segunda-feira, setembro 14, 2015

AINDA SOBRE O MESMO TEMA


                                            
 E se no tema anterior predominou a emoção, hoje é a indignação e repulsa que ditam as palavras.

Observemos bem, nestas fotos, o inverosímil gesto de Petra László, uma operadora de câmara húngara, especializada em passar rasteiras a infelizes refugiados sírios - já vítimas das piores vicissitudes - que tentavam fugir da polícia e atravessar a fronteira entre a Sérvia e Hungria.
Mais repulsivo ainda quando o seu abjecto modo de exercer a profissão incluía crianças. Que sensações e procura de resultados moviam aquela mulher? Ou era a pura maldade que a impelia?

Estas e outras fotos idênticas foram vistas por milhões de pessoas em todo o mundo e certamente que o espanto e indignação atingiram a maioria.

Petra László, repórter da cadeia televisiva húngara N1TV (canal ligado ao partido xenófobo de extrema-direita, Jobbik) foi imediatamente despedida pelo director dessa emissora. Também é alvo de um inquérito da magistratura.

Relativamente ao despedimento da jornalista, é difícil distinguir se o director da N1TV decidiu movido por autêntica indignação contra o procedimento da sua operadora de câmara ou agiu em conformidade com o que a prudência aconselhava, ante a explosão mundial de repulsa por tais actos. A dúvida não é inoportuna.

Petra László, agora, mostra-se arrependida. Numa carta enviada a um jornal húngaro, dá explicações a fugir para o patético, mas sem qualquer credibilidade.
Estava a filmar a cena, quando uma centena de refugiados rompeu o cordão da polícia. Um deles atingiu-me e entrei em pânico. Como mãe, tenho pena que o acaso tivesse escolhido aquele menino que me atingia e de não me ter apercebido disso. Lamento e tomo as minhas responsabilidades. Não sou racista e sem coração. Sou uma mãe desempregada”… etc., etc.

Infelizmente para Petra László, as imagens captadas por um cameraman alemão, Stephan Richter, são muito claras e não deixam margem para dúvidas sobre a insensibilidade – digamos mesmo, sobre a maldade – da operadora de câmara que não sabemos se queria ajudar a polícia na sua desumanidade ou procurava efeitos sensacionais. Quando provocou a queda do refugiado com o filho de sete anos ao colo e o menino chorava intensamente, Petra Laszló, imperturbável, continuou a filmar toda a cena. Nas suas explicações, a que género de pânico se refere? Simplesmente ignóbil!

Mas nas tragédias a que temos assistido, parece que alguns seres femininos se têm demarcado de naturais impulsos humanitários, mostrando uma perfeita crueza de sentimentos.
Paralelamente a Petra Laszló, a senhora Françoise Olcay, cônsul honorário francês na cidade portuária turca, Bodrum, numa loja de sua propriedade vendia barcos de goma aos refugiados que tentavam chegar à costa grega: os refugiados que morrem às dezenas, vítimas da fragilidade dessas embarcações.
Secretamente, France2TV filmou-a a exercer esse comércio nojento. A França suspendeu-a, como é óbvio e justo. Da próxima vez, saiba escolher melhor os seus cônsules honorários!