segunda-feira, outubro 10, 2016

E NÓS, PORTUGUESES,
POR QUE NÃO ORGULHARMO-NOS?

Guterres num acampamento de refugiados somalis em 2011

Não se tratou da nomeação de um campeão de ténis, de xadrez ou similares, mas a do mais alto cargo político mundial: Secretário-Geral das Nações Unidas.
Escolheram um português. A minha satisfação e, acentuo, o meu orgulho é, acima de tudo, por terem escolhido, entre vários candidatos/as, a pessoa mais competente e adequada para o exercício de tal função.

 “O ex-primeiro ministro português combina ideais humanitários com pragmatismo e dotes diplomáticos”. (La Stampa).
Irina Bokova (búlgara), Helen Clark (Nova Zelândia), Kristalina Georgieva (búlgara)… Nenhuma foi considerada sólida como Guterres que, entre os seus encargos anteriores, também inclui o de presidente da Internacional Socialista e, sobretudo, em 10 anos do ACNUR, demonstrou sageza e equilíbrio”. (La Repubblica)
“A imagem deste político português (Lisboa, 1949) engana; por detrás das suas maneiras suaves, existe uma fé inquebrantável nos impossíveis e uma vontade de ferro”. (El País)  
 Estas são três das múltiplas e idênticas opiniões do que se pôde ler nos jornais internacionais. Todos afinaram pelo mesmo diapasão: equilibrado, competente, pragmático, diplomata, “a figura mais adaptada para navegar e mediar”, etc., etc..    

Não houve combinações diplomáticas nem os sólitos joguinhos políticos de potências que tudo devem determinar, verificando-se um facto quase inédito: o acordo, por convicção, de Rússia e USA por Guterres.
As decisões de bastidores foram banidas, brilhou a transparência e foi designado um português, única e simplesmente pelos seus méritos.

Não será um “Santo António de Nova Iorque”, senhor João Miguel Tavares, - (Público de 08/10/2016). Ninguém quer santificar ninguém. Estamos felizes e orgulhosos porque, mais uma vez, verificamos que este país tem valores e pessoas de valor. E não pense que esta espécie de regozijo se manifeste somente em Portugal. É comum a quem ama a sua terra, em qualquer parte do mundo.

Ainda uma última consideração e sobre a nomeação de mulheres para altos cargos, como se pretendia para o novo Secretário-Geral da ONU.
Perfeitamente de acordo quando existem candidatos ou candidatas em circunstâncias iguais de competência e qualidades. Que jamais predomine o machismo e escolha-se, sempre, o candidato mais idóneo.

Nomeações baseadas em alvitres sobre a oportunidade de se eleger uma mulher e de determinada zona, isso é humilhante e nenhum ser feminino deveria aceitar esses preliminares: ou sou competente e reúno as condições necessárias, paralelamente ao que é exigido a qualquer outro candidato/a, ou não o sou. Ponto final.

PS. Houve um erro: no texto que publiquei ontem, escrevi Miguel Sousa Tavares em vez de João Miguel Tavares. Já foi corrigido (11/10/2016)