O QUE SE PRETENDE DOS
TELEJORNAIS
O que se pretende ou
o que se procura são notícias e apenas notícias. Obviamente, notícias claras e
objectivas e, se o caso não o exige, abstenção de pormenores que serão apenas
geradores de espectáculo. Ora as notícias não são espectáculo.
Geralmente procuro-as
na RTP. E frequentemente, a minha paciência não vai além de quinze minutos.
Antes de mais, um bom
telejornal não deveria ultrapassar um máximo de 40 minutos - trinta seria o
ideal. Mas não é um critério que os nossos telejornais pratiquem ou tentem pôr
em prática. As razões são várias.
Um acontecimento fora
do normal, por exemplo, não assume a dimensão de notícia com as achegas que se
crê sejam necessárias. Quase sempre, porém, reveste a forma de reportagem onde
predominam as entrevistas aos infalíveis “populares” e pormenores repetidos ao
infinito. E assim passa o tempo! E a fórmula comparece, quase sem alterações, nos
dias seguintes.
Iniciam-se os
noticiários com assuntos de ordem política. Se um dos personagens dessa área é
apresentado emitindo juízos pesadamente agressivos, não há contraditório. O
noticiário apenas deu a conhecer que determinada facção política foi apontada
como a coisa pior que existe no país, não lhe sendo concedido tempo para objectar
algo. Acho que deveriam dar mais atenção a questões deste género, visto o
imediato das transmissões. Num telejornal sério não são admitidas predilecções
ou facciosidades, mas uma equilibrada igualdade.
Mas o mais
interessante nos meios de comunicação portugueses, já assinalado no
estrangeiro, é o fetiche futebol.
Confesso que me
irrita sobremaneira estar com atenção a ouvir as notícias e, passados cinco ou
dez minutos, eis que se apresenta sua Majestade o Futebol, isto é, informações
mais altas se alevantam! Ao povo português interessam as façanhas do Benfica e
Sporting – em menor importância o F. C. do Porto – e os demais heróis do resto
da Terra Lusa.
Os minutos passam,
quaisquer outras notícias em fila, à espera; a minha paciência, como atrás
disse, esgota-se. Procuro outros canais.
Sempre me
pergunto: por qual razão não programam o noticiário de forma que a parte final seja
inteiramente dedicada a notícias desportivas? Excepção haja para as importantes
ocorrências desportivas internacionais e de total interesse para o país, sobretudo
quando este obtém boas classificações, obviamente.
Esclareço que não
quero generalizar. Todavia, a tendência dos nossos telejornais pende para o que
acabo de escrever.
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