RADIOAMADORISMO? HÁ A INTERNET
Não poucas vezes ouvi citar a Internet também como uma espécie de sucedâneo da actividade de radioamador.
Pode ser que qualquer bem-intencionado, pensando-se grande conhecedor desta matéria, queira meter o radioamadorismo na caldeirada Internet. Mas que erro!
Conhecendo uma coisa e a outra, ser radioamador nada tem que ver com o universo Internet, embora esta possa permitir contactos com as mais diversas pessoas e recantos do planeta.
Não há nada comparável à emoção de mandar para o éter as nossas vozes através de um pequeno aparelho (actualmente, cada vez mais pequenos), “transceiver” (transmissor e receptor) e de uma antena que, no passado, não infrequentemente, correspondia a um fio atado a um pinheiro e a uma chaminé; lançar uma chamada geral, confiando numa boa propagação das ondas electromagnéticas, e receber uma resposta de outro radioamador (ou de vários contemporaneamente) dos mais diversos continentes!
Aludo a um “fio atado a um pinheiro e a uma chaminé”, pois foi esta a minha primeira antena: uma Hertz, meia onda para os oitenta metros – não havia dinheiro para melhor. O meu primeiro ordenado de “professora primária” tinha pernas curtas.
Já aqui uma vez me diverti a recordar a minha aflição, quando havia vento forte e este soprava na direcção do pinheiro: “lá se vai a minha rica antena!”
Às vezes, rebentava mesmo, porém, havia sempre um colega generoso do Porto que vinha em meu socorro.
Do Porto, sim, senhor, pois antes de ir para a Itália, era uma radioamadora portuguesa: CT1YG.
Na Itália, depois de um exame de electrotecnia e telegrafia, a meu pedido, concederam-me as mesmas letras YG. O meu marido era I1TU.
Quando escrevo “era” I1TU, na linguagem radioamadorística usa-se a expressão inglesa “silent key”: a chave do aparelho Morse ficou silenciosa; é fácil adivinhar o que isto significa.
Mas já me estou a comover. Viremos página.
Para terminar, recorramos à nota cómica e usemos, à laia de despedida, “o inglês de chapa” utilizado por radioamadores que não conheciam aquela língua e a quem, portanto, bastava o cliché habitual. Eis o que diziam:
Gude nai, gude afartanuna. Tank yu.
Alda M. Maia
Não poucas vezes ouvi citar a Internet também como uma espécie de sucedâneo da actividade de radioamador.
Pode ser que qualquer bem-intencionado, pensando-se grande conhecedor desta matéria, queira meter o radioamadorismo na caldeirada Internet. Mas que erro!
Conhecendo uma coisa e a outra, ser radioamador nada tem que ver com o universo Internet, embora esta possa permitir contactos com as mais diversas pessoas e recantos do planeta.
Não há nada comparável à emoção de mandar para o éter as nossas vozes através de um pequeno aparelho (actualmente, cada vez mais pequenos), “transceiver” (transmissor e receptor) e de uma antena que, no passado, não infrequentemente, correspondia a um fio atado a um pinheiro e a uma chaminé; lançar uma chamada geral, confiando numa boa propagação das ondas electromagnéticas, e receber uma resposta de outro radioamador (ou de vários contemporaneamente) dos mais diversos continentes!
Aludo a um “fio atado a um pinheiro e a uma chaminé”, pois foi esta a minha primeira antena: uma Hertz, meia onda para os oitenta metros – não havia dinheiro para melhor. O meu primeiro ordenado de “professora primária” tinha pernas curtas.
Já aqui uma vez me diverti a recordar a minha aflição, quando havia vento forte e este soprava na direcção do pinheiro: “lá se vai a minha rica antena!”
Às vezes, rebentava mesmo, porém, havia sempre um colega generoso do Porto que vinha em meu socorro.
Do Porto, sim, senhor, pois antes de ir para a Itália, era uma radioamadora portuguesa: CT1YG.
Na Itália, depois de um exame de electrotecnia e telegrafia, a meu pedido, concederam-me as mesmas letras YG. O meu marido era I1TU.
Quando escrevo “era” I1TU, na linguagem radioamadorística usa-se a expressão inglesa “silent key”: a chave do aparelho Morse ficou silenciosa; é fácil adivinhar o que isto significa.
Mas já me estou a comover. Viremos página.
Para terminar, recorramos à nota cómica e usemos, à laia de despedida, “o inglês de chapa” utilizado por radioamadores que não conheciam aquela língua e a quem, portanto, bastava o cliché habitual. Eis o que diziam:
Gude nai, gude afartanuna. Tank yu.
Alda M. Maia
1 Comments:
E... como recordou hoje o Engº Magalhães, CT1TE (Um-Tango-Eco)... o Mundo é pequeno e estivemos lado-a-lado, à mesma mesa, no Porto, a homenagear o grande CT1BH (Bom Homem!).
Até breve
73 de CT1AXG
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