SESSÕES PARLAMENTARES
"DEPUTADOS MANDRIÕES"
Algumas das funções parlamentares
A foto retrata os
deputados mandriões (fannulloni) no Parlamento italiano. Esta imagem é uma das muitas
que os eternizam em sonecas relaxantes ou várias outras ocupações mais atractivas
do que seguir, com interesse e participação, o que se debate na sala de
sessões. Mas não simboliza somente parlamentares italianos, obviamente.
Procurei fotos
idênticas relativas à actividade dos nossos deputados na Assembleia da
República. Não vi nenhuma que os mostrasse a ler jornais, entreter-se com o
computador, falar continuamente ao telefone, entregar-se à sonolência ou entreter
conversas amistosas com os colegas mais próximos.
Os nossos jornalistas
e operadores de telecomunicações não estão autorizados a publicar imagens
indiscretas dos ilustres deputados?
A pergunta surge-me
em consequência da comunicação oficial da Câmara dos deputados italianos,
publicada recentemente, embora a Câmara tenha desmentido. Mas talvez seja verdade.
A partir do próximo
10 de Outubro, «o Código de auto-regulamentação”
de jornalistas, operadores de televisão e fotorrepórteres proíbe a captação de
objectivos que mostrem deputados que jogam ou dormem durante as sessões, sob
pena de proibição de acesso aos trabalhos parlamentares.»
“O Código intima os
jornalistas a deter-se, exclusivamente, sobre informações que dizem respeito
aos trabalhos do Parlamento e a manter um comportamento baseado no máximo respeito pelas instituições parlamentares”.
A última advertência
do “Código de auto-regulamentação” faz-me sorrir, divertida. Certamente que
este código, correcto, é de geral aplicabilidade, seja qual for o país democrático em
questão.
No ambiente do
segundo órgão de soberania, qual é o Parlamento, primeiro do que quaisquer outros
actores a dever cultivar o “máximo respeito pelas instituições parlamentares”,
incontestavelmente serão os senhores deputados. E o que se vê? O que
transparece?
Pensando agora no nosso País, além das anomalias correntes, o mais evidente e ostensivo são as ausências
continuadas e assumidas com toda a naturalidade, porque outras ocupações
absorvem os nossos eleitos: cargos diversos e, frequentemente, em grave conflito de interesses, o que
me parece decididamente indecente. É isto aceitável e é este o respeito pela
Assembleia da República e pelos compromissos legislativos assumidos? É
confortante ver o hemiciclo com os lugares dos senhores deputados quase vazio?
E por associação de ideias, foi penoso verificar
a preocupação dos dois maiores partidos, PS e PSD, em recuperar os cortes de
10% no financiamento público aos partidos. Verificou-se que os partidos
portugueses “são os que mais recebem do Estado e têm o mais alto rendimento em
relação ao PIB; dependem em 74,1% do financiamento público” (informações do
jornal Público).
A crise económica
permanece. Porém, tal circunstância apenas diz respeito aos demais cidadão
portugueses. Mas a vergonha parece que se impôs e os dois do “arco da
governação” (um arco exemplar!...) reconsideraram. O corte será permanente. Esperemos; e esperemos iniciativas mais equilibradas e respeitosas do erário público.
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home