segunda-feira, julho 20, 2015

ALEMANHA, ACTUAL CENTRO DAS ATENÇÕES

Atenções não somente europeias, mas mundiais. Mas atenções por motivos que atraem apoios e admiração ou por comportamentos dignos de severas críticas? As duas coisas. Todavia, creio que, nas opiniões sérias e equilibradas, predominam as críticas e os alemães mais informados, como é óbvio, conhecem-nas.

A Alemanha sempre se quis distinguir – ou impor? – como o melhor e primeiro país continental. Ser primo inter pares, o que não foge à realidade e merece louvores, não entra nas suas concepções. Deve hegemonizar do alto da cátedra, salvaguardando, sempre e acima de tudo, os seus interesses, mesmo que estes provenham de situações esmagadoras para outrem.
  
Nos últimos tempos, os exemplos ditatoriais desse Estado-membro, um dos fundadores da União Europeia, estão à vista de todos. Não os vê quem não quer e quem esquece que a dignidade e bem-estar dos habitantes de qualquer outro país merecem atenção e respeito. Se alguns países da zona euro prevaricaram no que concerne a disciplina orçamental, existem instituições e mecanismo de correcção para solucionarem esses problemas e aplicarem as sanções regulamentares. Repito, existem instituições; nenhum Estado-membro deve substituí-las, emitindo diktats que são autênticas mortificações e sofrimentos para quem os deve suportar.
  
Gostaria, então, que me informassem se, oficial e regularmente, a Alemanha foi eleita supervisor das regras e instituições da União, visto que nada se faz sem a presença e aprovação da Senhora Merkel.  

Bem sabemos que a Alemanha prima na eficiência, laboriosidade, tecnologia, ciência, cultura, mas não esconde “um inato e histórico desprezo pelas nações que com ela convivem no mesmo continente”. Afora o Reino Unido e a França, os demais países são ignorados ou “objecto de vassalagem”.
E quanta vassalagem verificamos, actualmente!

Corrigir derrapagens orçamentais, eliminando situações que elevam a despesa pública injustificadamente, é mais que aconselhável, é obrigatório, embora esses actos políticos impliquem pesados sacrifícios e renúncias para os cidadãos.
O que se torna intolerável e humilhante é a falta de aprumo, de dignidade de dirigentes políticos que se prosternam ante o país economicamente poderoso e, insisto, se autoproclamou fiscal das chamadas regras de ouro. Esqueceu-se, na sua arrogância, que essas regras que intransigentemente impõe aos outros foram por ele transgredidas, quando lhe convinha. Mas nunca ninguém lhe chamou a atenção. Muito menos impor-lhe sanções.

Última pergunta: são os contribuintes alemães os únicos que financiam os fundos europeus? Absolutamente, não. Todos os países da União contribuem, nas devidas proporções. Que lenda é essa que os “preguiçosos” do Sul da Europa vivem à custa dos contribuintes alemães?
Infelizmente, este argumento é muito do agrado de vários opinantes portugueses. Reflictam e deixem-se de genuflexões onde não ocorrem e só aviltam quem as mete em acto.
 
Recordando os políticos alemães antecessores de Angela Merkel, desde os fundadores da União Europeia, sempre se notou equilíbrio e jamais adoptaram atitudes prepotentes. Podemos recordá-los como óptimos dirigentes europeus. Decididamente, os tempos mudaram e as mediocridades apoderaram-se do ceptro.

Na triste questão Grécia / Alemanha, o que mais me indignou foi a proposta de um fundo fiduciário exigido à Grécia: se não pagares confiscar-te-emos ilhas, Pártenon, Erecteion e demais tesouros artísticos.
Exagero, obviamente, mas o significado da exigência daquele fundo não anda longe destes exemplos.