TURIM - SANTO SUDÁRIO
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Também já ouvi chamar-lhe “o Lençol de Turim”. E em Turim - em toda a Itália, aliás - é apenas conhecido como a “Santa Síndone”.
Sobre este lençol, esta relíquia que ainda continua como um dos maiores mistérios de todos os tempos, os estudos, as polémicas, as controvérsias são infinitas, sempre em auge e sempre de actualidade.
A documentação é vastíssima. Recorro a parte de uma história cronológica, publicada pelo jornal de Turim, “La Stampa”
No ano 525, durante a restauração de Santa Sofia em Edessa (actual Turquia), encontraram o rosto de Cristo impresso numa tela parecida com um lenço e que, segundo a tradição, não seria “pintada á mão”. Esta imagem constituiu a base da iconografia bizantina do rosto de Jesus.
Em 994, o Santo Sudário foi transferido para Constantinopla e foi aqui que se descobriu que o lenço com a imagem santa era, afinal, um lençol dobrado em oito partes e com a imagem de um corpo inteiro.
Em 1204, Constantinopla foi saqueada. “Todas as sextas-feiras, a Síndone é exposta em Constantinopla (...), mas ninguém sabe do seu paradeiro, depois que a cidade foi saqueada” – assim escreveu Robert de Clary cronista da Quarta Cruzada”
Chega-se ao ano 1353 e o Santo Sudário está em França, propriedade de Goffredo de Charny. Ninguém ainda descobriu como lá chegou e através de quem. Dos Templários?
Depois de várias peripécias e disputas sobre a propriedade da relíquia, em 1418 o duque de Sabóia entrou na posse do Santo Sudário.
Em Chambéry, capital da Sabóia, em 1502 os duques de Sabóia mandaram construir a “Sainte Chapelle”, dedicando-a ao culto da Síndone - o papa Júlio II consentirá esse culto público, “aprovando a Missa e Ofício”.
Na noite entre 3 e 4 Dezembro de 1532, um grande incêndio deflagrou na “Sainte Chapelle”. Os clérigos conseguiram salvar o Santo Sudário, mas as chamas e a água para apagar o incêndio provocaram graves danos: duas linhas negras paralelas percorrem todo o comprimento do tecido, assim como oito buracos simétricos - os historiadores explicam que foram produzidos por alguma gota de metal fundido que penetrou no tecido dobrado em oito partes.
As clarissas do convento de Chambéry, em 1534, tentaram remediar os estragos, aplicando remendos nesses furos e forrando todo o lençol com um pano de Holanda.
Houve outras e variegadas vicissitudes por que passou o “Sacro Linho” que ultrapasso. Quero chegar ao ano em que chegou a Turim e ali ficou para sempre, embora com pequenos interregnos.
Em 1572, Emanuel Filiberto de Sabóia mudou a capital de Chambéry para Turim e, em 1578, transferiu para esta cidade o Santo Sudário.
O cardeal de Milão, Carlo Borromeo, tinha prometido uma peregrinação até à Santa Síndone a pé, se a peste que flagelava Milão desaparecesse. Um bom pretexto para o duque de Sabóia ir ao encontro de Carlo Borromeo e encurtar-lhe o caminho. O Santo Sudário saiu de Chambéry “provisoriamente”, mas este provisório foi definitivo.
Em 1694 ficou concluída a construção de uma capela como nova sede do Santo Sudário – a capela Guarini, do nome do frade arquitecto que dirigiu os trabalhos, Guarino Guarini.
Esta situa-se entre o Palácio Real e a catedral San Givanni.
Em 1869, foi exposto pela primeira vez na catedral de San Givanni – estilo renascimento - ou o “Duomo de Turim”, como é mais conhecida.
Em 1939, a relíquia foi escondida na abadia de Montevergine, na Campânia. Medo dos bombardeamentos e temor das rapinas dos nazis.
Em 1983, morre o rei Humberto e doa, em testamento, a Santa Síndone ao Vaticano.
Última vicissitude: em 1997 ateou-se um incêndio na catedral que devastou a capela Guarini e algumas salas do Palácio Real. Felizmente, o Santo Sudário saiu ileso.
****
Como antes acenei, as controvérsias sobre a genuinidade deste lençol, se é ou não a autêntica mortalha de Cristo, estão sempre presentes. Desde a química, á física, à anatomia, história da arte, botânica, arqueologia, estudos bíblicos, etc., etc., nada tem sido descurado para chegar à verdade.
Sobre este lençol, esta relíquia que ainda continua como um dos maiores mistérios de todos os tempos, os estudos, as polémicas, as controvérsias são infinitas, sempre em auge e sempre de actualidade.
A documentação é vastíssima. Recorro a parte de uma história cronológica, publicada pelo jornal de Turim, “La Stampa”
No ano 525, durante a restauração de Santa Sofia em Edessa (actual Turquia), encontraram o rosto de Cristo impresso numa tela parecida com um lenço e que, segundo a tradição, não seria “pintada á mão”. Esta imagem constituiu a base da iconografia bizantina do rosto de Jesus.
Em 994, o Santo Sudário foi transferido para Constantinopla e foi aqui que se descobriu que o lenço com a imagem santa era, afinal, um lençol dobrado em oito partes e com a imagem de um corpo inteiro.
Em 1204, Constantinopla foi saqueada. “Todas as sextas-feiras, a Síndone é exposta em Constantinopla (...), mas ninguém sabe do seu paradeiro, depois que a cidade foi saqueada” – assim escreveu Robert de Clary cronista da Quarta Cruzada”
Chega-se ao ano 1353 e o Santo Sudário está em França, propriedade de Goffredo de Charny. Ninguém ainda descobriu como lá chegou e através de quem. Dos Templários?
Depois de várias peripécias e disputas sobre a propriedade da relíquia, em 1418 o duque de Sabóia entrou na posse do Santo Sudário.
Em Chambéry, capital da Sabóia, em 1502 os duques de Sabóia mandaram construir a “Sainte Chapelle”, dedicando-a ao culto da Síndone - o papa Júlio II consentirá esse culto público, “aprovando a Missa e Ofício”.
Na noite entre 3 e 4 Dezembro de 1532, um grande incêndio deflagrou na “Sainte Chapelle”. Os clérigos conseguiram salvar o Santo Sudário, mas as chamas e a água para apagar o incêndio provocaram graves danos: duas linhas negras paralelas percorrem todo o comprimento do tecido, assim como oito buracos simétricos - os historiadores explicam que foram produzidos por alguma gota de metal fundido que penetrou no tecido dobrado em oito partes.
As clarissas do convento de Chambéry, em 1534, tentaram remediar os estragos, aplicando remendos nesses furos e forrando todo o lençol com um pano de Holanda.
Houve outras e variegadas vicissitudes por que passou o “Sacro Linho” que ultrapasso. Quero chegar ao ano em que chegou a Turim e ali ficou para sempre, embora com pequenos interregnos.
Em 1572, Emanuel Filiberto de Sabóia mudou a capital de Chambéry para Turim e, em 1578, transferiu para esta cidade o Santo Sudário.
O cardeal de Milão, Carlo Borromeo, tinha prometido uma peregrinação até à Santa Síndone a pé, se a peste que flagelava Milão desaparecesse. Um bom pretexto para o duque de Sabóia ir ao encontro de Carlo Borromeo e encurtar-lhe o caminho. O Santo Sudário saiu de Chambéry “provisoriamente”, mas este provisório foi definitivo.
Em 1694 ficou concluída a construção de uma capela como nova sede do Santo Sudário – a capela Guarini, do nome do frade arquitecto que dirigiu os trabalhos, Guarino Guarini.
Esta situa-se entre o Palácio Real e a catedral San Givanni.
Em 1869, foi exposto pela primeira vez na catedral de San Givanni – estilo renascimento - ou o “Duomo de Turim”, como é mais conhecida.
Em 1939, a relíquia foi escondida na abadia de Montevergine, na Campânia. Medo dos bombardeamentos e temor das rapinas dos nazis.
Em 1983, morre o rei Humberto e doa, em testamento, a Santa Síndone ao Vaticano.
Última vicissitude: em 1997 ateou-se um incêndio na catedral que devastou a capela Guarini e algumas salas do Palácio Real. Felizmente, o Santo Sudário saiu ileso.
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Como antes acenei, as controvérsias sobre a genuinidade deste lençol, se é ou não a autêntica mortalha de Cristo, estão sempre presentes. Desde a química, á física, à anatomia, história da arte, botânica, arqueologia, estudos bíblicos, etc., etc., nada tem sido descurado para chegar à verdade.
Pode-se dizer que todo o interesse científico é fruto da fotografia tirada, em 1898, pelo advogado Secondo Pia e que demonstrou que a figura do Santo Sudário era um negativo.
Em 1988, a fim de determinar a datação do tecido de linho, três laboratórios, respectivamente em Oxford, Tucson e Zurique, submeteram a exame três pequenas amostras extraídas do Santo Sudário.
Concluíram que a idade dessa tela de linho se situava entre os anos 1260 e 1390.
Tudo daria certo se, mais tarde, não viesse à superfície que essas análises - o teste do carbono 14 – estavam muito abaixo da margem de erro declarada; que outros cientistas não puderam controlar os preliminares dessas análises. Os exames não são homogénios. Ademais, os analistas dos três laboratórios não deveriam contactar uns com os outros e essa cláusula foi ignorada.
Em conclusão, a declaração que se tratava de um tecido da Idade Média não convenceu, não é atendível, mesmo para cientistas equidistantes.
É inegável que se trata da “imagem de um homem crucificado, flagelado, coroado de espinhos, pregado numa cruz, com um golpe que lhe atravessou o peito”: tudo como relatam os Evangelhos.
A ciência ainda não conseguiu determinar como se formaram as imagens daquele lençol. Ainda não conseguiu reproduzir, em laboratório ou por qualquer outro método, imagens idênticas.
É a Santa Síndone uma autêntica imagem de Cristo ou uma genial falsificação?
“A Síndone pode ser a mais impressionante relíquia de Cristo existente ou um dos mais engenhosos, dos mais incrivelmente inteligentes produtos que a mente humana e as mãos jamais produziram. Ou é uma coisa ou é a outra: não há vias intermédias" – John Walsh, historiador
****
O cardeal Severino Poletto, arcebispo de Turim, passados dez anos, decidiu expor de novo o Santo Sudário, também com o fim de mostrar o “Sacro Linho” restaurado em 2002. As imagens terão mais visibilidade sem os remendos que tapavam os estragos do incêndio de 1532.
A exposição abriu ontem, dia 10, na catedral San Giovanni em Turim, e prolongar-se-á até ao dia 23 de Maio deste ano.
Espera-se uma grande afluência de visitadores, visto que já foram marcadas as presenças de um milhão e meio de peregrinos, vindos de todas as partes do mundo. Outros milhares se juntarão a este número, além de dois mil jornalistas creditados.
Não ponho em dúvida estes números, pois tive ocasião de visitar a última ostensão de 2000 e eram impressionantes as longas filas de pessoas que queriam entrar na catedral.
Em 1988, a fim de determinar a datação do tecido de linho, três laboratórios, respectivamente em Oxford, Tucson e Zurique, submeteram a exame três pequenas amostras extraídas do Santo Sudário.
Concluíram que a idade dessa tela de linho se situava entre os anos 1260 e 1390.
Tudo daria certo se, mais tarde, não viesse à superfície que essas análises - o teste do carbono 14 – estavam muito abaixo da margem de erro declarada; que outros cientistas não puderam controlar os preliminares dessas análises. Os exames não são homogénios. Ademais, os analistas dos três laboratórios não deveriam contactar uns com os outros e essa cláusula foi ignorada.
Em conclusão, a declaração que se tratava de um tecido da Idade Média não convenceu, não é atendível, mesmo para cientistas equidistantes.
É inegável que se trata da “imagem de um homem crucificado, flagelado, coroado de espinhos, pregado numa cruz, com um golpe que lhe atravessou o peito”: tudo como relatam os Evangelhos.
A ciência ainda não conseguiu determinar como se formaram as imagens daquele lençol. Ainda não conseguiu reproduzir, em laboratório ou por qualquer outro método, imagens idênticas.
É a Santa Síndone uma autêntica imagem de Cristo ou uma genial falsificação?
“A Síndone pode ser a mais impressionante relíquia de Cristo existente ou um dos mais engenhosos, dos mais incrivelmente inteligentes produtos que a mente humana e as mãos jamais produziram. Ou é uma coisa ou é a outra: não há vias intermédias" – John Walsh, historiador
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O cardeal Severino Poletto, arcebispo de Turim, passados dez anos, decidiu expor de novo o Santo Sudário, também com o fim de mostrar o “Sacro Linho” restaurado em 2002. As imagens terão mais visibilidade sem os remendos que tapavam os estragos do incêndio de 1532.
A exposição abriu ontem, dia 10, na catedral San Giovanni em Turim, e prolongar-se-á até ao dia 23 de Maio deste ano.
Espera-se uma grande afluência de visitadores, visto que já foram marcadas as presenças de um milhão e meio de peregrinos, vindos de todas as partes do mundo. Outros milhares se juntarão a este número, além de dois mil jornalistas creditados.
Não ponho em dúvida estes números, pois tive ocasião de visitar a última ostensão de 2000 e eram impressionantes as longas filas de pessoas que queriam entrar na catedral.
Alda M. Maia
2 Comments:
Boa noite, Alda
Como já se deve ter apercebido, após 42 anos de descontos/contribuições para a Segurança Social, acabei por me reformar. Isto é, pedir a pensão de velhice, como a SS gosta de declarar e acrescentar nas estatísticas.
Felizmente, tenho muitos sonhos por realizar, e muito trabalho pela frente, também.
De modo que aqui continuo a gerir o meu tempo o melhor que posso. Entretanto, a Zaida também vai para a reforma em Junho próximo, aos 65 anos. E vai receber uma pensão (zita). Comparando a dela e a minha com as que os nossos políticos ligados aos vários departamentos do PODER, estes valores são uma areia no deserto do Saara...
Está a ver como é? a Alda esteve a dissertar com toda a propriedade sobre o Santo Sudário e eu para aqui a resmungar com as coisas comezinhas da vida terrena.
É um facto que há certos dogmas que se enraizaram de tal maneira no sentir e no crer dos povos, que é perfeitamente admissível que continuemos a seguir estes rituais, sem certezas absolutas, mas com aquela fé de que a vida é ordenada por Algo que nos transcende. E a verdade é que tem de o ser! A questão é a forma como as multidões de "fiéis" podem ser manipuladas pelas explanações e divagações metafísicas apresentadas pelos Doutores das Igrejas, nomeadamente da Igreja Católica.
Enfim, cada um que consiga orientar a sua vida em sociedade de forma a que todos possamos sair beneficiados.
Utopias?!...
Abraço
António e Zaida
Quanto é triste que Cristo morresse para que uns quantos "comam" do seu sangue!
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