segunda-feira, novembro 28, 2016

REVISÃO CONSTITUCIONAL NA ITÁLIA.
REFERENDO: VOTAR SIM OU NÃO?

Primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi - (foto de La Repubblica)

Efectuar-se-á no próximo domingo, dia quatro de Dezembro. A decisão de voto não é banal nem fácil. A matéria em causa obriga-nos a procurar todas as informações úteis, claras e equidistantes.
Não me cansei de ler, com a máxima atenção, tudo o que vi publicado até à minha decisão final. Segui os programas que discutiram e esclareceram o assunto. Penso ter compreendido o que se irá alterar na Constituição Italiana. Não obstante, quando chegou o momento de traçar uma cruz no sim ou não, as perplexidades levantaram-se com grande ruído.

Decidi ponderar as inquietudes políticas da era actual; avaliar,  distanciando-me tanto quanto possível, as razões dos propositores da reforma constitucional e, paralelamente, os argumentos de quem a não aceita e decide votar não.

O Primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, personalizou excessiva e inoportunamente o resultado do referendo que propôs. Logo de início, declarou que se vencesse o NÃO, demitir-se-ia. Renzi deveria falar menos e, sobretudo, ponderar bem as suas palavras.  Aqui não tem cabimento rottamare (levar para a sucata) ninguém. Deixe de pensar neste vocábulo, muito utilizado na sua primeira fase política.
Mas parece que reconsiderou. Já não é tão categórico em abandonar o Governo. Aguardemos.

Uma revisão constitucional é um acto político com o qual se pode concordar ou opor-se, mas com análises objectivas e válidas. Não vejo nenhum motivo por que o governo se deva demitir. E tanto assim que existem forças políticas italianas que, numa interpretação política correcta, não merecem credibilidade.
 Observa-se a barafunda do “MoVimento 5 estrelas” com Beppe Grillo a interpretar um papel político de gritaria e insultos. Como actor cómico sempre o apreciei. Era, efectivamente, cómico. Mas que se fique por aí.
 Matteo Salvini, secretário federal da Liga Norte, um activista que soube redireccionar-se para um percurso mais oportuno: da extrema-esquerda virou para a direita extrema. E eis o populista, na sua perfeita representatividade.

Muito se tem falado deste referendo. Atribuem-lhe malefícios, similares aos que se temem nas próximas eleições da França e Alemanha e ao Brexit. Simultaneamente, caso vença o “Não”, teme-se pela economia italiana e pela vulnerabilidade do euro. E sobre este tema, é curioso o valor atribuído às opiniões e títulos dos jornais de referência internacionais.
 Neste caso, brilham “por catastrofismo” The Economist e Financial Times.
Num primeiro tempo, o Economist explicava A razão pela qual os italianos deveriam votar “Não” no seu referendo. Em seguida, já noutra edição, aconselhava-se o “Sim”.
Quanto ao Financial Times, eis a sentença: “A Itália fora do euro, se ganha o Não”. Mas prossegue: “Com a vitória do “Não” o sistema bancário será afectado; oito bancos – indicando-os - correm risco de falência”.  
  
Que sejam os italianos, e somente os italianos, a decidir o que melhor convém ao próprio País.

Conclusão: considerando e reconsiderando, marquei, no meu voto, o sinal confirmatório das razões que mais se impuseram, e enviei para a Embaixada de Itália. Se foi uma decisão justa, o futuro o dirá.