RECONHECENDO A PALESTINA,
LIBERTA-SE ISRAEL?
Penso que seja um conceito muito acertado. Sintetiza a
solução de um problema que se arrasta por décadas e o qual é caracterizado pelo
irrealismo e pretextos das partes opostas.
Do lado de Israel porque o permanente status quo convém àquela parte do país
mais conservadora e fundamentalista que continua, ilogicamente, a sonhar com o
“grande Israel”. Logo, é-lhe indiferente o sofrimento da população
palestiniana, o que é incompreensível num povo, como o israelita, que tanto
sofreu através dos séculos.
Do lado palestiniano, sobretudo no ponto de vista dos
extremistas e não só, o inaceitável princípio, sempre vivo, da destruição de
Israel.
Duas concepções que se chocam e que opõem os piores obstáculos
a um equilíbrio de razões que poderiam estabelecer excelentes bases de
entendimento entre Israel e o mundo árabe. Deve reconhecer-se, todavia, que Israel,
com as suas intransigências e colonatos, contribuiu para elevar o grau de inconciliabilidade.
Torna-se inquestionável que a paz no Médio Oriente
assenta no reconhecimento da Palestina e no repúdio total da destruição do
Estado hebraico. È perfeitamente racional conciliar estes dois princípios: “um
Estado palestiniano que viva em paz, prosperidade e segurança e Israel que
usufrua das mesmas condições e ao abrigo de actos terroristas”.
Achei muito interessante a iniciativa de um grupo de
intelectuais italianos, entre os quais alguns de religião hebraica, que solicita
às instituições italianas de seguir «o vento diplomático novo que impele ao
reconhecimento da Palestina na Europa».
Vejamos o texto deste apelo:
“Reconheçamos
a Palestina, libertemos Israel”
“SEIS países
europeus (Suíça, França, Inglaterra, Espanha, Irlanda, Roménia) reconheceram o
Estado da Palestina em 2014 e assim fez o Parlamento Europeu. Nós, cidadãs e
cidadãos italianos, reconhecemos nesta vaga diplomática uma novidade importantíssima,
isto é, decisiva para desbloquear a estagnação de decénios que envenena as
relações entre o povo árabe e o povo israelita, fazendo daquela área um dos
lugares mais ensanguentados e violentos do planeta.
É claro que as
perspectivas para a segurança de Israel dependem da existência do Estado da
Palestina e autodeterminação do seu povo. E é claro que a diplomacia representa
a única alternativa à sequência de ataques recíprocos que, ciclicamente,
comprometem a possibilidade de uma solução e corrompem as fibras das duas
sociedades.
A estratégia
adoptada até agora gerou êxitos pouco satisfatórios para a segurança e
estabilidade da área. Vice-versa, o reconhecimento do Estado da Palestina pode
produzir um novo pressuposto negocial e acelerar o processo de paz.
É nossa convicção
que a Europa deva tornar-se protagonista de um percurso diplomático, a fim de
pôr termo a este conflito, como é no seu próprio interesse.
Pelo seu lado, a
Itália não pode assumir a responsabilidade de interromper o vento diplomático novo
que impele ao reconhecimento da Palestina na Europa. Politicamente, seria
injustificável. A Itália disse sim à adesão da Palestina como Estado não-membro
das Nações Unidas, em Novembro de 2012, na Assembleia Geral da ONU.
O reconhecimento é
solicitado por mais de mil cidadãs e cidadãos de Israel: intelectuais,
escritores, académicos que também são conhecidos na Itália.
«É terrível ser odiados por tão longo tempo. É
extenuante ocupar e ser ocupados por tão longo tempo. Esta libertação também
diz respeito a nós, israelitas»: assim se exprime o escritor David Grossman.
Reconhecer o Estado
da Palestina é o primeiro e fundamental passo na direcção da paz. Pedimos ao
Parlamento italiano de levar a efeito este passo sem hesitações”.
– O sublinhado é meu
Sobre o reconhecimento da Palestina como Estado, a
Câmara dos Deputados italiana, no passado dia 27 de Fevereiro, “decidiu de não
decidir”, segundo o jornal La Stampa.
A Câmara aprovou duas moções. A primeira moção aprova o
reconhecimento: obteve 300 votos favoráveis, 40 contrários e 59 abstenções.
A segunda moção foi aprovada com 237 sim, 84 não, 64
abstenções, mas o reconhecimento tem como condição “o recomeço do diálogo entre
israelitas e palestinianos e o fim da violência”.
Apesar de “decidir de não decidir”, creio que será
encontrada uma justa decisão.
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