AS INCONGRUÊNCIAS DA
EUROPA DESUNIDA
Europa desunida ou
uma União Europeia com tendências totalitárias? Compreendemos perfeitamente que
as regras existem, foram formuladas para serem cumpridas na íntegra. Então
pergunta-se: cumpridas por todos os Estados-membros? Ou, severa e exclusivamente aplicáveis a países menos iguais? Onde encontrar, então, os princípios fulcrais, inerentes a razões mais nobres, que inspiraram os fundadores desta União?
A este ponto, que significado
deveremos atribuir ao termo “União”? Puro eufemismo para iludir quem acredita
na Europa?
Quanto me impressiona
o afã do actual Governo português na procura de compreensão e benevolência,
relativamente às sanções contra o incumprimento português do “défice 3% 2015”!
É assim tão grave se
este fatídico 3% não foi excessivamente ultrapassado, numa medida que deveria
ser compreendida e aceitável, dentro das circunstâncias que a motivaram?
Não conta o facto de
os governos portugueses se terem esforçado por corrigir e aperfeiçoar as normas
do Pacto Orçamental, submetendo-se a uma austeridade que, hoje, é geralmente
considerada como uma imposição inoportuna, estúpida e danosa?
Passa inobservado que
o Governo português despenda todos os esforços, a fim de equilibrar o Orçamento,
dentro das normas estabelecidas?
Certos indivíduos da
Comissão Europeia, morbidamente apegados ao rigor das regras, têm alguma noção
das consequências destas sanções numa economia que tenta prosseguir, arfando,
numa direcção justa e profícua? Nem os problemas sociais do desemprego, por
exemplo, lhes sugerem que, antes de ditarem sentenças, meditem sobre os cargos de
grande responsabilidade e bom senso que ocupam? Que este bom senso é paralelo à
flexibilidade, quando esta deve ser considerada oportuna?
Autoritarismos ou, muito
simplesmente, arrogância, fruto de incompetências e insensibilidades? Assim parece.
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“A Organização
médico-humanitária Médicos Sem
Fronteiras (MSF) anunciou hoje (17/06/2016), a nível internacional, que não
continuará a aceitar fundos provindos da União Europeia e dos seus
Estados-membros, em oposição às suas políticas danosas de dissuasão sobre
migrações e às tentativas, sempre mais acentuadas, de afastar as pessoas e os
seus sofrimentos das fronteiras europeias. Esta decisão terá efeito imediato e
aplicar-se-á aos projectos de MSF em
todo o mundo”.
“O acordo da União
Europeia com a Turquia é desastroso”. Durante meses, MSF denunciou a resposta vergonhosa da União Europeia, concentrada
na dissuasão em vez da necessidade de fornecer às pessoas a assistência e protecção
que tanto necessitam. O acordo UE –Turquia é um passo em frente nesta direcção
e pôs mesmo em perigo o conceito de “refugiado” e a protecção que oferece.
Tudo o que a Europa
tem para oferecer aos refugiados é constringi-los a ficar nos países dos quais
procuram, desesperadamente, fugir? Mais
uma vez, o objectivo principal da Europa não é proteger as pessoas, mas
mantê-las longe, e da maneira mais eficaz”. - – Jerome Oberreit, secretário-geral internacional de MSF.
E viva a civilizadíssima
União Europeia! Porém, em tudo isto, Portugal, este país da periferia, mas sem
as “peneiras” (passe um vocábulo dos meus tempos de estudante) de certos
Estados-membros oportunamente murados, tem dado lições de humanidade, e sem
alardes.
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