segunda-feira, outubro 22, 2007

O PODER DE UM VOTO LIVRE E CONSCIENTE

Se cada um de nós, sem excepção, quando se dirige à cabine de voto, ponderasse bem a importância do acto, portanto da escolha que exprimirá, haveria menos incompetentes, demagogos ou oportunistas à frente dos destinos de uma democracia, isto é, de um país democrático?

Ponderar bem significa a preocupação de saber escolher aquela parte política, ou personagem, que mais se esforce por dar respostas sérias, honestas e realistas aos problemas do país.

Nunca me impressionaram os tribunos; desprezo os demagogos e, muito mais ainda, os oportunistas; repugnam-me os populistas que usam tons confidenciais, piscando o olho às massas: “vedes, eu sou um como vós; votai-me e dar-vos-ei prosperidade” - estou a pensar em Berlusconi. Unfit!

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Pensando no poder de um voto consciencioso, não posso deixar de reflectir na situação do Iraque.
Considero-a uma tremenda consequência de uma péssima escolha eleitoral – opinião minha, obviamente.

Um presidente americano responsável, inteligente, menos claramente comprometido com poderes económicos, jamais se lançaria na estúpida e obscena invasão do Iraque.
Sempre entendi que havia muitos outros meios, correctos e menos trágicos, para neutralizar um déspota sanguinário.

Mais grave que o ataque, todavia, foi a impreparação e leviandade como o Presidente Bush e compadres geriram o resultado. Torna-se quase inacreditável que tivessem reduzido a zero toda a organização militar e civil daquele desgraçado país sem nenhum plano que aproveitasse o que deveria ser aproveitado e substituir, para melhor, o que deveria ser substituído.
Assim, foi inevitável o caos e a origem de uma tragédia infinita no viver quotidiano dos iraquianos!

Os meios de comunicação deram mais atenção às provas falsas de que se serviram para justificar essa guerra. Certamente que é um factor relevante. No entanto, considero mais criminoso, se tal é possível, o desmantelamento de todas aquelas instituições e estruturas que organizam e harmonizam a convivência civil de um país normal.

Descrédito da América: mais outra pesada consequência!
Todo o Ocidente necessita de uma América moralmente forte e livre de lastros que não equilibram, mas só afundam o seu prestígio. Ora, o prestígio americano, presentemente, é desastroso.
E tanto assim, que o Irão talvez não ostentasse toda aquela intransigência e fanfarronada, na questão nuclear, se os Estados Unidos não estivessem enterrados até ao pescoço, no atoleiro em que se meteram; que seria mais cauto no descarado apoio que dá aos extremistas islâmicos.
Pela mesma razão, não creio que o Sr. Vladimir Putin falasse com tanta arrogância e alimentasse desejos de uma nova guerra fria, que me parece tão inoportuna quanto imbecil.
Se é táctica de política interna, que deite às ortigas os tiques de ex-KGB e tente comportar-se como estadista sério. Que pense na Chechénia e no modo abjecto como tem tratado esse problema.

Se Mr. Bush tivesse mais dignidade e não tivesse o péssimo hábito de ameaçar e aviar guerras, saberia dar uma resposta adequada às pretensões arrogantes e ridículas da China, relativamente à visita e concessão de uma medalha ao Dalai Lama. E a resposta seria esta: “Na minha casa faço o que muito bem entender. Não tenho que dar explicações, sobretudo a quem se apoderou do Tibete com a força bruta e quase aniquilou a cultura e o povo tibetanos”. Mas falta-lhe estatura moral e política para dar essa resposta.


Em tudo isto, há uma circunstância que dá um certo alívio: Bush não pode ser reeleito.
Paralelamente, surgirá uma dúvida: saberão ponderar bem o voto e eleger um presidente americano à altura da importância daquele país?
Ainda outra dúvida: os candidatos, actualmente em liça, serão os mais bem dotados – em coragem, sageza e equilíbrio - para corrigir o que Bush escaqueirou?
Alda M. Maia