segunda-feira, maio 04, 2009

ELEIÇÕES PARA O PARLAMENTO EUROPEU

Como sempre me considerei uma europeísta convicta, é com muita dificuldade que procuro justificação para a indiferença dos eleitores, assim como para a ligeireza como certos países da União desenvolvem a campanha eleitoral e escolhem os seus representantes para o Parlamento Europeu.

Sempre pensei que deveriam ser enviadas para Estrasburgo personalidades de alto nível político: em competência e espessura académica.
Esta regra tem sido observada? Ou as eleições servirão para dar um premiozinho (mas que prémio!) aos fiéis do partido que os insere na lista?
Não é raro ver-se mediocridades que não merecem os assentos que ocupam, usurpando-os a quem melhor representaria o país donde provêm.

Também sempre pensei que se deveria conceder o máximo esforço e atenção a estas eleições, a fim de esclarecer, concreta e exaustivamente, o que significa esta união de vinte e sete países (por agora): quer como um bloco que estuda, enfrenta e resolve os problemas de convivência e desenvolvimento dos países da Comunidade, assim como as situações inesperadas que a globalização impõe; quer como única voz - idónea e de grande peso político, económico e civilizacional – nos conflitos que incendeiam tantas regiões do Globo.

É este o resultado que a União Europeia tem obtido? Ou, pelo contrário, sobrepõem-se os egoísmos nacionais e, da UE, apenas se conhece os fundos estruturais ou de coesão que peremptoriamente se pretende encaixar, por vezes sem o rigor de projectos sérios e responsáveis?
É inútil aludir ao novo-riquismo que explodiu, corolário da desenvoltura fraudulenta, como, não raramente, esses fundos foram usados.

Indicações, explicações, esclarecimentos sobre o funcionamento e instituições da União a que pertencemos e da qual provêm impulsos de indiscutível desenvolvimento económico e reestruturações sociais, quem se preocupa de elucidar os eleitores?
Não seria mais que oportuno acentuar a enorme vantagem de gravitarmos na zona euro, por exemplo? Neste período de crise gravíssima, que seria da nossa economia se estivéssemos fora?
Todavia, ainda existem ignorantes que o põem em dúvida.

Salvo as devidas excepções, grande parte dos novos eurodeputados conhecerá, devidamente, tudo o que concerne a estrutura da União Europeia?

E volto ao primeiro parágrafo: por que razão o absentismo, em quase todos os países, se anuncia como o factor de maior relevo, nas próximas eleições europeias?
Não sei compreender nem sinto a mínima simpatia por quem abdica do direito de votar. Considero-os cidadãos de pouco mérito e de mérito zero as justificações dessa indiferença.

*****

Falemos agora de coisas sérias, isto é, da luminosa intenção do primeiro-ministro de um país membro, um dos fundadores da União Europeia, que se esforçou por enviar para Estrasburgo “deputados coreográficos”. E quem melhor do que lindas moças?

Quero candidatas jovens e belas para melhorar a imagem do Parlamento Europeu – palavras de Sílvio Berlusconi.

Mãos à obra. Imediatamente um curso - quatro dias! - de preparação política, na sede do partido, para as belezas participantes: concorrentes do “Big Brother”, actrizes de telenovelas, show girls, cançonetistas, etc., etc.

Mais do que a sátira dos críticos desta concepção de eurodeputado, valeu a martelada de madame Berlusconi, Verónica Lário.
Alguém escreveu que tudo isto serve para escorar o divertimento do imperador. Concordo: o que emerge dos jornais é uma quinquilharia despudorada, e tudo em nome do poder.
O que se entrevê hoje, através do pára-vento das curvas e da beleza feminina, e que se torna ainda mais grave, é o descaramento e a falta de contenção do poder que ofende a credibilidade de todas.

A senhora, nestas declarações (além de outras) à agência de informação ANSA, não usou perífrases a condenar o “marido imperador”. E este fez marcha atrás.
As mocinhas estão desoladas. Foram eles que nos convidaram, fizeram-nos assinar diante de um notário; fomos penalizadas por causa desta polémica. Parece-me que se salvaram três.

Todavia, mais do que as potenciais eurodeputadas, foi a estranha participação do consorte a uma festa de anos de uma rapariga de 18 anos, em Nápoles, e que, com muita familiaridade, chamava a Berlusconi Papi.
Que penso desse facto? - diz Verónica Lário - Surpreendeu-me muito, tanto mais que nunca veio festejar os dezoito anos de nenhum dos seus filhos, embora tivesse sido convidado.

Estas insinuações – que dão lugar a juízos pouco ortodoxos - provocaram o terramoto matrimonial: divórcio! A senhora não quer mais conversa com um marido que corre atrás de moças de dezoito anos.
Os enxovalhos a Verónica Lário já iniciaram a sua marcha nos jornais controlados por Berlusconi. Indecente? Nojento!

Mas a telenovela continua.
Alda M. Maia

PS:
Imaginem um cartoon onde está desenhada uma rapariga com as curvas nos lugares justos. Berlusconi explica as novas medidas europeias: noventa / sessenta / noventa - (Vauro Senesi – Annozero RAI due)

1 Comments:

At 1:13 da manhã, Blogger Unknown said...

A VAGABUNDA COMUNISTA DOS "PENSAMENTOS VAGABUNDOS" E "EROPEISTA" DE MERDA!

 

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