segunda-feira, agosto 07, 2006

PERGUNTAS A UMA PERGUNTA

Continuando a conversar com o computador…

No “Ponto de vista” de Jorge Almeida Santos, no Público de ontem, no parágrafo final do ponto 2 escreve: “Fica por responder uma tremenda pergunta: por que deixou Israel que o Irão, via Hezbollah, acumulasse mais de 15000 mísseis no Líbano e construísse na fronteira uma linha fortificada para atacar Israel, sem que Sharon ou Olmert tenham aberto uma crise internacional?”
Muito pertinente esta pergunta; mas outras, também pertinentes, podem ser formuladas.
E retorno às perplexidades a que ainda não encontrei resposta

Por que deixaram os observadores da ONU que o Hezbollah acumulasse mais de 15000 mísseis e construísse a tal linha fortificada na fronteira com Israel sem lançar o alarme, mas um alarme que ecoasse forte aos ouvidos de quem o deveria ouvir e agir?
Por que não se exigiu, ou não se ajudou o Líbano a dispor, nessa fronteira, tropas libanesas, imediatamente a seguir à retirada de Israel em 2000?

Mais uma vez, pergunto: para que serve manter e armar um exército se, em situações graves, o país fica à mercê de milícias fortemente armadas e treinadas pelo Irão e cujos fins não são, certamente, os interesses libaneses?

Se o Líbano, por questões de equilíbrio interno, coibiu-se de agir como estado soberano e permitiu que o braço armado do Irão diminuísse essa soberania, por que razão o Primeiro-ministro libanês, quando o Hezbollah, arbitrariamente, atacou Israel, não se distanciou, denunciando tal acto como inaceitável para a segurança do Líbano?
Sempre equilíbrios internos? Pusilanimidades? Ou o poder acima de tudo?

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Os “bem-informados” e “bem-pensantes” proclamam, aos quatro ventos, que Israel está a agir por conta da América contra o Irão. Parvoíces.

Nem sempre aprovo certas reacções israelitas, mas de uma coisa estou certa: a pesada solidão em que se encontra. Aliás, sempre se encontrou. Neste momento, então, o apoio declarado dos Estados Unidos talvez seja mais um contra que um pró.

Para acabar, só outra observação. A insistência como se alude às vítimas infantis desta guerra não me parece seja fruto de genuína piedade e horror a que, efectivamente, teriam direito. Dá-me tanto a impressão de sensacionalismo. Se corresponde à verdade, seria repugnante.
A minha perplexidade deriva da tragédia de outras crianças, doutras latitudes, em que esta atenção traduz-se, frequentemente, em notícia normal, se não indiferença; porquê tanta insistência agora? Exploração da tragédia qual propaganda bem orquestrada? Mais repugnante ainda.
Alda M. Maia