"EU, ESCRITOR PACIFISTA: É UMA GUERRA JUSTA"
(Artigo de Amos Oz, no Corriere della Sera – 18/07/2006)
“Muitas vezes, no passado, o movimento pacifista israelita criticou as operações militares das suas forças armadas. Esta vez, não. Esta vez, a batalha nada tem que ver com a expansão e a colonização israelitas. Não há território libanês ocupado por Israel. Não há reivindicações territoriais de uma parte e da outra.
Quarta-feira, o Hezbollah desencadeou um violento ataque, sem precedentes, dentro do território israelita. Tratou-se também de um ataque à autoridade e à integridade do governo libanês eleito. Além de atacar Israel, o Hezbollah privou o governo libanês da prerrogativa de controlar o próprio território e de tomar decisões em factos de guerra e de paz.
O movimento pacifista israelita desaprova a ocupação e a colonização da Cisjordânia. Condenou a invasão do Líbano por parte de Israel em 1982, visto que aquela invasão destinava-se a desviar a atenção do mundo dos problemas palestinianos.
Desta vez, Israel não está a invadir o Líbano. Defende-se de um ataque e de um bombardeamento quotidiano de dezenas de cidades e aldeias, procurando aniquilar o Hezbollah, onde quer que ele se esconda.
O movimento pacifista israelita deveria suster a tentativa de pura e simples autodefesa da parte de Israel enquanto esta operação, sobretudo, tem como objectivo o Hezbollah e poupa, quanto possível, as vidas dos civis libaneses (missão não sempre fácil, visto que os lança-mísseis do Hezbollah usam, frequentemente, civis libaneses como sacos de areia humanos).
Os mísseis do Hezbollah são fornecidos pelo Irão e pela Síria, ambos inimigos declarados de todas as iniciativas de paz no Médio Oriente.
Não pode existir equivalência moral entre Hezbollah e Israel. O Hezbollah toma de mira os civis israelitas em qualquer parte que estes se encontrem; Israel tem como alvo, sobretudo, o Hezbollah.
As sombras escuras de Irão, Síria e Islão fanático pairam sobre cidades e aldeias em fumo, de uma parte e da outra das fronteiras israelo-libanesas. Estas sombras estão também a sufocar a sociedade civil do Líbano que, com heróica batalha, tinha-se libertado, recentemente, de uma colonização síria de longa duração.
A verdadeira batalha destes dias não se desencadeia, violenta, entre Beirute e Haifa, mas entre uma coligação de nações em busca da paz: Israel, Líbano, Egipto, Jordânia e Arábia Saudita de uma parte; Islão fanático, alimentado pelo Irão e Síria, da outra.
Se, como todos em Israel esperamos – "falcões" e "pombas" juntos – o Hezbollah será derrotado em breve, os vencedores serão Israel e o Líbano.
A somar a esse facto, a derrota de uma organização do terror islamista militante pode aumentar a esperança de paz na região.”
Amos Oz
(Artigo de Amos Oz, no Corriere della Sera – 18/07/2006)
“Muitas vezes, no passado, o movimento pacifista israelita criticou as operações militares das suas forças armadas. Esta vez, não. Esta vez, a batalha nada tem que ver com a expansão e a colonização israelitas. Não há território libanês ocupado por Israel. Não há reivindicações territoriais de uma parte e da outra.
Quarta-feira, o Hezbollah desencadeou um violento ataque, sem precedentes, dentro do território israelita. Tratou-se também de um ataque à autoridade e à integridade do governo libanês eleito. Além de atacar Israel, o Hezbollah privou o governo libanês da prerrogativa de controlar o próprio território e de tomar decisões em factos de guerra e de paz.
O movimento pacifista israelita desaprova a ocupação e a colonização da Cisjordânia. Condenou a invasão do Líbano por parte de Israel em 1982, visto que aquela invasão destinava-se a desviar a atenção do mundo dos problemas palestinianos.
Desta vez, Israel não está a invadir o Líbano. Defende-se de um ataque e de um bombardeamento quotidiano de dezenas de cidades e aldeias, procurando aniquilar o Hezbollah, onde quer que ele se esconda.
O movimento pacifista israelita deveria suster a tentativa de pura e simples autodefesa da parte de Israel enquanto esta operação, sobretudo, tem como objectivo o Hezbollah e poupa, quanto possível, as vidas dos civis libaneses (missão não sempre fácil, visto que os lança-mísseis do Hezbollah usam, frequentemente, civis libaneses como sacos de areia humanos).
Os mísseis do Hezbollah são fornecidos pelo Irão e pela Síria, ambos inimigos declarados de todas as iniciativas de paz no Médio Oriente.
Não pode existir equivalência moral entre Hezbollah e Israel. O Hezbollah toma de mira os civis israelitas em qualquer parte que estes se encontrem; Israel tem como alvo, sobretudo, o Hezbollah.
As sombras escuras de Irão, Síria e Islão fanático pairam sobre cidades e aldeias em fumo, de uma parte e da outra das fronteiras israelo-libanesas. Estas sombras estão também a sufocar a sociedade civil do Líbano que, com heróica batalha, tinha-se libertado, recentemente, de uma colonização síria de longa duração.
A verdadeira batalha destes dias não se desencadeia, violenta, entre Beirute e Haifa, mas entre uma coligação de nações em busca da paz: Israel, Líbano, Egipto, Jordânia e Arábia Saudita de uma parte; Islão fanático, alimentado pelo Irão e Síria, da outra.
Se, como todos em Israel esperamos – "falcões" e "pombas" juntos – o Hezbollah será derrotado em breve, os vencedores serão Israel e o Líbano.
A somar a esse facto, a derrota de uma organização do terror islamista militante pode aumentar a esperança de paz na região.”
Amos Oz
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