sexta-feira, dezembro 14, 2007

O FRANGO DE TRILUSSA
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No mar de notícias que envolveu a cimeira UE / África, a situação económica deste Continente foi matéria obrigatória, obviamente.
Quando li do crescimento de 8% (se não recordo mal) de Angola, imediatamente me veio à memória um soneto do poeta dialectal italiano, Carlo Alberto Salustri (1871 – 1950), mais conhecido como Trilussa.

É proverbial, na Itália, a citação do «frango de Trilussa», quando as estatísticas apresentam médias incontroversas, mas nem sempre espelham a realidade de uma situação ou de um país.

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La Statistica

Sai ched’è la statistica? È ‘na cosa / Che serve pe’ fa’ un conto in generale / Che la gente che nasce, che sta Male, / Che more, che va in carcere e che sposa.

Ma pe’ me la statistica curiosa / È dove c’entra la percentuale, / Pe’ via che, lì, la media è sempre eguale / Puro co’ la persona bisognosa.

Me spiego: da li conti che se fanno / secondo le statistiche d’adesso / Risurta che te tocca un pollo all’anno:

E, se nun entra ne le spese tue, / t’entra ne la statistica lo stesso / Perché c’è un antro che ne magna due.

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A Estatística

Sabes o que é a estatística? É uma coisa
Que serve para fazer uma conta em geral
Da gente que nasce, que está doente,
Que morre, que vai para a cadeia e que se casa.

Mas para mim, o curioso da estatística
É onde entra a percentagem,
Pelo motivo que, ali, a média é sempre igual
Mesmo com a pessoa necessitada.

Explico-me: das contas que se fazem,
Segundo as estatísticas de agora,
Resulta que te toca um frango por ano:

E, se não entra nas tuas compras,
Entra-te igualmente na estatística
Porque há um outro que manduca dois.