PRECONCEITOS OU ESCASSEZ DE MASSA
CINZENTA?
Aliás, se os
preconceitos permanecem, embora a evolução dos tempos ilumine e transforme certas
posições sociais atávicas, significa pouca inteligência ou um atraso lamentável
sob o ponto de vista educativo e intelectual.
Vem isto a propósito do
comentário de um eurodeputado polaco sobre a “inferioridade das mulheres”. O
caso foi amplamente noticiado e as palavras deste indivíduo ecoaram em toda a
Europa.
Nada de anormal,
tratando-se do mesmo sujeito que define os imigrados como “estrume humano que não têm vontade de trabalhar”; mais, querendo
absolver o seu herói do passado, afirma que “Hitler não tinha conhecimento do Holocausto”.
Mas voltando ao que
exprimiu, um jornal italiano classificou esse comentário como “palavras
delirantes”. E se entramos no domínio do delírio, que mais poderemos dizer?
Ainda podemos dizer
muito. Serão palavras delirantes, mas retratam uma maneira de pensar muito
comum nos tempos actuais.
Então,
delirantemente, diz o Sr. Eurodeputado polaco, Janusz Korwin-Mikke:
“É justo que as mulheres ganhem menos do que
os homens: porque são mais débeis, mais pequenas e menos inteligentes”.
Pobres mulheres!
Débeis, pequenas e pouco inteligentes! E como mulher pouco inteligente,
pergunto-me: aonde iremos parar?
Dando livre saída aos
meus instintos – portanto, não refreados – iria parar ao Parlamento Europeu,
aproximar-me-ia do Janusz Korwin-Mikke e pespegar-lhe-ia um sonoro par de
bofetadas.
Nada de violências, ademais
tratando-se de uma débil mulher. Somente uma demonstração pública do género, que
inferior não é, não tolera que imbecis como este representem, no Parlamento
Europeu, um qualquer país-membro da União.
A Polónia deveria
envergonhar-se de ser representada por cidadãos eivados de prejulgamentos
inadmissíveis em qualquer país civilizado. Ou será que o fundamentalismo
religioso revigora os costumes tradicionais, portanto, nada de condenável em
tais modos de pensar? Não creio. Aqui trata-se de pura estupidez individual.
Deveriam ponderar bem
- polacos e demais europeus - quem devem eleger para aquela instituição. Não
somente demonstrariam respeito pela União Europeia como, de consequência, os
eleitos, digna e competentemente, melhor saberiam representar e defender, no
Parlamento Europeu, os interesses da União e do próprio país.
Nota-se, porém, e não
é caso raro, que ser proposto como candidato ao Parlamento Europeu, por vezes
significa um prémio ou uma espécie de reparação política. Recordo, nos
famigerados tempos de Berlusconi, que este fez eleger, como eurodeputada, uma
conhecida cançonetista cuja preparação e competência políticas eram próximas do
zero.
Também,
frequentemente, vários eurodeputados distinguem-se pelas raras viagens a Bruxelas.
Aplausos, todavia, a quem é eleito e ocupa o seu cargo de eurodeputado com consciência,
interesse e competência; penso que estes constituam a maioria.
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