DEMOCRACIA OU ACRACIA?
Sempre olhei com mais interesse o modus operandi de uma oposição do que a acção de Governo. Se este ganhou as eleições, significa que os eleitores entenderam que era a formação política mais adequada para administrar a coisa pública. Portanto, que exerça o dever por que foi eleito, no pleno respeito dos interesses do País e de quem o votou. Se procede mal, o que é sempre visível, temos um grande poder nas mãos: o nosso voto. Saibamos usá-lo.
A oposição, como todos bem sabem, não é de menor importância no funcionamento do Governo; logo, de uma sã democracia. E aqui está a razão por que a observo, sempre esperando que exerça um correcto, atento e responsável controlo dos actos governativos.
Dito isto, olhemos, então, para a actual balbúrdia ou pouca-vergonha – chamem-lhes o que quiserem – que se criou e alastrou em Portugal.
Tenho dificuldade a seguir e compreender as razões de um pandemónio que serve apenas para desacreditar o País. Custa-me acreditar que haja tantos irresponsáveis a atirar lenha para a fogueira de uma possível crise política. E não absolvo ninguém.
A causa central do alarido é um alegado ataque à liberdade de informação por membros do Governo. Logo se individuou quem deveria ser o bombo da festa: o Primeiro-Ministro - foi difícil de adivinhar, mas chegou-se lá!...
É imperdoável que o Governo e José Sócrates não tivessem adoptado uma atitude frontal, quando estas acusações - exibidas como certas e comprovadas – começaram a circular livremente por todos os meios de comunicação.
Deveriam intervir imediatamente, solicitar um inquérito sério e desafiar as pseudo-vítimas a apresentar provas de efectuada “conspiração contra o Estado de direito”, como pomposamente apregoaram.
Se assim tivessem procedido e demonstrado a ambiguidade das acusações, não se chegaria a estes histerismos de irresponsabilidade e venenos.
Falhou o Governo; falhou o Primeiro-Ministro; falhou um PS completamente afásico.
Se houve culpas, porém, devo dizer que foram muito desajeitados na pretensão de manipular a liberdade de imprensa!
Esta, não somente continuou livre - como sempre deve ser - mas não parou de gritar, desde então.
Instalou-se uma espécie de faroeste, cujo terreno é dominado por quem desfecha o tiroteio mais espectacular.
Que belo resultado! E que bela cara de bronze a de certos jornalistas, quando se apresentam como vítimas. Vítimas de quê? Porventura viram-se impossibilitados de lançar um vociferante alarme e não tiveram todos os espaços para acolher a solidariedade de quem disso quis tirar proveito, quer político, quer exibicionista? Não há escassez de debates e entrevistas televisivas sobre este assunto.
A propósito, por que razão Henrique Medina Carreira, fiscalista e crítico implacável, não se propõe com primeiro-ministro?
Há alguns aspectos da questão que me deixam verdadeiramente perplexa.
Se, como denunciam as famosas escutas, praticamente poucos jornais deveriam ficar fora de controlo (mas que bulimia!), onde encontrariam capitais e aquiescências para todas estas operações?
Acaso Sócrates é um Creso (à Berlusconi) a nós desconhecido?
Não será que as inaplicadas, mas muito oportunas "providências cautelares" (oportunas apenas para o semanário Sol, obviamente) teriam sido excogitadas pelos encarregados da publicidade daquela revista? Seriam uns génios!
Não duvido que se tivessem verificado pressões sobre os responsáveis da informação. Infelizmente, é pecha comum de quem governa, em todos os tempos e em todos os países. Alguns procedem com tacto e fair play; outros, arrogantemente.
Só é pena que não se mentalizem que as críticas fazem parte das regras. Quando justas, a sageza está em saber aceitá-las com atenção e humildade; quando descabidas, é boa táctica ignorá-las.
Quanto ao aproveitamento político de toda esta triste história, salienta-se o PSD, donzela impoluta nesta matéria!... Quando, como governo, ousou praticar actos desta natureza!? Vade retro, caluniadores!
E cá temos outras caras de bronze, além de políticos irresponsáveis.
Que solicitem esclarecimentos, é justo e normal. Insinuarem uma crise política, quando, presentemente, é o menos desejável para Portugal, só me pergunto onde está o sentido de Estado e a responsabilidade desta gente.
Esclareço que me agradaria um PSD politicamente forte, bem estruturado, enfim, uma tranquilizadora alternativa de governo, como sempre desejo a qualquer oposição. Mas não é esse o panorama que se nos apresenta.
Penso nas fábricas que fecham; no grande número de desempregados e na angústia das famílias; na desconfiança dos investidores estrangeiros; na exorbitância do défice nacional; na fragilidade da nossa economia; no despesismo e manias de grandeza dos portugueses: como é possível que ponham todos estes graves problemas em segundo lugar, dando preponderância a querelas de baixa liga e do deita abaixo?
Devo concluir que, no fim, todos saímos mal desta situação: o Governo, pelas razões que acima indiquei; as Instituições enxovalhadas; jornalistas que se crêem membros de uma casta superior; a liberdade de expressão que se aviltou; a verdadeira política pelas ruas da amargura.
Tudo isto seria um bom tema para a “commedia dell’arte”, se não tivesse posto de rastos os reais interesses e a dignidade do nosso País!
Sempre olhei com mais interesse o modus operandi de uma oposição do que a acção de Governo. Se este ganhou as eleições, significa que os eleitores entenderam que era a formação política mais adequada para administrar a coisa pública. Portanto, que exerça o dever por que foi eleito, no pleno respeito dos interesses do País e de quem o votou. Se procede mal, o que é sempre visível, temos um grande poder nas mãos: o nosso voto. Saibamos usá-lo.
A oposição, como todos bem sabem, não é de menor importância no funcionamento do Governo; logo, de uma sã democracia. E aqui está a razão por que a observo, sempre esperando que exerça um correcto, atento e responsável controlo dos actos governativos.
Dito isto, olhemos, então, para a actual balbúrdia ou pouca-vergonha – chamem-lhes o que quiserem – que se criou e alastrou em Portugal.
Tenho dificuldade a seguir e compreender as razões de um pandemónio que serve apenas para desacreditar o País. Custa-me acreditar que haja tantos irresponsáveis a atirar lenha para a fogueira de uma possível crise política. E não absolvo ninguém.
A causa central do alarido é um alegado ataque à liberdade de informação por membros do Governo. Logo se individuou quem deveria ser o bombo da festa: o Primeiro-Ministro - foi difícil de adivinhar, mas chegou-se lá!...
É imperdoável que o Governo e José Sócrates não tivessem adoptado uma atitude frontal, quando estas acusações - exibidas como certas e comprovadas – começaram a circular livremente por todos os meios de comunicação.
Deveriam intervir imediatamente, solicitar um inquérito sério e desafiar as pseudo-vítimas a apresentar provas de efectuada “conspiração contra o Estado de direito”, como pomposamente apregoaram.
Se assim tivessem procedido e demonstrado a ambiguidade das acusações, não se chegaria a estes histerismos de irresponsabilidade e venenos.
Falhou o Governo; falhou o Primeiro-Ministro; falhou um PS completamente afásico.
Se houve culpas, porém, devo dizer que foram muito desajeitados na pretensão de manipular a liberdade de imprensa!
Esta, não somente continuou livre - como sempre deve ser - mas não parou de gritar, desde então.
Instalou-se uma espécie de faroeste, cujo terreno é dominado por quem desfecha o tiroteio mais espectacular.
Que belo resultado! E que bela cara de bronze a de certos jornalistas, quando se apresentam como vítimas. Vítimas de quê? Porventura viram-se impossibilitados de lançar um vociferante alarme e não tiveram todos os espaços para acolher a solidariedade de quem disso quis tirar proveito, quer político, quer exibicionista? Não há escassez de debates e entrevistas televisivas sobre este assunto.
A propósito, por que razão Henrique Medina Carreira, fiscalista e crítico implacável, não se propõe com primeiro-ministro?
Há alguns aspectos da questão que me deixam verdadeiramente perplexa.
Se, como denunciam as famosas escutas, praticamente poucos jornais deveriam ficar fora de controlo (mas que bulimia!), onde encontrariam capitais e aquiescências para todas estas operações?
Acaso Sócrates é um Creso (à Berlusconi) a nós desconhecido?
Não será que as inaplicadas, mas muito oportunas "providências cautelares" (oportunas apenas para o semanário Sol, obviamente) teriam sido excogitadas pelos encarregados da publicidade daquela revista? Seriam uns génios!
Não duvido que se tivessem verificado pressões sobre os responsáveis da informação. Infelizmente, é pecha comum de quem governa, em todos os tempos e em todos os países. Alguns procedem com tacto e fair play; outros, arrogantemente.
Só é pena que não se mentalizem que as críticas fazem parte das regras. Quando justas, a sageza está em saber aceitá-las com atenção e humildade; quando descabidas, é boa táctica ignorá-las.
Quanto ao aproveitamento político de toda esta triste história, salienta-se o PSD, donzela impoluta nesta matéria!... Quando, como governo, ousou praticar actos desta natureza!? Vade retro, caluniadores!
E cá temos outras caras de bronze, além de políticos irresponsáveis.
Que solicitem esclarecimentos, é justo e normal. Insinuarem uma crise política, quando, presentemente, é o menos desejável para Portugal, só me pergunto onde está o sentido de Estado e a responsabilidade desta gente.
Esclareço que me agradaria um PSD politicamente forte, bem estruturado, enfim, uma tranquilizadora alternativa de governo, como sempre desejo a qualquer oposição. Mas não é esse o panorama que se nos apresenta.
Penso nas fábricas que fecham; no grande número de desempregados e na angústia das famílias; na desconfiança dos investidores estrangeiros; na exorbitância do défice nacional; na fragilidade da nossa economia; no despesismo e manias de grandeza dos portugueses: como é possível que ponham todos estes graves problemas em segundo lugar, dando preponderância a querelas de baixa liga e do deita abaixo?
Devo concluir que, no fim, todos saímos mal desta situação: o Governo, pelas razões que acima indiquei; as Instituições enxovalhadas; jornalistas que se crêem membros de uma casta superior; a liberdade de expressão que se aviltou; a verdadeira política pelas ruas da amargura.
Tudo isto seria um bom tema para a “commedia dell’arte”, se não tivesse posto de rastos os reais interesses e a dignidade do nosso País!
Alda M. Maia
4 Comments:
Alda
Estou perfeitamente sintonizado com as ideias expressas neste excepcional texto.
Penso que o que se passa está para além do que racionalmente seria de admitir num país com a urgência na resolução de problemas reais que nos estão a afectar a todos.
Como é possível que Sócrates seja tão estúpido como o pintam na comunicação social? Ou, dito de outra forma: como se pode entender que o PM esteja, quase todas as semanas, a dar ensejo a que seja colocado em cheque por motivos, os mais variados?
Bem me esforço para tentar perceber o que se passa mas chego a pensar que se calhar o problema é meu, que estou a perder faculdades.
Uma coisa me parece que nos estão a sugerir: este governo e o PS estão a ser colocados sitematicamente em cheque, de forma a que, de cheque em cheque, se consiga o cheque-mate ao Rei, como se de um jogo de xadrês se tratasse.
Ou será que é o próprio PS e Sócrates como PM a pôrem-se a jeito para serem derrubados do Poder e voltarem à liça como vítimas da intriga política?
Que balbúrdia por aqui vai!...
E o Povo? Quem se importa com o seu bem-estar material e psicológico?
Um abraço de muita amizade
António
Viva, António!
Espero que tivesse passado o dia de ontem na maior alegria e em companhia de todos os seus caros.
Tenho observado que o nosso povo não é assim tão distraído nem faccioso como muitas vezes se supõe. Coube-me ouvir certos comentários, de pessoas que votam nos mais variados partidos, muito claros na reprovação destes contínuos ataques.
Acham que já é de mais e estão saturados desta bagunçada, passe o termo.
Mas os nossos representantes entendem que, por enquanto, a voz do povo interessa pouco.
Que porcaria de política, António! E que mediocridades em campo!
Sinto-me enojada.
Um abraço e um beijinho à Zaida
Alda
Ai que saudades da "balbúrdia política" e da "fraca democracia" do pós 25 de Abril!!!!
Que saudades das "lutas" e dos "ataques" daquele tempo!!!
... quanto ao resto... concordo com cada uma das palavras que escreveu...
Um beijinho
Só tenho pena ter estado longe daqui, quando foi o "25 de Abril".
Pelo que me contaram, parece que uma certa jovenzinha, ainda nem sequer adolescente, era uma tal "revolucionária" que já prometia bem!
É verdade ou mentira? Se é mentira, pede responsabilidades à tua Mãe ou Teté.
Um abraço grande
Alda
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