SER OU SENTIR-SE PORTUGUÊS
Quando se aborda um tema com este título, devemos esperar que as nossas lembranças nos transportem àquele patrioteirismo que nos intoxicou - a nós, geração do “Estado Novo” - durante décadas. Àquele patrioteirismo que nos inculcou concepções muito bem empacotadas na retórica da famigerada divisa: A bem da Nação; nada contra a Nação.
Hoje, o facto de ser ou sentir-se português nada tem que ver com essa retórica falsa e empeçonhada.
A rubrica “Cartas ao Director” – jornal Público de sexta-feira passada – publicou uma carta do Sr. Rui Marques: “O leite derramado dos brasileiros sobre Portugal”.
Refere-se ao recente livro de Chico Buarque de Holanda, Leite Derramado, criticando os conceitos que o autor expressou sobre a herança negativa da colonização dos portugueses no Brasil: “os eternos culpados do atraso económico do Brasil” e outras insinuações pouco lisonjeiras.
Deve ser pecha de família. O pai, o sociólogo Sérgio Buarque de Holanda, em “Roteiro de Café e Outros Ensaios” (1939), sustentava que “o português colonizador não se afeiçoava ao trabalho duro e lento das terras”.
Penso seja muito fácil e sugestivo defender teses deste género, no conforto de um gabinete alcatifado.
Não conheço o livro “Leite Derramado”: li apenas algumas críticas e um resumo da obra; não estou em condições, portanto, de formular uma opinião.
Não me custa aceitar, todavia - e até mesmo partilhar -, as apreciações que o Sr. Rui Marques, do Porto, escreveu na sua carta ao Director. Explico a razão.
Há alguns anos, num contacto com um radioamador brasileiro, este dirigiu-se-me em italiano (aproximativo), visto que eu transmitia da Itália. Exprimindo-me em português, sugeri-lhe que usássemos esta língua.
Acabei a minha mensagem, passei-lhe a palavra. A primeira coisa a que se referiu foi ao meu “forte sotaque” e que eu falava muito bem a língua brasileira: se calhar, tê-la-ia aprendido em Portugal!...
E a propósito de Portugal, achou por bem eleger como tema de conversa a lastimável colonização do Brasil pelos portugueses: seguiram-se vários considerandos nada lisonjeiros, roçando até o pejorativo.
Antes de entrar no assunto, perguntei-lhe qual era o seu apelido. Indicou-me um patronímico italianíssimo (neste momento, não o recordo)
O meu primeiro comentário: Foram os seus pais ou avós que criaram esse imenso e esplêndido território que é o Brasil, não é assim?
A partir deste começo, as minhas palavras e argumentos jorraram sem nada que as suavizasse, pois era-me difícil controlar inteiramente a indignação.
Pode-se gostar ou não do meu País, mas nunca suportei atrevimentos de quem demonstra ignorância facciosa.
Aconselhei-o a ler “O Mundo Que O Português Criou” de Gilberto Freyre, não omitindo o prefácio que António Sérgio escreveu para a edição brasileira.
Se por uma raríssima casualidade – nunca tive a pretensões de ser lida por muitas pessoas – alguém no Brasil ler o que escrevo, esclareço que de modo algum desejo ofender esse grande País. Admiro-o e respeito-o. Ademais, tenho família genuinamente brasileira.
Assim como por cá temos estúpidos e ignorantes que se exprimem sem que nada promane de um sério raciocínio, concordem que também no Brasil deva suceder o mesmo. É desses que falo, e somente desses.
Mas voltemos ao início deste artigo. Ser português ou sentir-se português não é julgar-se melhor ou superior a quem quer que seja. Simplesmente, gostar de o ser e jamais sentir-se inferior a outros povos, a outras etnias, porque o não somos.
Desgraçadamente, a auto-estima que fortaleceria a consciência de ser português não é cultivada, não é incentivada, nunca foi radicalizada nas nossas mentes com princípios estruturalmente bem motivados.
Se há argumentos que me irritam, são os que se estribam na pequenez do território e no número de habitantes. Acaso, e em piores circunstâncias, isso impediu que surgisse o tal “mundo que o português criou”?
Enquanto o criámos e administrámos, colonizando, acusam-nos de escravatura e violências afins.
Não o podemos negar nem justificar. Valha-nos, ao menos, Padre António Vieira!
Estabeleçamos, no entanto, o paralelo entre a acção dos portugueses e a de outros povos também colonizadores de origem europeia.
Fomos os piores? Não, absolutamente não. Não o fomos.
Sem cair no detestável patrioteirismo, deixámos testemunhos que perduraram nos séculos e dos quais nos podemos orgulhar. Logo, elevemos bem alto a auto-estima: sem sobrancerias, mas, insisto, sem quaisquer complexos de inferioridade.
Somos pequenos e estamos no fundo da lista dos países avançados económica e socialmente? A pequenez territorial é caso único na Europa?!
O que é que nos impede de arregaçarmos as mangas e arriscar ideias e iniciativas? Há já quem o faça, mas dá-se-lhes pouco relevo.
Falta-nos capacidade e inteligência? Nunca faltaram: estão frequentemente em letargo - para uma grande maioria, é o “Estado providência” que se deve ocupar dos nossos destinos.
Por que razão não insistimos numa acentuada e obrigatória educação cívica, política e de ética social da nossa gente, jovem e menos jovem?
Visto que somos grandes consumidores de telenovelas, aproveitemo-las como mais um meio, embora dissimulado, de ministrar essa educação.
Já que estamos em matéria, por que não protestamos contra a informação televisiva que é capacíssima de expender vinte minutos, a meio do telejornal ou no início, para nos falar, exclusivamente, de questões futebolísticas?
Quanto embirro com esta espécie de populismo na formatação e apresentação dos noticiários!
Por que não exigimos mais seriedade, preparação e coerência à nossa classe política? Por que não estamos atentos, quando temos o voto na mão, a votarmos com responsabilidade e sageza?
Por que razão toleramos que o nosso Parlamento, por vezes, se torne em teatro de verborreias exibicionistas e não aquele templo da democracia, onde se exprimem deputados com uma cultura técnica, social e jurídica sólidas e, quando pedem responsabilidades, vão direitos ao real cerne da questão?
Concluindo: não será que a única pequenez existente está na restrita forma de concebermos a nossa lusitanidade e na aceitação da mediocridade como coisa justa?
Quando se aborda um tema com este título, devemos esperar que as nossas lembranças nos transportem àquele patrioteirismo que nos intoxicou - a nós, geração do “Estado Novo” - durante décadas. Àquele patrioteirismo que nos inculcou concepções muito bem empacotadas na retórica da famigerada divisa: A bem da Nação; nada contra a Nação.
Hoje, o facto de ser ou sentir-se português nada tem que ver com essa retórica falsa e empeçonhada.
A rubrica “Cartas ao Director” – jornal Público de sexta-feira passada – publicou uma carta do Sr. Rui Marques: “O leite derramado dos brasileiros sobre Portugal”.
Refere-se ao recente livro de Chico Buarque de Holanda, Leite Derramado, criticando os conceitos que o autor expressou sobre a herança negativa da colonização dos portugueses no Brasil: “os eternos culpados do atraso económico do Brasil” e outras insinuações pouco lisonjeiras.
Deve ser pecha de família. O pai, o sociólogo Sérgio Buarque de Holanda, em “Roteiro de Café e Outros Ensaios” (1939), sustentava que “o português colonizador não se afeiçoava ao trabalho duro e lento das terras”.
Penso seja muito fácil e sugestivo defender teses deste género, no conforto de um gabinete alcatifado.
Não conheço o livro “Leite Derramado”: li apenas algumas críticas e um resumo da obra; não estou em condições, portanto, de formular uma opinião.
Não me custa aceitar, todavia - e até mesmo partilhar -, as apreciações que o Sr. Rui Marques, do Porto, escreveu na sua carta ao Director. Explico a razão.
Há alguns anos, num contacto com um radioamador brasileiro, este dirigiu-se-me em italiano (aproximativo), visto que eu transmitia da Itália. Exprimindo-me em português, sugeri-lhe que usássemos esta língua.
Acabei a minha mensagem, passei-lhe a palavra. A primeira coisa a que se referiu foi ao meu “forte sotaque” e que eu falava muito bem a língua brasileira: se calhar, tê-la-ia aprendido em Portugal!...
E a propósito de Portugal, achou por bem eleger como tema de conversa a lastimável colonização do Brasil pelos portugueses: seguiram-se vários considerandos nada lisonjeiros, roçando até o pejorativo.
Antes de entrar no assunto, perguntei-lhe qual era o seu apelido. Indicou-me um patronímico italianíssimo (neste momento, não o recordo)
O meu primeiro comentário: Foram os seus pais ou avós que criaram esse imenso e esplêndido território que é o Brasil, não é assim?
A partir deste começo, as minhas palavras e argumentos jorraram sem nada que as suavizasse, pois era-me difícil controlar inteiramente a indignação.
Pode-se gostar ou não do meu País, mas nunca suportei atrevimentos de quem demonstra ignorância facciosa.
Aconselhei-o a ler “O Mundo Que O Português Criou” de Gilberto Freyre, não omitindo o prefácio que António Sérgio escreveu para a edição brasileira.
Se por uma raríssima casualidade – nunca tive a pretensões de ser lida por muitas pessoas – alguém no Brasil ler o que escrevo, esclareço que de modo algum desejo ofender esse grande País. Admiro-o e respeito-o. Ademais, tenho família genuinamente brasileira.
Assim como por cá temos estúpidos e ignorantes que se exprimem sem que nada promane de um sério raciocínio, concordem que também no Brasil deva suceder o mesmo. É desses que falo, e somente desses.
Mas voltemos ao início deste artigo. Ser português ou sentir-se português não é julgar-se melhor ou superior a quem quer que seja. Simplesmente, gostar de o ser e jamais sentir-se inferior a outros povos, a outras etnias, porque o não somos.
Desgraçadamente, a auto-estima que fortaleceria a consciência de ser português não é cultivada, não é incentivada, nunca foi radicalizada nas nossas mentes com princípios estruturalmente bem motivados.
Se há argumentos que me irritam, são os que se estribam na pequenez do território e no número de habitantes. Acaso, e em piores circunstâncias, isso impediu que surgisse o tal “mundo que o português criou”?
Enquanto o criámos e administrámos, colonizando, acusam-nos de escravatura e violências afins.
Não o podemos negar nem justificar. Valha-nos, ao menos, Padre António Vieira!
Estabeleçamos, no entanto, o paralelo entre a acção dos portugueses e a de outros povos também colonizadores de origem europeia.
Fomos os piores? Não, absolutamente não. Não o fomos.
Sem cair no detestável patrioteirismo, deixámos testemunhos que perduraram nos séculos e dos quais nos podemos orgulhar. Logo, elevemos bem alto a auto-estima: sem sobrancerias, mas, insisto, sem quaisquer complexos de inferioridade.
Somos pequenos e estamos no fundo da lista dos países avançados económica e socialmente? A pequenez territorial é caso único na Europa?!
O que é que nos impede de arregaçarmos as mangas e arriscar ideias e iniciativas? Há já quem o faça, mas dá-se-lhes pouco relevo.
Falta-nos capacidade e inteligência? Nunca faltaram: estão frequentemente em letargo - para uma grande maioria, é o “Estado providência” que se deve ocupar dos nossos destinos.
Por que razão não insistimos numa acentuada e obrigatória educação cívica, política e de ética social da nossa gente, jovem e menos jovem?
Visto que somos grandes consumidores de telenovelas, aproveitemo-las como mais um meio, embora dissimulado, de ministrar essa educação.
Já que estamos em matéria, por que não protestamos contra a informação televisiva que é capacíssima de expender vinte minutos, a meio do telejornal ou no início, para nos falar, exclusivamente, de questões futebolísticas?
Quanto embirro com esta espécie de populismo na formatação e apresentação dos noticiários!
Por que não exigimos mais seriedade, preparação e coerência à nossa classe política? Por que não estamos atentos, quando temos o voto na mão, a votarmos com responsabilidade e sageza?
Por que razão toleramos que o nosso Parlamento, por vezes, se torne em teatro de verborreias exibicionistas e não aquele templo da democracia, onde se exprimem deputados com uma cultura técnica, social e jurídica sólidas e, quando pedem responsabilidades, vão direitos ao real cerne da questão?
Concluindo: não será que a única pequenez existente está na restrita forma de concebermos a nossa lusitanidade e na aceitação da mediocridade como coisa justa?
Alda M. Maia
8 Comments:
Penso que tem toda a razão, quando diz, que a nossa pequeneza reside fundamentalmente, no factor de a aceitarmos de "braços abertos", como se fosse algo de muito intrínseco ao nosso lusitanismo.
Algo aconteceu ao nosso povo, de há uns tempos para cá, que esfumou o nosso orgulho patriótico.
Porque nós portugueses somos bons, quando o queremos ser, somos um povo, que embora digam, vive na base do desenrascanço, penso que não se limita apenas a isso!Senão como explicar, termos sido, os primeiros a saír mar fora, em autênticas casca de noz, à descoberta de todo um mundo desconhecido? Inventores da bússola e sextante?!
Somos um povo colonizador, sim, acusados dos maiores crimes de escravatura e violência, mas aqueles, que hoje fazem filmes, essa matéria, dando ao mundo uma imagem nossa arrogante e de selvajaria, esqueceram-se, isso sim, que dizimaram civilizações inteiras; pobres índios norte e sul americanos!
Quanto às novelas... vai de mal a pior!
O sistema de ensino, é que está errado e quando falha a educação, falha tudo o resto.
Os mídia contribuiram de forma excelente, na função de desinformar e de deseducar; são para mim os principais algozes da boa educação. Apostaram na alienação do povo, levando-o a uma tibieza demasiado confortável para quem quer controlar massas!
Temos do que há de melhor, em termos de "cérebros" espalhados por todo o mundo, pois o Estado português, não dá o apoio mínimo. Pouco se está importando de perder estas mais valias, diria eu essenciais, para os países mais desenvolvidos.
Os nossos emigrantes são dos mais queridos nos países de acolhimento!
Pergunto então, o que se passa? que foi feito da nossa auto-estima?
O Estado Novo roubou-nos identidade, e a dita democracia portuguesa, continuou essa conjuntura ascendente, até aos dias de hoje, claro está, para benefício de alguns, que rotativamente, estão no poder, que nada fazem pelo povo e país, mas sim, por eles próprios, em que a palavra de ordem é DINHEIRO!
Há mais de trinta anos, que fazem acordos entre eles, com vista a roubar o dinheiro público, tornando-se essa massa política, os próprios carrascos do seu povo!
Saberão os jovens de hoje, o Hino Nacional? Saberão o que são os direitos e deveres? Saberão o que são os Valores Essenciais?
Pelo que vejo, apenas aqueles que têm os pais mais informados e preocupados com a formação e educação dos filhos; uma minoria!
Porque de resto, vêem TV, jogam no PC e não sabem o que é ler um bom livro!
O Estado falha na educação, falha em tudo, para seu próprio bem.
Votar conscientemente em quem?! Há escolha?!
Teríamos de fazer uma revolução, para conseguir dizimar políticos e lobbies, que desde o caso Irongate, Portugalgate e Camarate acabaram com a nossa Democracia!
E muito obrigada pela sua sapiente exposição. :)
Seja Bem-Vinda, Menina Helena!!
Mas que bela catilinária contra estes “safadinhos”! Não se salva ninguém. Continue a zurzir, pois gosto de a ler.
Obrigada pela visita. Vejo que encontrou a página com a “conversa da semana” actualizada.
Já fui dar uma espreitadela aos sítios que me indicou. O endereço de “Escrita em Dia” é original!...
Um beijinho, Fada dos Bosques, e outros dois para o Miguel e Salomé.
Alda
Acha mesmo que sou censura exacerbada??
Pois bem, pelo menos neste espaço não existe policiamento, talvaz alguma críticaa, como a mana que me chama radical, ou então outros que me chamam reaccionária... ahahahahaha.
Mas pelo menos desabafo!
Um beijo grande para si também. :)
E aqui fica um prémio virtual para a querida D. Alda. Com um beijinho.
http://sustentabilidadenaoepalavraeaccao.blogspot.com/2009/06/premio-lemniscata.html
E bem o merece Dº Alda!
Um beijo grande... :)
Devo tratá-la como Bstet Ailuros ou simplesmente Nelinha?
Por esta não esperava! Surpresa muito agradável.
Agradeço o prémio e logo responderei no blogue.
Olhando à motivação deste prémio, está bem certa que o mereço ou é mais um reflexo da amizade que me liga à Família Alves Araújo?
De todas as maneiras, muito obrigada.
Um abraço grande
Alda
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Signorina Fada dos Bosques
Claro que aqui não há censura. Era o que faltava!
Deite cá para fora essa raiva toda.
Um beijinho
Ora aqui está um post que poderia muito bem ter sido escrito por mim (se para tal me chegasse o engenho) tal é a coincidência de opiniões.
Estava bastante entusiasmada para ler o livro que refere, de Chico Buarque por várias razões. É uma pessoa que merece o meu respeito quer em termos de postura quer em termos de talento musical e, por outro lado, li aquele que julgo ter sido o seu primeiro romance "Budapeste" o qual, sem ser fabuloso, achei interessante.
Depois de ler o seu texto, essa vontade resfriou um tanto, confesso.
Embora, na minha opinião, o nosso problema não reside naquilo que Dizem de nós mas, como muito bem referiu, naquilo que Pensamos de nós.
E isso, é um fenómeno estranho que se exacerbou com o Estado Novo, é certo, mas não nasceu aí.
Não podemos esquecer que fomos bravos construtores de um império fabuloso do qual tirámos muito pouco proveito se compararmos com outras potências que foram por arrasto, muito depois de nós.
A dada altura, em plena hegemonia do poderio português, limitámo-nos a esbanjar despudoradamente as riquezas que inevitavelmente nos caiam nas mãos e a servirmos pouco mais do que entreposto comercial, enchendo os bolsos da Flandres e de outros locais que usufruíam, esses sim, das viagens dos nossos marinheiros.
Nunca essa riqueza foi utilizada para desenvolver coisa nenhuma. Os pobres mantiveram-se pobres como dantes e, é claro que houve quem tivesse ficado mais rico, mas sem que enriquecesse o país.
Bom, isto para dizer que a falta de auto-estima e essa capacidade de não aproveitarmos o empreendedorismo que efectivamente possuímos em actos que nos valorizem mais é tão antiga e tem sido tão sabiamente alimentada que o meu receio é que esteja tão colada que já não saia...
Quanto ao que fomos como colonizadores, bem, isso é que nem há a mais pequena dúvida. Mesmo expurgando qualquer laivo de patriotismo que se meta aqui por entre estas palavras, fomos seguramente dos mais brandos. Basta ser um pouco interessado pela nossa História e perceber a forma feliz com que nos miscigenámos com os povos residentes e demos origem àquela pessoas belíssimas que constituem hoje as populações dos países por nós colonizados.
Visitem o Hawai e vejam se vislumbram alguém que não seja absolutamente negro! É que os franceses, esses não tinham qualquer contacto com o povo autóctone bem como com os escravos que transportavam. E eram tão bem tratados que até há um episódio que eles contam que, num dado momento, fugiram todos para as montanhas para um suicídio em massa...
Bom termino aqui o testamento antes que a Alda me dê um tiro.
Um beijo grande.
Nunca diga: “se para tal me chegasse o engenho”, pois já é a segunda vez que lhe digo – e devo dizer – que engenho e arte é o que menos lhe falta; e sem lisonjas.
Fiquei satisfeita que aplaudisse o que escrevi. A um certo ponto receei ter caído numa certa retórica. Porém, como escrevi exactamente o que sentia, não corrigi nem cortei nada.
Tocou um ponto que não me ocorreu: o reduzido proveito nacional de tudo o que descobrimos e colonizámos.
Veja, por exemplo, o que hoje representa para o Brasil a Biblioteca Nacional, onde o espólio deixado por D. João VI é uma enorme riqueza.
Não lhe dou um tiro simples, mas uma canhonada com a arma cheia de flores: apreciei muito o que escreveu.
Um beijinho
Alda
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