ENTREVISTA AO
MINISTRO DA CULTURA
A COLECÇÃO MIRÓ
Uma entrevista ao Dr.
Luís Filipe Castro Mendes que se pode e deve classificar como muito oportuna e
convincente.
Entrevistado por Inês Nadais e Lucinda
Canelas; publicada ontem, domingo, no jornal Público.
A leitura do longo
texto proporciona-nos esclarecimentos, da parte do Sr. Ministro, sobre temas importantes
e de grande interesse no que concerne, obviamente, as actividades em campo cultural,
artístico e científico.
Primeira observação
das jornalistas: “A passagem a ministério
soava a uma aposta na Cultura, mas as restrições orçamentais parecem ter vindo
contrariar essa intenção”.
O Ministro da Cultura responde:
“O que
me importa é o que está no Programa do Governo e nas declarações do chefe do
Governo que põem claramente o eixo no conhecimento e na qualificação. Aí,
Educação, Ciência e Cultura desempenham um papel fundamental, e a Cultura, em particular, na criação de
cidadãos mais responsáveis, mais críticos, mais participativos, mais exigentes
e, portanto, mais dotados para enfrentar os desafios globais do presente”. (O
sublinhado é meu)
Oxalá que o último
período da resposta constitua o ponto de força e perseverança da actividade de
Luís Filipe Castro Mendes num ministério que, sem qualquer exagero, é um motor
do progresso e prestígio do País. Com o orçamento necessário ou com restrições financeiras,
tudo o que se puder fazer significa caminhar para a frente.
Agradeçamos ter um
Ministro cuja cultura e competência estão à prova de bala derrotista, logo,
saberá caminhar com os meios disponíveis. O nosso povo bem necessita de quem o esclareça,
a fim de melhor assimilar conhecimentos que o arranquem de apatias ou
indiferença pelo que o rodeia.
Colecção Miró, a belíssima colecção Miró que
estava estupidamente condenada a ser mercadoria de leiloeiros. Sim, uso o
vocábulo “mercadoria”, pois foi assim que, de início, consideraram o conjunto
de 85 obras de arte - óleos, desenhos e guaches - de um dos grandes pintores contemporâneos.
No próximo Outono
serão expostas no Museu de Serralves. Espero ser um dos primeiros visitantes.
“Depois de expostas em Serralves, para onde
vão as obras? E quem é que decide as que ficam no país e as que podem ser
vendidas?”
Resposta de Castro
Mendes:
“Quem decide é o Governo. Terá de se fazer uma avaliação. As obras já
estão catalogadas e a exposição vai ajudar (a fazer esta avaliação), porque vêm
os melhores peritos em Miró. A partir daí, é desejo do Governo que as obras
fiquem no Porto”.
Oxalá que todas as
entidades responsáveis, e não só, da cidade do Porto saibam ponderar o que
significa hospedar, permanentemente, as 85, isto é, todas as obras do grande Miró. Que façam compreender ao Governo que
este tesouro é propriedade do país. Tesouros desta natureza não têm
nacionalidades, quer o autor seja ou não português.
Coragem, Porto!
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