domingo, junho 03, 2007

“SEX CRIMES AND THE VATICAN”


“Crimes sexuais e o Vaticano”

Este é o título de um documentário sobre os padres pedófilos realizado pela BBC e apresentado em Outubro de 2006.
O autor, Colm O’Gorman, fora violado, aos 14 anos, por um padre católico, na Irlanda; hoje, dirige uma associação irlandesa, “One in Four”,
que se ocupa das vítimas de abusos e combate o silêncio da Igreja de Roma.

A Rádio Televisão Italiana (RAI) comprou o documentário à BBC para ser transmitido, comentado, e também contestado, no programa semanal da RAI3, “Annozero”
Antes da aquisição, todavia, surgiram fortes oposições, quer dentro da RAI, quer por parte de católicos que não admitem críticas ao Vaticano ou então o centro-direita que se improvisou defensor fundamentalista e oportunista da Igreja.
As polémicas foram ásperas e tudo tentaram para que odocumentário não fosse transmitido. Talvez seja o caso de, ironicamente, acrescentar: “viva a liberdade de expressão”!...
Prevaleceu o bom senso, embora não tivesse posto fim às contestações.

O programa, com a duração de duas horas, foi transmitido no passado dia 31 de Maio.
Participaram, como convidados, Monsenhor Rino Fisichella, Reitor da Pontifícia Universidade Lateranense e Bispo Auxiliar de Roma; o padre Fortunato Di Noto que conduz uma campanha contra a pedofilia; o autor do documentário, Colm O’Gorman; algumas vítimas de violações; um público atento e severo.

Excelente programa, conduzido com delicadeza, equilíbrio e grande civismo. Contrariamente aos argumentos negativos dos opositores, penso que tivesse sido mais útil que prejudicial para a Igreja Católica, assim como para um esclarecimento correcto sobre uma matéria tão delicada e dramática e que, desgraçadamente, é sempre actual.

Gostei da intervenção serena de Monsenhor Fisichella, representante da Santa Sede. Defendeu o Vaticano com firmeza e jamais procurou atenuar a gravidade dos crimes dos padres pedófilos.

Num blogue italiano, já tinha visto, parcialmente, este documentário da BBC.
O vídeo fora visitado por milhões de pessoas na Google Video/You Tube. Desde 25 de Maio, a Google decidiu retirá-lo.
.
É um documentário chocante! Os factos descritos são reais e incontestáveis. A repugnância e indignação, como é óbvio, explodem perante tanta brutalidade e escabrosidade, sobretudo tendo como vítimas as crianças. Acresce que mais repugnantes se tornam, quando os algozes pertencem ao ambiente sacerdotal.

A este ponto, é obrigatório acentuar que as generalizações não somente são estúpidas como profundamente injustas.
A percentagem de padres pedófilos é mínima em relação à maioria de sacerdotes que cumpre a sua missão com dedicação e honestidade.
Existem degenerados no seio da Igreja Católica como dentro de quaisquer outras religiões.

No documentário, apercebe-se a nota dolente do seu autor - não esqueçamos que também foi vítima dos crimes que documentava.
É perfeitamente clara a indignação contra a Igreja Católica que tudo oculta e que se limita a transferir os padres réprobos para outras paróquias… onde repetirão os mesmos actos, produzindo novas vítimas! E isso não se pode contestar.

Apontou o dedo contra o Cardeal Ratzinger (Papa Bento XVI) em relação ao documento “Crimen Sollicitationis” de 1962 (consultar Wikipedia), o qual tinha como única finalidade a ocultação dos crimes de pedofilia, impondo o silêncio aos autores do crime e às vítimas, segundo a interpretação de Colm O’Gorman.
Monsenhor Fisichella explicou que era um documento que falava de segredo processual, equivalente ao segredo requerido por um magistrado quando se procede a um inquérito.

Fiquei muito perplexa perante estes inquéritos secretos intra muros do Vaticano, pois são raras as expulsões da classe sacerdotal por tal motivo.
Penso seja chegado o momento de o Vaticano enfrentar, aberta e corajosamente, este gravíssimo problema.
Repudie os eclesiásticos que tão gravemente conspurcam a Igreja e entregue-os, muito simplesmente, à justiça normal dos países onde praticaram crimes tão nefandos quanto duplamente execráveis num sacerdote.
Alda M. Maia

5 Comments:

At 12:42 da tarde, Blogger Unknown said...

Sobre o assunto recomendo vivamente esta leitura:
http://via-occidentalis.blogspot.com/2007/02/sexo-padres-e-cdigos-secretos-2000-anos.html

cumprimentos.
MJ

 
At 1:08 da manhã, Blogger Alda M. Maia said...

Viva!
Li o texto.
Achei o "Occidentalis" muito interessante quanto a informaçóes editoriais.

Sobre a matéria em questão, foram publicados artigos bem mais circunstanciados do que o programa a que assisti. É uma tristeza, não acha?
Cumprimentos
Alda

 
At 11:26 da tarde, Blogger Unknown said...

Acho, acho. Igreja não deve ser acusada num todo por causa de alguns padres serem pedófilos pois nem ela nem nenhuma outra organização está livre que isso aconteça. O caso muda de figura quando denunciados continuam a ser acobertados pela organização. Mas isso é um problema que terão de ser os católicos a resolver nomeadamente sobre o tipo de Igreja que querem ter.
Cumprimentos e bom fds!
mj

 
At 2:16 da tarde, Blogger Unknown said...

Segundo matéria da BBC Brasil, reproduzida hoje pela Folha Online, "em fevereiro de 2004, um relatório encomendado pela própria igreja concluiu que mais de 4.000 padres católicos nos Estados Unidos tinham sido acusados de cometer abuso sexual nos últimos 50 anos". Então, pelo menos nos EUA, o número de padres acusados de abuso não é tão pequeno assim, apesar de esse trecho da matéria não especificar se se trata realmente de pedofilia. Mesmo assim, a ICAR nos EUA teve que pagar uma indenização recorde a vítimas de abusos por padres, num total de US$ 660 milhões, o que também não é pouco. Seria interessante se a ICAR fizesse uma pesquisa desse tipo aqui no Brasil. Acredito que ficaríamos surpresos com o número de padres que cometem (ou pelo menos são acusados de cometer) abuso no país. Infelizmente, aqui como lá, a ICAR prefere varrer o assunto para debaixo do tapete, ao invés de denunciar esses padres às autoridades, para que não façam mais vítimas. Se alguém abusa de crianças em um lugar, mesmo que ele/a se mude para outra cidade ou outro estado, é natural esperar que ele continue cometendo os abusos. O único meio de se fazer com que pedófilos parem de abusar de crianças, é colocando-os na cadeia, que é o lugar deles. A ICAR não deveria tolerar padres pedófilos. Deveria destituí-los do sacerdócio, excomungá-los e denunciá-los às autoridades de cada país. Certamente se os abusos fossem cometidos por pastores evangélicos, ateus ou membros de outras religiões, os católicos exigiriam isso e iriam reagir indignados e até ofendendo os fiéis dessas religiões. Mas como são padres, eles querem mais é passar a mão na cabeça deles e condenar as vítimas dos abusos e seus familiares, como no caso brasileiro relatado no documentário da BBC.

 
At 8:24 da tarde, Blogger lillya said...

Os padres pedófilos devem ser excomungados e punidos. Deve também ser mudado esse adjetivo pedófilo, porque traduzindo para o português significa amigo da criança, o que não é verdade.
Aos domingos os fiéis vão ao teatro ver um tarado imundo ensenando um papel de padre .Que palhaçada!A igreja católica como qualquer, outra está longe de ser a verdadeira, perfeita e fundamentada nos princípios de Jesus.

 

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