segunda-feira, agosto 20, 2012

HISTÓRIAS DE ANIMAIS

E como estamos no mês de gosto, mês de férias por excelência, deixemos os assuntos que reputamos sérios, não cansemos o cérebro a revolvê-los e demos atenção, por exemplo, a histórias lindas sobre animais. Se bem que…

O abandono de animais atinge o ápice neste período. Parte-se em vilegiatura e os animais, que até à data eram seres de “estimação”, transmutam-se em estorvo. Fazem-no entrar no automóvel que conduz os proprietários para um período de férias, percorre-se uma distância que seja bem afastada de casa, abra-se a porta de viatura e expulsa-se o pobre animal.

Tive ocasião de presenciar uma crueldade deste género. Não tivemos tempo de o recolher e salvá-lo.
Ao ser expulso, desorientou-se, correu desesperadamente atrás dos malvados que o tinham renegado, surgiu um outro automóvel e atropelou-o mortalmente. Fiquei agoniada! Se até então detestava esse tipo de gente, desde esse episódio fiquei a odiá-la.

Mas viremos página e falemos então dessas histórias lindas e curiosas.
No Jornal italiano La Stampa, jornal de referência publicado em Turim, há uma rubrica dedicada a toda a espécie de animais. Intitula-se “La Zampa” (A Pata). Publica informações, notícias, histórias e casos muito interessantes.

Vou contar os dois últimos que li. Um comoveu-me: a história da cadelinha Laica. O outro divertiu-me: o caso do gato Oreste (sem s final).

A Laica tem cinco anos e é uma mestiça de cão pastor. De há anos, tem uma pata ferida, consequências do coice de um jumento.
No dia 9 deste mês, quinta-feira, Laica acompanhou a patroa no seu passeio diário, a Sra. Alessandra Doglietto, a qual passava férias numa localidade alpina. Caminhava à frente, mas, repentinamente, desapareceu.

Ao longo da vereda que percorriam, abre-se uma garganta profunda 15 metros, muito estreita e da qual não se vê o fundo. Após muitas buscas, a senhora pensou que a cadelinha tivesse caído dentro daquele precipício. Pediu informações. Explicaram-lhe que não era possível, mas se efectivamente isso tivesse acontecido, já nada poderia salvar o infeliz animal.
Não aceitou o inevitável e, todos os dias, subia a vereda e, nas margens do despenhadeiro, chamava instantemente pela Laica, mas sem nunca obter resposta.

Persistiu e, na segunda-feira sucessiva, à tarde, acompanhada por um pastor que sabia como conviver com os animais, este aconselhou-a a chamar a Laica com doçura, como se quisesse dar-lhe qualquer alimento: “Com certeza o seu cão pensa ter errado e teme ser repreendido”.
O conselho foi precioso. A Laica respondeu com um latido.

Tinham passado cinco dias e cinco noites! Do musgo das rochas corria um fio de água e talvez este facto lhe tivesse salvado a vida
Intervieram os voluntários do socorro alpino da localidade, Ceresole Reale, e extraíram-na do precipício. A comoção foi geral, quando viram a Laica, sã e salva, a surgir das profundezas. Não era para menos. Imaginemos então a alegria da Sra. Alessandra Doglietto! E bem a merecia.

*****

Contemos agora o que aconteceu ao gato Oreste. Na cidade de Treviso, este gatinho foi atropelado por um automóvel e ficou gravemente ferido. Durante oito meses permaneceu internado e tratado pelo veterinário. Findo o internamento, foi enviada uma factura de 4.000€ à proprietária. A senhora não pôde pagar.

Passadas algumas semanas, o veterinário entregou Oreste a uma jovem que, comovida com o que se passava, saldou a conta e levou o gatinho para casa.
Mas o diabo meteu aqui a cauda: esta jovem era vizinha da legítima dona do gato, porém, não se conheciam.
Oreste, reconhecendo a antiga patroa, e vice-versa, procurava as suas carícias. Balbúrdia no condomínio entre a nova e a verdadeira proprietária do gato, feliz de o reencontrar.  
Alarmados pelos berros das duas senhoras, embora compreendendo a situação, os vizinhos chamaram a polícia.

Depois de acalmar os ânimos, os agentes conseguiram um compromisso entre as duas rivais: o gatinho viveria com a jovem, mas com a obrigação de permitir os afagos da primeira proprietária. Mais salomónico do que isto!...