A AMÉRICA RESTITUI, À ITÁLIA,
CARTA DE
CRISTÓVÃO COLOMBO
A Carta de Cristóvão Colombo traduzida em latim, impressa em 1493
A história de roubos
e falsificações deste importante documento, cópia em latim da carta que
Cristóvão Colombo enviara aos Reis de Espanha, anunciando a descoberta da
América, foi tema a que os meios de comunicação italianos deram uma certa
ressonância. Aliás, bem merecida.
Procurarei dar um
resumo das informações publicadas. A história dos factos, variegados, é
interessante
“Cansado e inquieto, o grande Cristóvão Colombo não se fiava dos seus
homens. Por este motivo, apenas desembarcou em Restelo, perto de Lisboa,
apressou-se a expedir uma carta para informar os Reis de Espanha da descoberta
do Novo Mundo. Era o quatro de Março de 1493…” - Huffington Post
Aos Reis Católicos
foram enviados dois exemplares desta longa missiva de quatro páginas, escritas
em espanhol, mas destes manuscritos não existem quaisquer vestígios.
Todavia, no mesmo ano
de 1493, a célebre carta foi traduzida em latim e impressa pelo prototipógrafo
alemão, Stephan Plannck, “o que amplifica o valor histórico e patrimonial”,
pois foi este incunábulo que ficou para a posteridade e que ascende à editio
princeps.
Hoje, emergiu do
silêncio e da atenção quase exclusiva de historiadores para as luzes da crónica
actual.
Conservada na “Biblioteca
Riccardiana de Florença” até aos anos cinquenta do séc. passado, crê-se que
fora roubada nesses anos e substituída com um falso quase idêntico ao original.
Porém, nada se sabe sobre os autores deste furto nem da verdadeira data do
mesmo
Em 1992, a cópia
autêntica reemergiu em leilão, na Suíça. Foi arrematada por um privado por 400
mil dólares. Após a morte do proprietário, em 2004 o documento foi doado, por
uma imobiliária, à Biblioteca do Congresso de Washington. Actualmente é avaliada em cerca de um milhão de euros.
Em 2012, iniciaram-se
investigações sobre a denúncia de um roubo na “Biblioteca Nacional de Roma”,
mas que nada tinha que ver com a Carta de Colombo. Não obstante, no decorrer
dessas investigações, aperceberam-se que uma segunda cópia da carta do
navegador, custodiada na Biblioteca romana, fora surripiada e substituída por
um falso executado com meios absolutamente incompatíveis com a data de 1493.
Imediatamente
controlaram o documento de Florença, procedeu-se a competentes exames de
laboratório e chegou-se à conclusão que os documentos das duas bibliotecas não
eram os originais.
As investigações em
causa foram efectuadas com a colaboração dos serviços de investigação
americanos, visto que havia indícios que conduziam ao mercado dos Estados Unidos.
Quando apuraram que a carta de Colombo doado à Biblioteca do Congresso americano tinha proveniência ilícita,
imediatamente foi restituída pelos americanos, "com todas as honras", à Itália.
Acto louvável, indubitavelmente.
Seja permitida uma
observação pessoal. Por que motivo, no que concerne os Descobrimentos, Cristóvão
Colombo, no estrangeiro, quase sempre surge como o ícone primário, o gigante?
Porque foi o descobridor da América, o novo mundo? E não houve outros ilustres navegadores,
anterior e posteriormente, que dessem novos mundos ao mundo? Tanta parcialidade
começa a enfadar.
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