ALEMANHA, ACTUAL CENTRO DAS ATENÇÕES
Atenções não somente europeias, mas mundiais. Mas atenções
por motivos que atraem apoios e admiração ou por comportamentos dignos de severas
críticas? As duas coisas. Todavia, creio que, nas opiniões sérias e equilibradas,
predominam as críticas e os alemães mais informados, como é óbvio, conhecem-nas.
A Alemanha sempre se quis distinguir – ou impor? – como
o melhor e primeiro país continental. Ser primo inter pares, o
que não foge à realidade e merece
louvores, não entra nas suas concepções. Deve hegemonizar do alto da cátedra,
salvaguardando, sempre e acima de tudo, os seus interesses, mesmo que estes provenham
de situações esmagadoras para outrem.
Nos últimos tempos, os exemplos ditatoriais desse Estado-membro,
um dos fundadores da União Europeia, estão à vista de todos. Não os vê quem não
quer e quem esquece que a dignidade e bem-estar dos habitantes de qualquer outro
país merecem atenção e respeito. Se alguns países da zona euro prevaricaram no
que concerne a disciplina orçamental, existem instituições e mecanismo de
correcção para solucionarem esses problemas e aplicarem as sanções
regulamentares. Repito, existem instituições; nenhum Estado-membro deve
substituí-las, emitindo diktats que são autênticas mortificações e sofrimentos para quem os
deve suportar.
Gostaria, então, que me informassem se, oficial e
regularmente, a Alemanha foi eleita supervisor das regras e instituições da
União, visto que nada se faz sem a presença e aprovação da Senhora Merkel.
Bem sabemos que a Alemanha prima na eficiência, laboriosidade,
tecnologia, ciência, cultura, mas não esconde “um inato e histórico desprezo pelas
nações que com ela convivem no mesmo continente”. Afora o Reino Unido e a
França, os demais países são ignorados ou “objecto de vassalagem”.
E quanta vassalagem verificamos, actualmente!
Corrigir derrapagens orçamentais, eliminando situações
que elevam a despesa pública injustificadamente, é mais que aconselhável, é
obrigatório, embora esses actos políticos impliquem pesados sacrifícios e
renúncias para os cidadãos.
O que se torna intolerável e humilhante é a falta de
aprumo, de dignidade de dirigentes políticos que se prosternam ante o país
economicamente poderoso e, insisto, se autoproclamou fiscal das chamadas regras
de ouro. Esqueceu-se, na sua arrogância, que essas regras que
intransigentemente impõe aos outros foram por ele transgredidas, quando
lhe convinha. Mas nunca ninguém lhe chamou a atenção. Muito menos impor-lhe sanções.
Última pergunta: são os contribuintes alemães os únicos
que financiam os fundos europeus? Absolutamente, não. Todos os países da União contribuem, nas devidas proporções. Que lenda é essa que os “preguiçosos” do Sul da Europa
vivem à custa dos contribuintes alemães?
Infelizmente, este argumento é muito do agrado de
vários opinantes portugueses. Reflictam e deixem-se de genuflexões onde não
ocorrem e só aviltam quem as mete em acto.
Recordando os políticos alemães antecessores de Angela
Merkel, desde os fundadores da União Europeia, sempre se notou equilíbrio e
jamais adoptaram atitudes prepotentes. Podemos recordá-los como óptimos
dirigentes europeus. Decididamente, os tempos mudaram e as mediocridades
apoderaram-se do ceptro.
Na triste questão Grécia / Alemanha, o que mais me
indignou foi a proposta de um fundo fiduciário exigido à Grécia: se não pagares
confiscar-te-emos ilhas, Pártenon, Erecteion e demais tesouros artísticos.
Exagero, obviamente, mas o significado da exigência daquele
fundo não anda longe destes exemplos.
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