“OS POLÍTICOS NÃO
DEVEM SER COMO NÓS.
DEVEM SER MELHOR DO
QUE NÓS”
Esta asserção de um
jornalista - Massimo Gramellini - foi proferida sábado passado, num programa
televisivo. Aplaudi-a. Parece banal, mas não é.
Frequentemente,
ouvimos tecer elogios a determinado actor político que, a título de conclusão, serão
sintetizados no já consueto epílogo: “enfim, é uma pessoa como nós”.
Se esse político é
como nós e nada o distingue do cidadão comum, deixemo-lo em casa; não merece o
nosso voto.
Exercer aquilo a que
chamam a nobre arte, isto é, o exercício da verdadeira Política, implica
seriedade, competência e paixão pela arte de cuidar e tratar da coisa pública
sem dar prioridades a quaisquer interesses pessoais ou dos compadres.
Inevitavelmente, portanto, deve fazer parte do que há de melhor nas elites da
nossa sociedade… Sonhar é permitido!
Deveria provir dessas
elites superiores, mas todos sabemos que a realidade é bem outra. Também existe
a elite dos oportunistas, e quão habilidosos na arte da treta! Superam tudo e
todos.
Começou o “baile da
corrida” de candidatos à Presidência da República. Daqui até à data legal da
apresentação, quantas outras candidaturas marcarão presença?
É positivo que haja
vários concorrentes a tão alto cargo. Só desejo que sejam personalidades que
nos inspirem respeito e apreço pelas suas qualidades, quer humanas e éticas, quer
políticas e académicas. Não esqueçamos que esse cargo de mais alto magistrado
da nação também serve de facho para iluminar o caminho de uma correcta administração
do país.
Mas como avaliar
estes candidatos? Pelos seus currículos culturais e políticos ou, além desses
atributos e acima de quaisquer outras considerações, pela grande popularidade adquirida
como comentador sobre os factos da actualidade, durante vários anos, nos nossos
canais televisivos?
Quantos outros
candidatos – entre os que até hoje se apresentaram - tiveram esse meio de entesourar
um elemento importantíssimo, qual é a popularidade, para obter óptimas percentagens,
após o anúncio de candidatura? Eticamente, podemos colocar esta circunstância
na escala do correcto?
Abstraiamos os
partidos que patrocinam determinado candidato e este pode contar com essa
máquina organizadora para ser eleito. Se há candidatos que não gozam desse
patrocínio nem da popularidade acima referida, mas possuem, em todos os seus
graus, a competência exigida, onde está a igualdade de condições para que os
eleitores portugueses tenham, na variedade de concorrentes, a oportunidade de
escolher, imparcialmente, o que lhe parece mais adequado para Presidente da
República, o presidente de todos nós? Não repitamos o feito de elegermos um
presidente que se esquecerá que não deve ser de parte.
O estribilho que
tenho ouvido ou lido repetidamente sobre candidatos independentes é que estes
não são conhecidos, logo, não esperem ser eleitos. Mas não são portugueses como
os outros e não deveriam esperar, quer da imprensa, quer da rádio e televisão, informações curriculares sobre este género de candidatos que não são oriundos dos tais partidos do arco
da governabilidade?
Aguardemos.
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