AO SANTO PROTECTOR DOS EUROPEUS
Lá pelas Alturas, mete as “cunhas” necessárias, a fim de que surja um Obama europeu. Necessita-se com uma certa urgência!
Nos tempos presentes, cá por estes lados do Atlântico e Mediterrâneo, o panorama político é desolador. Reina a mediocridade - salvo raríssimas excepções –, não falando já do artista de cabaret que diverte o mundo com um modo muito peculiar de interpretar a política e a coisa pública!...
Não sei o que sairá destas eleições europeias. Há grande alarme sobre o alargamento e aumento dos grupos de extrema-direita.
“Onda negra sobre a Europa”: Neofascista, racistas, xenófobos e eurocépticos. As sondagens registam um vento de direita que sopra em todo o Continente e se abaterá nas urnas. – Alberto d’Argenzio, L’Espresso.
Sendo assim, reforcemos a invocação ao santo protector ou um santo qualquer que estime a nossa Europa e a proteja destas hordas de primários antidemocratas e xenófobos.
****
Li atentamente – e deliciada! - o discurso que Barack Obama pronunciou no Cairo. Não creio que tivesse desiludido nenhuma das muitas expectativas que pendiam deste discurso: perfeito equilíbrio; clareza admirável!
Com grande eficácia, expressou-se sobre todos os argumentos delicados que contrapõem o mundo ocidental e a esfera islâmica.
Na causa mais virulenta - insanável até hoje - e que tem servido de grande pretexto para o ódio dos fundamentalistas, Barack Obama foi equânime e bem claro. Vejamos.
Penso que esteja dentro das minhas responsabilidades de Presidente dos Estados Unidos lutar contra qualquer estereótipo negativo do Islão, em qualquer lugar onde isso se verifique. Mas este mesmo princípio deve aplicar-se à percepção da América da parte dos muçulmanos.
Isto não significa que deveremos ignorar os motivos de tensão. Significa exactamente o contrário. (…)
(…) A segunda e mais importante causa de tensão, da qual devemos discutir, é a situação entre israelianos, palestinos e o mundo árabe.
São bem conhecidas as sólidas relações que ligam Israel e Estados Unidos. Trata-se de um vínculo inquebrável que tem raízes e liames culturais antigos; no reconhecimento que a aspiração a uma pátria hebraica é legítimo, e também esse tem raízes numa história trágica, irrefutável.
No mundo, o povo hebraico foi perseguido durante séculos; na Europa, atingiu o auge com o Holocausto, um extermínio sem precedentes.
Contestar esta realidade é um acto injustificável, de grave ignorância e que apenas serve para alimentar ódios. Ameaçar Israel de destruição – ou repetir vis estereótipos sobre os judeus – é profundamente errado e serve apenas para trazer à mente dos israelitas a recordação mais dolorosa da sua história (…)
Paralelamente, é inegável que o povo palestiniano tem sofrido, ele também, nos seus esforços de possuir uma pátria. Há mais de sessenta anos que enfrenta tudo o que há de mais penoso na sua condição de desalojado.
Os palestinos têm suportado, dia após dia, as grandes e pequenas humilhações que sempre acompanham a ocupação de um território. Seja bem clara uma coisa: a situação do povo palestiniano é intolerável. A América não virará as costas à legítima aspiração dos palestinianos à dignidade, a iguais oportunidades, a um Estado próprio. (…)
Era mais que tempo - e um verdadeiro sentido de justiça assim o exigia - que um Presidente americano enunciasse estes princípios e se pronunciasse com esta determinação. Quer queiram, quer não queiram, é no interesse dos dois povos: israelitas e palestinos.
Um grande, grande aplauso por um discurso que pôs de lado retórica ornamental e foi direito ao coração de todos.
****
Li, com o mesmo agrado, um artigo de Abraham B. Yehoshua, no jornal La Stampa:
Lá pelas Alturas, mete as “cunhas” necessárias, a fim de que surja um Obama europeu. Necessita-se com uma certa urgência!
Nos tempos presentes, cá por estes lados do Atlântico e Mediterrâneo, o panorama político é desolador. Reina a mediocridade - salvo raríssimas excepções –, não falando já do artista de cabaret que diverte o mundo com um modo muito peculiar de interpretar a política e a coisa pública!...
Não sei o que sairá destas eleições europeias. Há grande alarme sobre o alargamento e aumento dos grupos de extrema-direita.
“Onda negra sobre a Europa”: Neofascista, racistas, xenófobos e eurocépticos. As sondagens registam um vento de direita que sopra em todo o Continente e se abaterá nas urnas. – Alberto d’Argenzio, L’Espresso.
Sendo assim, reforcemos a invocação ao santo protector ou um santo qualquer que estime a nossa Europa e a proteja destas hordas de primários antidemocratas e xenófobos.
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Li atentamente – e deliciada! - o discurso que Barack Obama pronunciou no Cairo. Não creio que tivesse desiludido nenhuma das muitas expectativas que pendiam deste discurso: perfeito equilíbrio; clareza admirável!
Com grande eficácia, expressou-se sobre todos os argumentos delicados que contrapõem o mundo ocidental e a esfera islâmica.
Na causa mais virulenta - insanável até hoje - e que tem servido de grande pretexto para o ódio dos fundamentalistas, Barack Obama foi equânime e bem claro. Vejamos.
Penso que esteja dentro das minhas responsabilidades de Presidente dos Estados Unidos lutar contra qualquer estereótipo negativo do Islão, em qualquer lugar onde isso se verifique. Mas este mesmo princípio deve aplicar-se à percepção da América da parte dos muçulmanos.
Isto não significa que deveremos ignorar os motivos de tensão. Significa exactamente o contrário. (…)
(…) A segunda e mais importante causa de tensão, da qual devemos discutir, é a situação entre israelianos, palestinos e o mundo árabe.
São bem conhecidas as sólidas relações que ligam Israel e Estados Unidos. Trata-se de um vínculo inquebrável que tem raízes e liames culturais antigos; no reconhecimento que a aspiração a uma pátria hebraica é legítimo, e também esse tem raízes numa história trágica, irrefutável.
No mundo, o povo hebraico foi perseguido durante séculos; na Europa, atingiu o auge com o Holocausto, um extermínio sem precedentes.
Contestar esta realidade é um acto injustificável, de grave ignorância e que apenas serve para alimentar ódios. Ameaçar Israel de destruição – ou repetir vis estereótipos sobre os judeus – é profundamente errado e serve apenas para trazer à mente dos israelitas a recordação mais dolorosa da sua história (…)
Paralelamente, é inegável que o povo palestiniano tem sofrido, ele também, nos seus esforços de possuir uma pátria. Há mais de sessenta anos que enfrenta tudo o que há de mais penoso na sua condição de desalojado.
Os palestinos têm suportado, dia após dia, as grandes e pequenas humilhações que sempre acompanham a ocupação de um território. Seja bem clara uma coisa: a situação do povo palestiniano é intolerável. A América não virará as costas à legítima aspiração dos palestinianos à dignidade, a iguais oportunidades, a um Estado próprio. (…)
Era mais que tempo - e um verdadeiro sentido de justiça assim o exigia - que um Presidente americano enunciasse estes princípios e se pronunciasse com esta determinação. Quer queiram, quer não queiram, é no interesse dos dois povos: israelitas e palestinos.
Um grande, grande aplauso por um discurso que pôs de lado retórica ornamental e foi direito ao coração de todos.
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Li, com o mesmo agrado, um artigo de Abraham B. Yehoshua, no jornal La Stampa:
“O Amigo que gostaria de ter ao meu lado”
Como se reconhece um verdadeiro amigo? Do facto que quem assim se define crê e tem confiança em ti, preocupa-se com as tuas necessidades, mesmo a longo prazo, indica-te, honestamente, os teus erros e procura ajudar-te a corrigi-los. Este é o amigo que desejaria ao meu lado. Não quem aprova automaticamente o que quer que eu faça, declara o seu afecto por mim e me aceita assim como sou.
A partir da grande vitória militar de Israel em 1967 (…) Israel precipitou num vórtice ideológico e militar, fruto da conquista de vastos territórios, durante aquele conflito.
Deveria considerar, logo de princípio, aquelas regiões como elemento de troca e induzir o mundo árabe e os palestinianos a procurar a paz. Pelo contrário, Israel – quer por desconfiança em relação às verdadeiras intenções dos seus inimigos (…), quer pelo seu desejo de anexar aqueles territórios (sobretudo os de significado histórico e religioso) – iniciou uma política de colonatos, criando uma realidade difícil de subverter. (…)
Os colonatos israelitas acrescem, portanto, o ódio dos palestinianos contra Israel. Efectivamente, além de ocupar as suas terras, desfrutar os seus recursos hídricos e impor limites à sua liberdade de circulação, eles simbolizam a vontade do Estado Hebraico de permanecer e a relutância de conceder a independência ao povo palestino (…)
A maior parte dos israelitas já compreendeu tudo isto. Porém, como um toxicodependente escravo da droga, não é capaz de dizer: basta! Cometemos um erro e ocorre remediar antes que seja demasiado tarde. (…)
Com um apelo tão directo e claro ao Governo israeliano, o Presidente dos Estados Unidos não somente expressou o que grande parte dos israelitas tem no coração, como deu provas da sua profunda amizade pelo Estado hebraico.
Termino com o final de uma entrevista a outro grande escritor israeliano, David Grossman, comentando o discurso de Obama.
"Também o Hamas diz-se satisfeito das palavras do Presidente Obama".
Dá-me prazer ouvir isso. Os únicos que desaprovam Obama são Al Qaeda e os colonos israelitas. Devo admitir que me sinto muito embaraçado, perante este binómio. - entrevista de Pietro del Re, jornal La Repubblica
Alda M. Maia
Como se reconhece um verdadeiro amigo? Do facto que quem assim se define crê e tem confiança em ti, preocupa-se com as tuas necessidades, mesmo a longo prazo, indica-te, honestamente, os teus erros e procura ajudar-te a corrigi-los. Este é o amigo que desejaria ao meu lado. Não quem aprova automaticamente o que quer que eu faça, declara o seu afecto por mim e me aceita assim como sou.
A partir da grande vitória militar de Israel em 1967 (…) Israel precipitou num vórtice ideológico e militar, fruto da conquista de vastos territórios, durante aquele conflito.
Deveria considerar, logo de princípio, aquelas regiões como elemento de troca e induzir o mundo árabe e os palestinianos a procurar a paz. Pelo contrário, Israel – quer por desconfiança em relação às verdadeiras intenções dos seus inimigos (…), quer pelo seu desejo de anexar aqueles territórios (sobretudo os de significado histórico e religioso) – iniciou uma política de colonatos, criando uma realidade difícil de subverter. (…)
Os colonatos israelitas acrescem, portanto, o ódio dos palestinianos contra Israel. Efectivamente, além de ocupar as suas terras, desfrutar os seus recursos hídricos e impor limites à sua liberdade de circulação, eles simbolizam a vontade do Estado Hebraico de permanecer e a relutância de conceder a independência ao povo palestino (…)
A maior parte dos israelitas já compreendeu tudo isto. Porém, como um toxicodependente escravo da droga, não é capaz de dizer: basta! Cometemos um erro e ocorre remediar antes que seja demasiado tarde. (…)
Com um apelo tão directo e claro ao Governo israeliano, o Presidente dos Estados Unidos não somente expressou o que grande parte dos israelitas tem no coração, como deu provas da sua profunda amizade pelo Estado hebraico.
Termino com o final de uma entrevista a outro grande escritor israeliano, David Grossman, comentando o discurso de Obama.
"Também o Hamas diz-se satisfeito das palavras do Presidente Obama".
Dá-me prazer ouvir isso. Os únicos que desaprovam Obama são Al Qaeda e os colonos israelitas. Devo admitir que me sinto muito embaraçado, perante este binómio. - entrevista de Pietro del Re, jornal La Repubblica
Alda M. Maia
4 Comments:
Li com muita atenção este seu post que foca duas situações distintas. Uma é uma certa tendência verificada nestas eleições europeias, que já se vinha a delinear, de uma subtil (ou nem tanto) viragem à direita que me assusta e me perturba. perturba-me verificar como é curta a memória das pessoas...
A outra parte tem a ver com Barack Obama que nos continua a presentear com discursos lúcidos que revelam intenções impensáveis durante a vigência da anterior presidência. Espero que mantenha a lucidez que tem demonstrado.
Ao procurar o seu blog, dei com um exactamente com o mesmo endereço e com um conteúdo que não tem nada a ver com o que procurava. Percebi depois que o seu endereço tem um "underscore" entre as duas palavras e o outro não. Mas quando vamos em busca, se não sabemos o endereço certinho, suscita confusões...
Beijinhos.
O avanço da extrema-direita não só me perturba como me assusta.
Não foi só a Maria Celeste que tropeçou num blogue com o mesmo título do meu, pensando que iriam ler estes "pensamentos vagabundos" que criei em Janeiro de 2005.
O PLÁGIO EFECTUOU-SE EM 2006.
Não consigo compreender como o Blogger Support consente abusos deste género, dando encorajamento às espertezas de eliminação ou troca de sinais de separação: AS PALAVRAS E VALOR SEMÂNTICO DO TÍTULO PERMANECEM EXACTAMENTE IGUAIS, o que acho inadmissível.
Penso seja caso único na blogosfera portuguesa!
Um beijinho
Alda
Por acaso tive também o cuidado de verificar as datas. O seu blogue é anterior ao outro.
É pena pois quem vai em busca deste encontra algo completamente diferente sem este tipo de interesse...
Beijos.
Só me resta enviar-lhe, Maria Celeste, um grande abraço de apreço e agradecimento.
Ah! uma coisa quero dizer: a minha dignidade, brio e educação jamais me consentiriam copiar o que quer que fosse; copiar o título de um blogue, então, não somente seria execrável como absolutamente ridículo!
Um beijinho
Alda
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