DEZ PERGUNTAS QUE VALEM UM MILHÃO
Eis as novas dez perguntas a Berlusconi que o jornal La Repubblica publica diariamente e às quais o interpelado nunca respondeu.
Moveu uma acção ao jornal, com a data de 24 de Agosto, pedindo uma indemnização de um milhão de euros.
Eis as novas dez perguntas a Berlusconi que o jornal La Repubblica publica diariamente e às quais o interpelado nunca respondeu.
Moveu uma acção ao jornal, com a data de 24 de Agosto, pedindo uma indemnização de um milhão de euros.
1 – Quando teve ocasião de conhecer Noemi Letizia? Quando teve oportunidade de a encontrar e onde? Frequentou ou tem frequentado outras menores?
2 – Qual é a razão que o constrangeu a não dizer a verdade, durante dois meses, fornecendo quatro versões diversas sobre o conhecimento de Noemi Letizia?
3 – Não acha grave que o Senhor tenha recompensado com candidaturas e promessas de responsabilidades as raparigas que lhe chamam “Papi”?
4 – O Senhor teve relações com uma prostituta, na noite de 4 Novembro 2008 e são dezenas de “mulheres fáceis”, segundo as investigações, que foram conduzidas para a sua residência. Sabia que se tratava de prostitutas?
5 – Sucedeu que “voos de Estado”, sem a sua presença a bordo, transportassem as hóspedes das suas festarolas?
6 – Pode sentir-se certo de que as suas frequentações não tenham comprometido as questões de Estado? Pode assegurar o País que nenhuma mulher, sua hóspede, possui hoje armas de chantagem?
7 – Os seus comportamentos estão em contradição com as suas políticas: O Senhor, hoje, poderia ainda participar no “Family Day” ou assinar uma lei que pune o cliente de uma prostituta?
8 – O Senhor pensa ainda candidatar-se à presidência da República? Se o exclui, crê de poder dar cumprimento à sua função de presidente do Conselho de Ministros?
9 – O senhor falou de um “projecto eversivo” que o ameaça. Pode garantir de não ter usado nem pretender usar os serviços secretos e polícias contra testemunhas, magistrados, jornalistas?
10 – À luz de quanto aconteceu nestes dois meses, quais são, Senhor Presidente, as suas condições de saúde?
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“INSABBIARE” (Abafar) – título do editorial de Ezio Mauro, director do jornal La Repubblica, em 28/08/2009
Não podendo responder, a não ser com a mentira, Sílvio Berlusconi decidiu levar a tribunal as dez perguntas de La Repubblica, pedindo aos juízes que lhes ponham fim, de maneira que não seja possível continuar a pedir-lhe contas dos eventos que nunca soube esclarecer: abafando assim – pelo menos na Itália – a vergonha de comportamentos privados que são o centro de um escândalo internacional e o perseguem politicamente.
É a primeira vez, na memória de um País livre, que um homem político apresenta uma queixa judicial contra as perguntas que lhe são dirigidas. E é a medida das dificuldades e dos medos que povoam o verão do homem mais potente de Itália.
A questão é simples: visto que é incapaz de dizer a verdade sobre a “quinquilharia política” que criou com as próprias mãos e que de há meses o rodeia, o primeiro-ministro pede à magistratura de bloquear o acerto da verdade, impedindo a livre actividade jornalística de inquérito e que deu motivo àquelas perguntas sem resposta.
Desta vez existe a intolerância por cada controlo, por qualquer crítica, por um qualquer espaço jornalístico de investigação que fuja ao domínio proprietário ou à intimidação de um poder que se concebe como absoluto e inatacável.
Berlusconi, no seu acto judiciário contra La Repubblica, quer, efectivamente, atingir e impedir mesmo a citação, em Itália, dos inquéritos dos jornais estrangeiros, a fim de que o País fique às escuras e sob controlo.
Vê-se quanto seja débil um poder que tem medo das perguntas e pensa que basta manter na ignorância os concidadãos para ficar a salvo.
Tudo isto – o pedido aos empresários de não fazer publicidade no nosso jornal, a acusação de eversão, o ataque aos «delinquentes» (assim classificou os jornalistas de Repubblica), a acção às perguntas – provém da parte de um primeiro-ministro que também é editor e que usa todos os meios contra a liberdade de imprensa, no silêncio geral. Ainda fala de calúnias? A este ponto, deveria ser a Itália a sentir-se ultrajada pelos comportamentos deste homem.
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Alda M. Maia
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