segunda-feira, janeiro 23, 2017

TERESA MAY, DONALD TRUMP:
OS DOIS PARCEIROS NA DEMAGOGIA

Se não fosse a expressão ridícula de Trump, assemelhar-se-iam... na petulância

Quase me fugia a mão para escrever: “Os dois parceiros da estupidez”. Não é o caso, porque não são estúpidos. São aquilo a que se poderia chamar: dois finórios navegando na política. E aqui reside o desagrado e desconfiança nestes dirigentes de dois países ocidentais de relevância mundial.

Teresa May, primeiro-ministro do Reino Unido e aplaudente do Brexit, assegura que o seu país terá “um futuro global fora da EU”. Paralelamente, ameaça que a saída britânica da União Europeia deve efectuar-se dentro de normas favoráveis à Grã-Bretanha ou seja: manter as vantagens de mercado livre, assim como do sector financeiro dentro da União, mas ficando fora das regras europeias e do Tribunal de Justiçada da UE.
E se assim não for, Teresa May ameaçou: “Sem o acordo de Bruxelas tornar-nos-emos num paraíso fiscal”.

Que um primeiro-ministro responsável e competente ameace, com tanta desenvoltura, a criação de um paraíso fiscal nno seu país se os factos não coincidirem com as suas pretensões, a Grã-Bretanha deveria ter vergonha dos dirigentes que elege. Excessiva arrogância, inteligência limitada. Para esta Senhora, por exemplo, a evasão fiscal seria fenómeno de secundária importância.
Há países do Reino Unido, como Escócia e Irlanda do Norte, que não concordam com o Brexit, mas Londres ignora-os. E cito Enrico Franceschini:
“E a Brexit, além de pôr a Grã-Bretanha fora da União Europeia, poderia tornar a Grã-Bretanha muito menos grande”   

Tenho a impressão que a nossa Europa debate-se com um problema grave: a escassez de políticos hábeis e competentes. A mediocridade reina; os carreiristas abundam; os bons políticos são marginalizados.
Quando votamos, raramente nos detemos a procurar informações concretas sobre os candidatos, sobretudo no que concerne seriedade e competência políticas; aptidão para os cargos que pretendem ocupar. Somos levados mais pela simpatia do que por uma análise objectiva?

E com esta interrogação chegamos ao actual Presidente dos Estados Unidos, o Sr. Donald Trump.
Continuo, sempre, a perguntar: como é possível votar, para um cargo de tal importância, um indivíduo com as características de Mr. Trump!
Por muitas imagens e reportagens que siga sobre este Senhor Presidente, a minha antipatia não diminui. Seja a cara do homem, sejam os seus modos, as suas palavras, as suas atitudes de neopresidente, nada serve para atenuá-la.
Ademais, detesto pessoas, sobretudo as que pretendem assumir responsabilidades, que hoje dizem uma coisa e amanhã o contrário; que hoje acusam e amanhã desmentem. Gente sem carácter. Mas que esperar de um rústico daquele género?

É possível que a consideração que me merecia Obama dificulte o apreço pelo sucessor. Mas não creio. O homem apresenta-se-me como um grosseiro ignorante e presunçoso nos seus milhões de dólares

Li várias análises do discurso da tomada de posse. “Discurso populista e xenófobo”, um dos muitos títulos de imprensa. Ouvi-o em directa com uma esplêndida tradução simultânea. Recordei alguns alunos que tive, os quais já escreviam com fluência, mas as ideias, porém, ainda eram limitadas, embora abordassem os temas que eu explicara. O discurso de Mr. Trump fez-me evocar muitas dessas redacções.

“América first”. Óbvio. Nem outra coisa se espera de um presidente dos Estados Unidos. Deveria, porém, ter tido mais cuidado com a escolha da gravata, vermelha e longa, qual estandarte ao vento e, vejam só o caso: made in China.
Que bela gargalhada do povo chinês!