USO E
ABUSO DOS REFERENDOS
Certamente que o recurso a um referendo
significa uma excelente demonstração de prática democrática. Mas quando se
aplica a qualificação de “excelente” a este acto democrático, implicitamente
devem ser abrangidas todas as normas que garantam o conhecimento das matérias
sobre as quais votaremos e o objectivo claro, concreto, legal e útil pelo qual
exprimiremos as nossas preferências.
Pois
bem, estes dados serão sempre eficazmente aprofundados e, sobretudo, bem
esclarecidos ao público?
Patenteiam-se,
com cuidadosa objectividade, as finalidades pelas quais foi necessária a
oportunidade de recorrer às urnas?
Foi
bem esclarecida, por gente responsável, a diferença entre aquilo que é uma
obtenção de vantagens sociais em vez de pura manobra partidária?
Moral
da história: como é fácil, com retórica patrioteira e informações mais teóricas
que objectivas, enganar os cidadãos!
O
que se passa, actualmente, na Grã-Bretanha, é um excelente retrato de
referendos mal esclarecidos. Assim o entendo e, por muito que leia sobre o
assunto, mantenho esta opinião.
Tratou-se
de má informação ou informação estorpiada pelas elites partidárias? Clássico
sentimento de superioridade anglo-saxónica, quer nos mercados internacionais,
quer nas relações com o exterior? Que venha o diabo e escolha.
É
constrangedor ver as manobras dos actuais dirigentes ingleses no que concerne o
Brexit e na aquisição de vantagens nas futuras relações com a União Europeia.
Só
agora é que se aperceberam que administram um país europeu exactamente nas
mesmas condições nas quais se movem os demais países democráticos deste nosso
Continente?
Apesar
de tudo, gostaria de ver a Grã-Bretanha, novamente, como membro efectivo e
permanente da União.