segunda-feira, novembro 21, 2016

O QUE SE PRETENDE DOS TELEJORNAIS


O que se pretende ou o que se procura são notícias e apenas notícias. Obviamente, notícias claras e objectivas e, se o caso não o exige, abstenção de pormenores que serão apenas geradores de espectáculo. Ora as notícias não são espectáculo.

Geralmente procuro-as na RTP. E frequentemente, a minha paciência não vai além de quinze minutos.
Antes de mais, um bom telejornal não deveria ultrapassar um máximo de 40 minutos - trinta seria o ideal. Mas não é um critério que os nossos telejornais pratiquem ou tentem pôr em prática. As razões são várias.

Um acontecimento fora do normal, por exemplo, não assume a dimensão de notícia com as achegas que se crê sejam necessárias. Quase sempre, porém, reveste a forma de reportagem onde predominam as entrevistas aos infalíveis “populares” e pormenores repetidos ao infinito. E assim passa o tempo! E a fórmula comparece, quase sem alterações, nos dias seguintes.

Iniciam-se os noticiários com assuntos de ordem política. Se um dos personagens dessa área é apresentado emitindo juízos pesadamente agressivos, não há contraditório. O noticiário apenas deu a conhecer que determinada facção política foi apontada como a coisa pior que existe no país, não lhe sendo concedido tempo para objectar algo. Acho que deveriam dar mais atenção a questões deste género, visto o imediato das transmissões. Num telejornal sério não são admitidas predilecções ou facciosidades, mas uma equilibrada igualdade.

Mas o mais interessante nos meios de comunicação portugueses, já assinalado no estrangeiro, é o fetiche futebol.
Confesso que me irrita sobremaneira estar com atenção a ouvir as notícias e, passados cinco ou dez minutos, eis que se apresenta sua Majestade o Futebol, isto é, informações mais altas se alevantam! Ao povo português interessam as façanhas do Benfica e Sporting – em menor importância o F. C. do Porto – e os demais heróis do resto da Terra Lusa.
Os minutos passam, quaisquer outras notícias em fila, à espera; a minha paciência, como atrás disse, esgota-se. Procuro outros canais.

Sempre me pergunto: por qual razão não programam o noticiário de forma que a parte final seja inteiramente dedicada a notícias desportivas? Excepção haja para as importantes ocorrências desportivas internacionais e de total interesse para o país, sobretudo quando este obtém boas classificações, obviamente.

Esclareço que não quero generalizar. Todavia, a tendência dos nossos telejornais pende para o que acabo de escrever.