segunda-feira, outubro 19, 2015

“OS POLÍTICOS NÃO DEVEM SER COMO NÓS.
DEVEM SER MELHOR DO QUE NÓS”

Esta asserção de um jornalista - Massimo Gramellini - foi proferida sábado passado, num programa televisivo. Aplaudi-a. Parece banal, mas não é.
Frequentemente, ouvimos tecer elogios a determinado actor político que, a título de conclusão, serão sintetizados no já consueto epílogo: “enfim, é uma pessoa como nós”.

Se esse político é como nós e nada o distingue do cidadão comum, deixemo-lo em casa; não merece o nosso voto.
Exercer aquilo a que chamam a nobre arte, isto é, o exercício da verdadeira Política, implica seriedade, competência e paixão pela arte de cuidar e tratar da coisa pública sem dar prioridades a quaisquer interesses pessoais ou dos compadres. Inevitavelmente, portanto, deve fazer parte do que há de melhor nas elites da nossa sociedade… Sonhar é permitido!

Deveria provir dessas elites superiores, mas todos sabemos que a realidade é bem outra. Também existe a elite dos oportunistas, e quão habilidosos na arte da treta! Superam tudo e todos.

Começou o “baile da corrida” de candidatos à Presidência da República. Daqui até à data legal da apresentação, quantas outras candidaturas marcarão presença?
É positivo que haja vários concorrentes a tão alto cargo. Só desejo que sejam personalidades que nos inspirem respeito e apreço pelas suas qualidades, quer humanas e éticas, quer políticas e académicas. Não esqueçamos que esse cargo de mais alto magistrado da nação também serve de facho para iluminar o caminho de uma correcta administração do país.

Mas como avaliar estes candidatos? Pelos seus currículos culturais e políticos ou, além desses atributos e acima de quaisquer outras considerações, pela grande popularidade adquirida como comentador sobre os factos da actualidade, durante vários anos, nos nossos canais televisivos?
Quantos outros candidatos – entre os que até hoje se apresentaram - tiveram esse meio de entesourar um elemento importantíssimo, qual é a popularidade, para obter óptimas percentagens, após o anúncio de candidatura? Eticamente, podemos colocar esta circunstância na escala do correcto?

Abstraiamos os partidos que patrocinam determinado candidato e este pode contar com essa máquina organizadora para ser eleito. Se há candidatos que não gozam desse patrocínio nem da popularidade acima referida, mas possuem, em todos os seus graus, a competência exigida, onde está a igualdade de condições para que os eleitores portugueses tenham, na variedade de concorrentes, a oportunidade de escolher, imparcialmente, o que lhe parece mais adequado para Presidente da República, o presidente de todos nós? Não repitamos o feito de elegermos um presidente que se esquecerá que não deve ser de parte.

O estribilho que tenho ouvido ou lido repetidamente sobre candidatos independentes é que estes não são conhecidos, logo, não esperem ser eleitos. Mas não são portugueses como os outros e não deveriam esperar, quer da imprensa, quer da rádio e televisão, informações curriculares sobre este género de candidatos que não são oriundos dos tais partidos do arco da governabilidade?
Aguardemos.