domingo, junho 28, 2009

A ESCALADA DO PODER… MAS SEMPRE EM NOME DO BEM DO PAÍS!

Em nome de todas essas ambições que se crêem prestes a alcançar a meta - ou derrapar encosta abaixo - vejo um tal clima de agressividade, um tal cenário de caras de bronze que se me torna difícil olhar com serenidade os próximos actos eleitorais.

Sempre admirei o político contundente, demolidor, mas que jamais perde a elegância do falar, um elevado estilo de comportamento e um implícito respeito pelo adversário.
Porém, esta gentinha aguerrida que tudo demoniza; que lança culpas a esmo, justificadamente ou não; que agride mais as pessoas que não erros ou ausência de grandes rasgos políticos, sugere uma pergunta: esta espécie de políticos merece credibilidade?

Vejamos o caso da eleição do Provedor de Justiça.
O PS propôs o Dr. Jorge Miranda. Errou a não consultar previamente os demais partidos, na escolha de um constitucionalista, digno de tal cargo.
Em questões desta natureza, não há maiorias que impõem, mas a correcção e o bom senso de se escolher, de comum acordo, a pessoa mais idónea.

Todavia, justifica-se o não birrento da Dra. Manuela Ferreira Leite
a Jorge Miranda, encetando uma batalha tão estúpida quanto infantil, na defesa da prerrogativa de ser o PSD a propor nomes?
Era para o bem do País ou isso é apetrecho secundário na escalada do poder, por muito que apregoem o contrário?

O Dr. Jorge Miranda retirou-se e fez muito bem. Só demonstrou dignidade.
Escassez de senhorilidade e perfeita indelicadeza demonstrou Manuela Ferreira Leite, quando comentou esta retirada: Em democracia, quando não passamos numa votação, temos de aceitar o resultado. Uma pessoa rebelar-se quanto ao resultado de uma eleição não é próprio de uma democracia.
Será este o formato grosseiro que nos administrará?

Não me parece que o Dr. Jorge Miranda se tivesse rebelado; retirou-se e explicitou as razões.
Seria bem oportuno que a Sra. Dra. Ferreira Leite moderasse os seus modos próximos da rusticidade e suavizasse o que pensa sejam ataques políticos, pois de autêntica e nobre política não têm nada: manifestam apenas peculiaridades da acidez do seu carácter; o resto é o vazio.

Encontraram, agora, o ponto de encontro no nome de Alfredo José de Sousa, ex Presidente do Tribunal de Contas. Mais vale envergonhar-se tarde que nunca, e não absolvo ninguém.

****

Reitero que, amiudadamente, não posso deixar de fazer comparações entre os comportamentos das primeiras figuras de Estado italianas e portuguesas. Claro que não incluo Berlusconi, embora primeiro-ministro. Seria insultuoso comparar o homónimo de qualquer país democrático com este indivíduo.

Neste momento estou a pensar no Presidente da República, o primeiro órgão de soberania que, quando é eleito, deixa de expressar qualquer facção política e passa a representar todo, absolutamente todo o País.

Giorgio Napolitano, presidente da República Italiana, perante a demagogia e ataques às instituições do actual primeiro-ministro, usa sempre a sua autoridade, quando se trata de defender a Constituição e os valores das instituições. Noutras matérias, mantém uma reserva diplomática e atento a nunca desbordar das suas competências. É a figura política que tem merecido o maior respeito e consideração.

Voltemo-nos para a Terra Lusa. Não gostei, nestes últimos tempos, da falta de reserva do nosso Presidente da República, quebrando silêncios que sempre dignificam o cargo que ocupa.

Primeiro, opinando a favor da simultaneidade das eleições. Ainda não tinha ouvido os partidos, mas já exprimia o que julgava mais oportuno, baseando-se em certas sondagens… O PSD (o único partido) expressara-se largamente sobre a data única para as legislativas e autárquicas: muito preocupados com o absentismo e despesas!

Perante estas “preocupações” - nas quais não acredito - o Sr. Presidente da República deveria manter silêncio: decidiria, depois, como melhor entendesse.

Optou, oficialmente, por datas diferentes: 27 de Setembro, eleições legislativas; 14 de Outubro, eleições autárquicas. Predominou o bom senso. O contrário levaria a deduções pouco abonatórias da equidistância que se exige ao Presidente da República.

Segundo atentado a um silêncio que deveria ter sido absoluto: o caso das negociações da PT / TVI.
O Presidente abriu uma excepção e manifestou as suas perplexidades acerca da transparência desta operação entre empresas.
O que o incomodou? É aconselhável que um Presidente da República exprima pareceres em casos deste género? Quais as instituições afectadas que o Sr. Presidente deveria salvaguardar?

Não entro no cerne deste caso, pois acho-me impreparada para dizer o que quer que seja. O que não me passou despercebido foi a concentração das atenções nas prováveis ou improváveis viragens políticas da TVI.
Anseios de uns, a fim de não perder as boas graças da TVI, ou desejos de outrem, a fim de as captar? Seja como for, tudo se me apresenta com uma face bastante esquálida.

Se o PS cultivou interesses nesse sentido, esqueceu que os teria de cultivar em múltiplas direcções. Vejo a quase totalidade dos nossos órgãos de informação a padecer de uma crise agudíssima de tendenciosidade.

Critique-se o que deve ser criticado, mas não em sentido único. Respeite-se, pelo menos, a objectividade e seriedade de informações, se pretendem ser credíveis. Frequentemente, obtém-se o resultado oposto.
Alda M. Maia

9 Comments:

At 9:02 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Muito bem dito, muito bem escrito. DºAlda , como sempre está de parabéns!Mas não poderia ser mais sensato!
Quanto à TVI e ao resto dos órgãos de informação, tenho muita pena, como disse anteriormente que estes não sejam fidedignos, ao interesse público e à informação verdadeira, das massas pois é para isso que os mídia deveriam servir!
Estamos então a ver, que servem interesses políticos, anexados a lobbies, numa campanha de regulamento do comportamento de massas.
Os Neo Liberais espalharam globalmente este método, de todo valorizado pelos governantes e poderosos!
Isto é que eu gostaria de ver "desmontado", pois somos influenciados e induzidos a agir de forma, um tanto ou quanto, alienada.
A verdade é que Hitler chegou ao poder e fez o que fez, pois foi o primeiro a dar uso, a seu bel prazer, dos mídia! Que tirou imenso proveito, tirou!
Caminharemos para uma Europa ou um Mundo governado pela mentira?!
Obectividade de informação?! não vejo nenhuma!...

 
At 6:20 da tarde, Blogger Alda M. Maia said...

Se nos bosques não estão com atenção, esta nossa fadazinha, de varinha mágica em riste, põe tudo na ordem!
É pena, sabe Helena, que não pudéssemos varrer para aquele lixo que deve ser queimado certos modos de fazer jornalismo, com varinha mágica ou sem ela. Mas não podemos.
Eu tenho um método simplicíssimo: boicoto, e os noticiários da TVI são os primeiros.
Um beijinho
Alda

 
At 6:57 da tarde, Anonymous Anónimo said...

E faz muito bem!
Nada com o canal 2 ou então a TSF.
E quanto ao seu comentário, tão verdadeiro e profundo, de podermos varrer o lixo, é mesmo pena!
O jornalista Carlos Narciso, da Escrita em Dia, era enviado especial no Médio Oriente, passou por muito, para no fim ser despedido por Balsemão, por não concordar com esse tipo de jornalismo, e por dizer a verdade!
O Mundo é muito injusto!
50 anos, tres filhos, jornalista de excelência e agora está no desemprego...
Beijinho Dª Alda

 
At 7:36 da tarde, Blogger Quint said...

Bom, eu devo confessar que li atentamente o que escreveu.
E que gostei de tal forma que vai direitinha para o canto dos favoritos.

 
At 8:37 da tarde, Anonymous Anónimo said...

´Ó Ferreira Pinto, como encontraste aqui o nosso cantinho?

 
At 12:14 da tarde, Blogger Quint said...

Ora essa, a boa escrita tarde ou cedo é encontrada!

 
At 7:19 da tarde, Blogger Alda M. Maia said...

Sr. Ferreira Pinto

Devo agradecer-lhe a sua visita, a gentileza dos seus comentários - muito lisonjeiros - e por me ter incluído na lista dos favoritos. Muitíssimo grata.
Alda

 
At 10:51 da manhã, Blogger Quint said...

Cara Alda, se me é permitido o atrevimento, sem Senhor, por favor.
No mais, tudo o que escrevi o fiz de bom grado e sendo sincero.

 
At 4:43 da tarde, Blogger Alda M. Maia said...

Caro Ferreira-Pinto
Nnca poderia ser atrevimento, mas uma sugestão simpática.
Mille grazie ancora - uma vez mais, obrigada.
Alda

 

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