarquem para atravessar o Mediterrâneo (…)”

Que mais podemos acrescentar? Pobre gente! Que os seus países de origem, com o auxílio dos países europeus e similares, resolvam os conflitos internos e desenvolvam uma economia que os ponha ao abrigo da miséria e do atraso e, paralelamente, saibam enfrentar mudanças climáticas que lhes criem problemas sérios.