AINDA SOBRE O MESMO TEMA
E se no tema anterior
predominou a emoção, hoje é a indignação e repulsa que ditam as palavras.
Observemos bem, nestas
fotos, o inverosímil gesto de Petra
László, uma operadora de câmara húngara, especializada em passar rasteiras
a infelizes refugiados sírios - já vítimas das piores vicissitudes - que tentavam fugir
da polícia e atravessar a fronteira entre a Sérvia e Hungria.
Mais repulsivo ainda
quando o seu abjecto modo de exercer a profissão incluía crianças. Que
sensações e procura de resultados moviam aquela mulher? Ou era a pura maldade
que a impelia?
Estas e outras fotos
idênticas foram vistas por milhões de pessoas em todo o mundo e certamente que
o espanto e indignação atingiram a maioria.
Petra László,
repórter da cadeia televisiva húngara N1TV
(canal ligado ao partido xenófobo de extrema-direita, Jobbik) foi imediatamente
despedida pelo director dessa emissora. Também é alvo de um inquérito da
magistratura.
Relativamente ao
despedimento da jornalista, é difícil distinguir se o director da N1TV decidiu movido
por autêntica indignação contra o procedimento da sua operadora de câmara ou agiu
em conformidade com o que a prudência aconselhava, ante a explosão mundial de repulsa
por tais actos. A dúvida não é inoportuna.
Petra László, agora,
mostra-se arrependida. Numa carta enviada a um jornal húngaro, dá explicações a
fugir para o patético, mas sem qualquer credibilidade.
“Estava a filmar a cena, quando uma centena de refugiados rompeu o
cordão da polícia. Um deles atingiu-me e entrei em pânico. Como mãe, tenho pena
que o acaso tivesse escolhido aquele menino que me atingia e de não me ter
apercebido disso. Lamento e tomo as minhas responsabilidades. Não sou racista e
sem coração. Sou uma mãe desempregada”… etc., etc.
Infelizmente para
Petra László, as imagens captadas por um cameraman
alemão, Stephan Richter, são muito
claras e não deixam margem para dúvidas sobre a insensibilidade – digamos
mesmo, sobre a maldade – da operadora de câmara que não sabemos se queria
ajudar a polícia na sua desumanidade ou procurava efeitos sensacionais. Quando provocou
a queda do refugiado com o filho de sete anos ao colo e o menino chorava intensamente,
Petra Laszló, imperturbável, continuou a filmar toda a cena. Nas suas
explicações, a que género de pânico se refere? Simplesmente ignóbil!
Mas nas tragédias a
que temos assistido, parece que alguns seres femininos se têm demarcado de
naturais impulsos humanitários, mostrando uma perfeita crueza de sentimentos.
Paralelamente a Petra
Laszló, a senhora Françoise Olcay, cônsul
honorário francês na cidade portuária turca, Bodrum, numa loja de sua
propriedade vendia barcos de goma aos refugiados que tentavam chegar à costa
grega: os refugiados que morrem às dezenas, vítimas da fragilidade dessas
embarcações.
Secretamente, France2TV filmou-a a exercer esse comércio nojento. A França suspendeu-a, como é óbvio e justo. Da próxima vez, saiba escolher melhor os seus cônsules honorários!
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