“COMPROMISSO HISTÓRICO”: REQUERE-O A FINANÇA ALEGRE DA MADEIRA
Divertiu-me ouvir o demagogo Alberto João Jardim a propor um compromisso semelhante ao “Compromesso Storico” italiano, a fim de libertar o nosso País da “praga PS”.
Recordando a origem e a personagem que, em 1973, elaborou a ideia, precisamente um “Compromisso Histórico”, de uma séria colaboração democrática entre os três partidos italianos mais populares de então (Democracia Cristã, PCI, Partido Socialista), ao divertimento sobrepôs-se a estupefacção.
Dá-se uma reviravolta à História e eis um reaccionário do teor daquele indivíduo da Madeira a apropriar-se das ideias de um ilustre político que foi dirigente do Partido Comunista Italiano, mas, sobretudo, uma pessoa de grande nível moral que todos respeitavam: Enrico Berlinguer, falecido em 1984.
Se ainda fosse vivo e tomasse conhecimento da existência deste apologista das suas iniciativas políticas, vir-lhe-ia um enfarte, caso lhe desse importância, obviamente.
O inefável Jardim não precisa de sugerir um “compromisso”; este já se concretizou. Somente que, em vez de considerá-lo histórico, eu chamar-lhe-ia um “compromisso sendeiro” de politicastros irresponsáveis.
Podem apresentar todas as justificações e as mais sugestivas, porém, neste momento de grande pressão internacional sobre o estado da finança e economia portuguesas, não se admite o sinal de orçamento incontrolado que a oposição quis enviar, paralelo a arrogâncias inoportunas.
Não se trata de avaliar se 50 milhões são uma cifra irrisória, pois este é um argumento de quem interpreta a actividade política como um “perene comité de eleições”.
Apenas se demonstrou uma escassíssima cultura política e um quase desprezo pelos interesses do País. Mas a politiquice sempre soube impor-se e abafar o bom senso e o equilíbrio.
Não é aceitável que tivessem ignorado o persistente tantã internacional sobre uma presumível semelhança de Portugal e Espanha com a situação de quase bancarrota da Grécia e o que de mau isso significa para o nosso equilíbrio financeiro, para os nossos títulos de Estado.
Se a oposição queria ajustar contas e demonstrar zelos eleitorais, no sequente debate sobre a aprovação do Orçamento não lhe faltaria ocasião para corrigir rotas e sugerir austeridade na despesa pública.
Mas por onde andará o verdadeiro sentido de Estado desta gente?
Divertiu-me ouvir o demagogo Alberto João Jardim a propor um compromisso semelhante ao “Compromesso Storico” italiano, a fim de libertar o nosso País da “praga PS”.
Recordando a origem e a personagem que, em 1973, elaborou a ideia, precisamente um “Compromisso Histórico”, de uma séria colaboração democrática entre os três partidos italianos mais populares de então (Democracia Cristã, PCI, Partido Socialista), ao divertimento sobrepôs-se a estupefacção.
Dá-se uma reviravolta à História e eis um reaccionário do teor daquele indivíduo da Madeira a apropriar-se das ideias de um ilustre político que foi dirigente do Partido Comunista Italiano, mas, sobretudo, uma pessoa de grande nível moral que todos respeitavam: Enrico Berlinguer, falecido em 1984.
Se ainda fosse vivo e tomasse conhecimento da existência deste apologista das suas iniciativas políticas, vir-lhe-ia um enfarte, caso lhe desse importância, obviamente.
O inefável Jardim não precisa de sugerir um “compromisso”; este já se concretizou. Somente que, em vez de considerá-lo histórico, eu chamar-lhe-ia um “compromisso sendeiro” de politicastros irresponsáveis.
Podem apresentar todas as justificações e as mais sugestivas, porém, neste momento de grande pressão internacional sobre o estado da finança e economia portuguesas, não se admite o sinal de orçamento incontrolado que a oposição quis enviar, paralelo a arrogâncias inoportunas.
Não se trata de avaliar se 50 milhões são uma cifra irrisória, pois este é um argumento de quem interpreta a actividade política como um “perene comité de eleições”.
Apenas se demonstrou uma escassíssima cultura política e um quase desprezo pelos interesses do País. Mas a politiquice sempre soube impor-se e abafar o bom senso e o equilíbrio.
Não é aceitável que tivessem ignorado o persistente tantã internacional sobre uma presumível semelhança de Portugal e Espanha com a situação de quase bancarrota da Grécia e o que de mau isso significa para o nosso equilíbrio financeiro, para os nossos títulos de Estado.
Se a oposição queria ajustar contas e demonstrar zelos eleitorais, no sequente debate sobre a aprovação do Orçamento não lhe faltaria ocasião para corrigir rotas e sugerir austeridade na despesa pública.
Mas por onde andará o verdadeiro sentido de Estado desta gente?
Agora, mais do que nunca, implora-se a sua presença.
Ver o Partido Comunista e Bloco de Esquerda, aliados aos partidos conservadores, zelar a finança alegre do homem da Madeira, a cena deve ser enquadrada, primeiro, numa peça de teatro cómico; em segundo lugar, no ar de espanto perante tanta falta de coerência, seriedade e aprumo.
Há um homem que emergiu deste mar de geral mediocridade: o Ministro das Finanças, Teixeira dos Santos.
A entrevista que concedeu à CNN alegrou-me a alma e aplaudi-o sem reticências.
Não achei de bom gosto a diminuição e ironia como o jornal Público noticiou esta entrevista. Certas tendenciosidades, em certos casos, são piores que os miasmas de uma lixeira.
****
Termino com a transcrição de extractos de uma entrevista de Joseph Stiglitz, Nobel de Economia 2001, ao jornal La Stampa de 05/02/2010.
(…) É um paradoxo absurdo para vós, na Europa. É uma ironia da História. Não o vê? Os governos contraíram grandes dívidas para salvar o sistema financeiro; os bancos centrais mantêm as taxas de juro baixas para ajudá-los a reerguer-se e favorecer a retoma. No entanto, a grande finança que faz? Usa as baixas taxas de juro para especular contra os governos endividados. Consegue obter lucros com o desastre que ela mesma criou.
(…) Mas anda há mais. Os governos estabelecem medidas para reduzir a dívida pública. Os mercados decidem que não são suficientes e especulam sobre a rebaixa dos títulos desses Estados. Estes vêem-se constrangidos a novas medidas de austeridade. A gente comum continua a perder; a grande finança ganha cada vez mais. Moral da história: os culpados são premiados; os inocentes punidos.
Pergunta do entrevistador: A dívida existe. Cedo ou tarde, os Estados devem pagar.
Resposta: Mas por que razão devem dar atenção aos mercados? Os mercados não se comportam de maneira racional, pois tivemos ocasião de o verificar no modo como se produziu a crise. Sendo assim, com qual direito solicitam sempre mais sacrifícios a esses países? Ademais, comportam-se de uma maneira excessivamente errática.
Para terminar, temos de concluir que está em curso um ataque especulativo. Não é que poupem quem procede correctamente: se podem eliminar-te, fazem-no.
Que podemos fazer na Europa?
Deveis construir mecanismos de solidariedade entre Estados. A União deve ter mais recursos à disposição. Gastam-se sacos de dinheiro com a política agrícola comum, que é um desperdício, enquanto…
*******
Alda M. Maia
Ver o Partido Comunista e Bloco de Esquerda, aliados aos partidos conservadores, zelar a finança alegre do homem da Madeira, a cena deve ser enquadrada, primeiro, numa peça de teatro cómico; em segundo lugar, no ar de espanto perante tanta falta de coerência, seriedade e aprumo.
Há um homem que emergiu deste mar de geral mediocridade: o Ministro das Finanças, Teixeira dos Santos.
A entrevista que concedeu à CNN alegrou-me a alma e aplaudi-o sem reticências.
Não achei de bom gosto a diminuição e ironia como o jornal Público noticiou esta entrevista. Certas tendenciosidades, em certos casos, são piores que os miasmas de uma lixeira.
****
Termino com a transcrição de extractos de uma entrevista de Joseph Stiglitz, Nobel de Economia 2001, ao jornal La Stampa de 05/02/2010.
(…) É um paradoxo absurdo para vós, na Europa. É uma ironia da História. Não o vê? Os governos contraíram grandes dívidas para salvar o sistema financeiro; os bancos centrais mantêm as taxas de juro baixas para ajudá-los a reerguer-se e favorecer a retoma. No entanto, a grande finança que faz? Usa as baixas taxas de juro para especular contra os governos endividados. Consegue obter lucros com o desastre que ela mesma criou.
(…) Mas anda há mais. Os governos estabelecem medidas para reduzir a dívida pública. Os mercados decidem que não são suficientes e especulam sobre a rebaixa dos títulos desses Estados. Estes vêem-se constrangidos a novas medidas de austeridade. A gente comum continua a perder; a grande finança ganha cada vez mais. Moral da história: os culpados são premiados; os inocentes punidos.
Pergunta do entrevistador: A dívida existe. Cedo ou tarde, os Estados devem pagar.
Resposta: Mas por que razão devem dar atenção aos mercados? Os mercados não se comportam de maneira racional, pois tivemos ocasião de o verificar no modo como se produziu a crise. Sendo assim, com qual direito solicitam sempre mais sacrifícios a esses países? Ademais, comportam-se de uma maneira excessivamente errática.
Para terminar, temos de concluir que está em curso um ataque especulativo. Não é que poupem quem procede correctamente: se podem eliminar-te, fazem-no.
Que podemos fazer na Europa?
Deveis construir mecanismos de solidariedade entre Estados. A União deve ter mais recursos à disposição. Gastam-se sacos de dinheiro com a política agrícola comum, que é um desperdício, enquanto…
*******
Alda M. Maia
3 Comments:
D. Alda,
Lá no meu blog, deixei-lhe um desfio. Desconfio que a D. Alda não goste muito deste tipo de coisas, mas não podia dixar de o fazer!
Um beijinho grande.
Eu vi e já te deixei resposta. O que não quis lá escrever deixei-o para to expressar aqui: muito obrigada por me teres incluido na tua lista
Um abraço
Alda
Ah! Achei graça a um comentário (há dias) da tua sobrinha Geca! Muito oportuno.
D. Alda,
Também já lhe deixei lá resposta...
Eu sabia que a D. Alda não gosta destas coisas, mas não podia deixar de lhe enviar o convite. Eu sei que não é preciso, mas não queria que pensasse que me tinha esquecido...
A Gé é sempre muito oportuna!
Um beijinho muito grande
Enviar um comentário
<< Home