ALARME LÍNGUA
ITALIANA:
ESTUDANTES
UNIVERSITÁRIOS
Traduzo a notícia
lida no jornal La Repubblica – 04 / 02 / 2017 - sobre a carta que 600 docentes
universitários enviaram para o Governo italiano, denunciando a “carência
linguística dos estudantes”.
Mas sucederá apenas
na Itália? Dou um exemplo: escutando o que exprime a nossa classe política que,
na sua grande maioria, tem um curso superior, frequentemente somos auditores de
algumas calinadas. Quando se trata, então, da aplicação, devida, do presente do
conjuntivo, este tempo verbal é sacrificado sem a mínima consideração – “Torna-se
urgente que consideramos… “
Mas viremo-nos para a
Itália e vejamos o que diz Gerardo Adinolfi sobre este documento invulgar.
“Muitos estudantes escrevem mal em italiano; servem intervenções
urgentes”. É o conteúdo da carta que mais de 600 docentes universitários,
académicos da Crusca*, históricos, filósofos, sociólogos e economistas enviaram
ao Governo e ao Parlamento para solicitar «intervenções urgentes», a fim de
remediar as carências dos seus estudantes.
“Tornou-se
bem claro que, de há muitos anos, no fim do percurso escolar, muitos jovens
escrevem mal em italiano, lêem pouco e têm dificuldade a exprimir-se oralmente”
– lê-se no documento que partiu do grupo de Florença para a escola do mérito e
da responsabilidade. Foi assinado, entre outros, por Ilvo Diamante, Mássimo
Cacciari, Carlo Fusano e Paola Mastrocola.
“De
há tempos – continua a carta – que os docentes universitários denunciam a
carência linguística dos seus estudantes (gramática, sintaxe, léxico), com
erros apenas toleráveis no terceiro ano elementar.
Na
tentativa de encontrar um remédio, chegaram mesmo a activar cursos de
recuperação da língua italiana”.
Segundo
os docentes, o sistema escolar não reage em modo apropriado, “visto que o tema
da correcção ortográfica e gramatical foi, por longo tempo, desvalorizado sobre
o plano didáctico”.
Existem
algumas iniciativas importantes dirigidas à actualização dos professores, mas –
faz-se notar – não se vê uma vontade política adequada à gravidade do problema.
Pelo
contrário, temos necessidade de uma escola verdadeiramente exigente no controlo
das aprendizagens, além de mais eficaz na didáctica, pois de outra maneira nem
o empenho dos professores nem a aquisição de novas metodologias seriam
suficientes”.
Na
carta indica-se, portanto, uma série de pormenorizadas linhas de intervenção
para chegar, “no fim do primeiro ciclo de estudos, a um suficiente domínio dos
instrumentos linguísticos de base, por parte de uma grande maioria dos
estudantes”. (…)
Nos
comentários dos docentes a esta carta, lê-se: Cerca de três quartos dos
estudantes do curso superior trienal são, de facto, semianalfabetos. É uma
tragédia nacional não perceptível pela opinião pública, pela imprensa e,
naturalmente, pela classe política …
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*”Academia da Crusca (Accademia della Crusca) é uma instituição italiana que
reúne estudiosos e especialistas de linguística e filologia da língua italiana.
Representa uma das mais prestigiadas
instituições linguísticas de Itália e do mundo”.
Se a nossa Academia das Ciências de
Lisboa se equiparasse a esta instituição linguística italiana, jamais teríamos
a indecência do famigerado Acordo Ortográfico 1990.
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