segunda-feira, fevereiro 13, 2017

O TEMA QUE SEMPRE DEVERIA CAPTAR
A ATENÇÃO DE TODOS OS PORTUGUESES

Mas o tema a que me refiro navega, e sempre navegou, em pleno mar de indiferença da população portuguesa - obviamente, com as devidas e não poucas excepções - e ainda bem.
No que me concerne, e este blogue é disso testemunha, este é um assunto de grande envolvimento, pois abrange um património nacional que respeito, estudei, estudo e jamais se afastaria do meu interesse e perseverança em cultivá-lo. 
Estou a referir-me ao nosso idioma, a nobre língua portuguesa que foi usada como mercadoria de acordos por aqueles a que chamaram, muito acertadamente, “comerciantes de palavras”, com a ratificação da Assembleia da República.

“O presidente da Academia de Ciências de Lisboa, Artur Anselmo, vai hoje (dia 07 / 02 / 2017) à Comissão Parlamentar de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto defender que o Acordo ortográfico de 1990 (AO90) deve ser revisto e melhorado e que é possível fazê-lo sem rasgar o tratado internacional que o sustenta…” – jornal Público – Luís Miguel Queirós.

Este tratado internacional abrange a Comunidade dos países de língua portuguesa (CPLP), mas Angola ainda não o ratificou. Que finalidade pretende atingir? Não me falem da unificação linguística, porque esse argumento é capcioso, portanto, digno de desprezo.
 Existem as inevitáveis diferenças linguísticas regionais e nacionais; o português do Brasil é o exemplo cabal deste fenómeno.

Rever e melhorar, mas que partes das anomalias que impuseram, quando se trata, precisamente, de anomalias que abastardaram a origem e evolução desta língua românica que é o português?
Onde esteve, por exemplo, o cuidado com os fenómenos fonéticos do português de Portugal? Cortando as consoantes diacríticas, desprezaram esses fenómenos que caracterizam a nossa pronúncia. É esta uma das facetas que deve ser revista? Resposta: não deve ser revista, mas eliminada. E comecem por aí.

Certamente que a Academia de Ciências de Lisboa não tem a mínima responsabilidade sobre um acordo tão estúpido quanto inexplicável. Como entidade que deveria ter sido ouvida em primeiro lugar, a Academia das Ciências nem sequer foi consultada. Por aqui vemos a arrogância e ignorância da certa classe política que deu plena aprovação a uma iniciativa que nos descaractirizava e diminuía.
E essa arrogância permanece e manifesta-se, embora com amplas excepções.

Exprimo o que muito desejaria fosse possível efectuar-se: o cancelamento do Acordo e deixar a ortografia oficial como era antes deste devaneio linguístico. Na Assembleia da República, se existem os semi-ignorantes da língua materna, que estudem bem a sua origem e evolução. No futuro, seriam poupados ao País e ao seu património ofensas deste género.