domingo, maio 22, 2016

A AMÉRICA RESTITUI, À ITÁLIA, 
CARTA DE CRISTÓVÃO COLOMBO

A Carta de Cristóvão Colombo traduzida em latim, impressa em 1493

 A história de roubos e falsificações deste importante documento, cópia em latim da carta que Cristóvão Colombo enviara aos Reis de Espanha, anunciando a descoberta da América, foi tema a que os meios de comunicação italianos deram uma certa ressonância. Aliás, bem merecida.
Procurarei dar um resumo das informações publicadas. A história dos factos, variegados, é interessante

Cansado e inquieto, o grande Cristóvão Colombo não se fiava dos seus homens. Por este motivo, apenas desembarcou em Restelo, perto de Lisboa, apressou-se a expedir uma carta para informar os Reis de Espanha da descoberta do Novo Mundo. Era o quatro de Março de 1493…”  - Huffington Post

Aos Reis Católicos foram enviados dois exemplares desta longa missiva de quatro páginas, escritas em espanhol, mas destes manuscritos não existem quaisquer vestígios.
Todavia, no mesmo ano de 1493, a célebre carta foi traduzida em latim e impressa pelo prototipógrafo alemão, Stephan Plannck, “o que amplifica o valor histórico e patrimonial”, pois foi este incunábulo que ficou para a posteridade e que ascende à editio princeps.
Hoje, emergiu do silêncio e da atenção quase exclusiva de historiadores para as luzes da crónica actual.

Conservada na “Biblioteca Riccardiana de Florença” até aos anos cinquenta do séc. passado, crê-se que fora roubada nesses anos e substituída com um falso quase idêntico ao original. Porém, nada se sabe sobre os autores deste furto nem da verdadeira data do mesmo
Em 1992, a cópia autêntica reemergiu em leilão, na Suíça. Foi arrematada por um privado por 400 mil dólares. Após a morte do proprietário, em 2004 o documento foi doado, por uma imobiliária, à Biblioteca do Congresso de Washington. Actualmente é avaliada em cerca de um milhão de euros.

Em 2012, iniciaram-se investigações sobre a denúncia de um roubo na “Biblioteca Nacional de Roma”, mas que nada tinha que ver com a Carta de Colombo. Não obstante, no decorrer dessas investigações, aperceberam-se que uma segunda cópia da carta do navegador, custodiada na Biblioteca romana, fora surripiada e substituída por um falso executado com meios absolutamente incompatíveis com a data de 1493.
Imediatamente controlaram o documento de Florença, procedeu-se a competentes exames de laboratório e chegou-se à conclusão que os documentos das duas bibliotecas não eram os originais.

As investigações em causa foram efectuadas com a colaboração dos serviços de investigação americanos, visto que havia indícios que conduziam ao mercado dos Estados Unidos.
Quando apuraram que a carta de Colombo doado à Biblioteca do Congresso americano tinha proveniência ilícita, imediatamente foi restituída pelos americanos, "com todas as honras", à Itália. Acto louvável, indubitavelmente.

Seja permitida uma observação pessoal. Por que motivo, no que concerne os Descobrimentos, Cristóvão Colombo, no estrangeiro, quase sempre surge como o ícone primário, o gigante? Porque foi o descobridor da América, o novo mundo? E não houve outros ilustres navegadores, anterior e posteriormente, que dessem novos mundos ao mundo? Tanta parcialidade começa a enfadar.